Produção inglesa de
2.010, a comédia dramática The Kids Are
All Right, titulada no Brasil de “Meus Pais e Minha Mãe” e em Portugal de
“Os Miúdos Estão Bem” é um ótimo
filme, agora apenas encontrável em vídeo, ou em canal de TV fechado, e foi considerado,
no ano de seu lançamento, a sensação do Festival de Berlim. O excelente roteiro
original é dividido entre Lisa
Cholodenko (que é também a diretora do longa) e Stuart Blumberg e focaliza uma família composta do casal homossexual, a médica, Nic
(Annette Bening) e a paisagista, Jules
(Juliane Moore), e de dois filhos biológicos, os irmãos unilaterais, Joni (Mia Wasikowska), prestes a completar 18 anos e a deixar a casa
materna, e Laser (Josh Hutcherson),
de 15 anos, um de cada uma das parceiras,
cujas concepções se deram por via de inseminação artificial feita
com sêmen de um mesmo doador (pai genético, portanto, de ambos os filhos). Ao ambiente familiar estável e de relativa
harmonia, apesar dos conflitos comuns
entre os seus componentes, se acrescenta um fato novo e que vai mexer
com a estrutura emocional da família: os filhos resolvem conhecer a identidade do
pai biológico, o tal doador de sêmen e aí encontram o solteirão especialista em
gastronomia, Paul (Mark Ruffalo). De
lado a lado, filhos e pai mostram, de início, interesse num relacionamento
mais profundo e o drama se desenrola a partir da inserção desse novo membro, no mundo
familiar. São 106 minutos de curiosidade, apreensão, sensibilidade e
emoção. Por que você resolveu vender sêmen? é uma das indagações do jovem adolescente Laser para o pai, E quanto você cobrou? A diretora, homossexual assumida, desenvolve a mensagem de
forma leve e descomplexada, sem a preocupação de transformar a rotina dos personagens em objeto de reflexões profundas sobre a questão social e filosófica dos
homossexuais e do direito deles de constituírem famílias tradicionais. O foco são os desencontros,
a insegurança e mesmo a crise matrimonial que vivem as personagens Nic e Jules, quando esta, por razões que ela própria questiona, cede a um relacionamento sexual casual com Paul, deslize repelido por todos os
demais membros daquela família, unidos de forma sólida, apesar dos conflitos, pelos anos de convivência e de troca de
afetividade. A crítica elogia a obra e há quem afirme que se trata de um dos
melhores filmes do ano passado (vide Fred Burle
in Fred Burle no Cinema). A
bilheteria nos cinemas do Brasil não chegou a 50.000 espectadores, muito
pequena para um filme de qualidade indiscutível. Foram quatro indicações ao
Oscar em 2.011: Melhor Filme; Melhor Atriz para Anette Bening; Melhor Ator
Coadjuvante para Mark Ruffalo) e Melhor Roteiro Original para Lisa Cholodenko e
Stuart Blumberg, embora não tenha levado nenhuma das estatuetas, o que também
não é indicativo absoluto de qualidade ou de falta de qualidade. Não deixe de ver.
Até amanhã.
P.S. (1) A imagem da
coluna de hoje foi emprestada do site correiodeuberlandia.com.br;
P.S. (2) A atriz
norte-americana, Annette Carol Bening,
a Nic do filme nasceu no Texas em
1.958, tendo entrado definitivamente
para o cinema em 1.989, com atuação no filme Valmont – Uma História de Seduções. Em 1.999 participou de seu
filme mais popular, Beleza Americana, e
em 2.004 ganhou o Globo de Ouro de
Melhor Atriz, pelo filme Adorável
Júlia.
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