Amigos, boa noite.
Opinião 1.
@ Em tempos de pandemia e de recolhimento domiciliar, se o corpo tem hoje
seus espaços restritos, o espírito, a alma, em compensação, viajam pelas mais
longínquas plagas, sem limites. E dá tempo de remoer os acontecimentos diários
que hoje dividem a imprensa em dois tempos: um destinado a acompanhar as
últimas notícias do Palácio do Planalto, envolvendo as sucessivas crises dos
Poderes constituídos; a outra metade fica por conta do avanço ou regressão no
mundo - e especialmente no Brasil - da
disseminação da covid-19, com os
reflexos no sistema de saúde: saturação
de leitos de UTI, falta de respiradores
em hospitais públicos para pacientes em estado grave, o numero de mortes aumentando em cada um dos estados da federação
e no distrito federal e os decretos de autoridades dos diversos níveis da
federação para incrementar o isolamento social, seja ele vertical, como
preferem algumas autoridades e o Presidente Bolsonaro, seja ele horizontal, como querem os
governadores e prefeitos das grandes cidades. A população vive em estado de
perplexidade e medo sem saber como deve agir ou em quem acreditar. O mais grave
é a ausência de uma política sanitária definida que possa servir de orientação.
Enquanto o Ministério da Saúde insiste no protocolo baseado na ciência
comprovada e nos parâmetros da Organização Mundial de Saúde e na experiência de
países europeus e asiáticos que também enfrentam a epidemia, mas já
superaram o chamado pico, o Presidente da República insiste em contrariar
os seus ministros, exigindo a mudança de protocolos, seja na questão do modelo
de isolamento, seja no uso para pacientes até com sintomas leves, do
medicamento cloroquina, indicado para doentes com patologias auto-imunes, como
o lúpus. Essa falta de sintonia já custou, em menos de um mês, a queda de dois
ministros da saúde. E a pasta agora aguarda, mais uma vez, um novo titular que
assuma o compromisso de “rezar na cartilha de Bolsonaro”, porque ele já avisou
que o próximo ministro terá que fazer o que ele mandar! Com acusações sérias e
pedidos de impecheament no Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro tenta resistir,
reclamando da intervenção dos outros Poderes na Administração do País, da
imprensa em geral e assegurando que as Forças Armadas estão a seu lado, mesmo
que o Ministro do Exército, em nome dos outros Ministérios Militares já tenham declarado que as Forças Armadas cumprem a sua função constitucional de segurança,
mas são órgão de Estado e não de Governos.[1]
Opinião 2.
@ Ontem, indaguei de um grande jornalista, meu amigo, sobre se as Forças
Armadas pretendem respaldar Bolsonaro e até que ponto. Vejam a resposta: “Olha só. O artigo do Mourão, publicado
ontem na pg. 2 do Estadão dá o tom: o homem é tosco, rude e tem problemas. Mas
a farda está com ele. Para mim fica evidente que há uma nova ordem sendo
construída – conservadora, de direita, baseada na economia liberal,
fundamentalmente constitucionalista. Até que a obra fique pronta o Presidente
Bolsonaro só sai se houver algum episódio disruptivo.”
Abraço.
[1] Dispõe o artigo 142 da Constituição
Federal de 1.988: “As Forças Armadas,
constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destiná-se à
defesa da Pátria, à garantia dos poderes constituídos e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem.
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