Termina hoje a novela BOM
SUCESSO (Globo, 19 horas), com a
morte esperada de seu protagonista, o editor de livros, Dr. Alberto Prado Monteiro.O empresário teve os seus exames de laboratório trocados com a da jovem Paloma,
no primeiro capítulo. O velho dono da editora, apaixonado pela
literatura e pelos grandes clássicos é que, em verdade, está condenado à morte por
força de patologia grave, progressiva e letal, resultado essa comunicado à moça. Passa então Paloma a
viver o drama de como irá enfrentar a doença e a morte iminente, com três
filhos adolescentes para criar. Comunicada, porém, a troca dos exames, a jovem,
aliviada, decide conhecer o outro paciente que realmente é o portador da
moléstia para saber como ele se sente e como pretende enfrentar essa difícil
situação. A aproximação cria entre os
personagens, de classes e cultura diferentes, uma empatia que vai então trazer
a vida e os dramas de cada um e das respectivas famílias para uma zona de interface e envolvimento
recíprocos. A escolha do experiente Antonio Fagundes e da atriz Grazzi
Mazzafera para os papéis de Alberto e Paloma funcionou bem, na prática. O público e a crítica jogaram juntos com a dupla e deram sinal verde para o incremento na exploração da mensagem que o roteiro pretendia: disseminar grandes textos de clássicos da
literatura, tratar sobre a importância e a necessidade da educação e da cultura e de como se pode se pode viver a
vida de maneira simples e lúdica, com respeito a todas as diferenças, valorizando cada momento e o convívio com as pessoas que se ama. “A
novela fala sobre a importância de viver com a consciência de que nossos dias
são finitos e únicos. É sobre saber valorizar, de forma intensa, as pequenas
coisas do cotidiano” explica um dos autores, Paulo Halm. O expediente de encenações
de excertos de obras e personagens memoráveis, enquanto Fagundes
declamava o texto alusivo ao tempo, lugar e modo em
que os fatos relatados ocorriam, deu uma maior colorido a essas obras
e autores, especialmente para uma geração que prefere a imagem à
linguagem, e que muitas vezes tem
dificuldade em vislumbrar, de forma imaginativa e abstrata, todo o clima, o
sabor, o cheiro, as cores e os lugares por onde os grandes escritores nos conduzem para viagens que seus textos nos remetem. A
identificação com esses personagens centrais, mas não únicos, garantiu o bom andamento e o interesse
permanente do espectador pelo desfecho da trama em relação a cada um deles.
Destaque-se, ainda, a boa atuação de todo o elenco com menções honrosas à
Fabiula Nascimento, no papel de Mariana, da jovem Valentina Vieira, como Sofia, neta de Alberto, e de Ingrid Guimarães na pele da excêntrica atriz,
Silvana Nolasco. A novela em boa medida
deixou-se contaminar pelos clichês de tantas outras, apresentando situações
improváveis e principalmente a inadequada abordagem jurídica de certas relações,
aspectos que mereceram acirrada crítica em postagem sobre o assunto, que fiz
aqui mesmo neste blog, O conjunto da obra, no entanto, foi positivo,
especialmente pela temática central que é a importância da instrução e da
educação num país como o Brasil, como forma de melhorar a vida das pessoas e do
papel da literatura universal de gabarito como parcela ponderável dessa mudança. De quebra não teve receio de enfrentar o tabu da morte, vista como uma forma natural de fechamento do ciclo da vida, que deve ser encarada de maneira serena e tranquila, sem traumas para quem vai e para quem fica.
Até mais amigos,
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