domingo, 23 de dezembro de 2012

MPB- REDESCOBRIR - MARIA RITA REVISITA OBRA DE ELIS


Oi amigos,
Uma homenagem  para a mãe Elis e um presente  para os fãs saudosos  da obra da maior cantora do Brasil. Assim pode ser justificado o projeto de  Maria Rita, que resultou em um espetáculo de palco, que corre o Brasil, e em  dois CDs gravados ao vivo, com o "essencial" de Elis Regina, a grande diva da música popular brasileira, cuja carreira próspera foi interrompida bruscamente aos 36 anos, num triste dia de janeiro de 1.982. Não vi o show, comprei os CDs e os ouvi atentamente, cada faixa, cada arranjo, cada detalhe da interpretação da filha na revisita aos sucessos da mãe. São 28 faixas distribuídas em dois CDs com 14 músicas cada um. Na abertura, Imagem de Luiz Eça e Aloysio de Oliveira, música e versos que viraram uma espécie de marca ou "slogan" com que a Pimentinha saudava os fãs e os advertia para a necessidade de se proteger o que era autenticamente nacional, a nossa música, contra a ameaça suposta vinda do exterior. Ou da ditadura, quem sabe. Tempos Bicudos, aqueles:  Ai que bom é ver vocês/ E cada vez que eu volto é para dizer/Que sem ter vocês/Sem ver vocês/ Não sou ninguém/Canta que a vida passa/E se ela passa/Melhor cantar/É de vocês o meu cantar/É só pra vocês nosso cantar”. Daí por diante uma seleção variada de sucessos, gêneros diversos, que se imortalizaram na interpretação original  e definitiva de Elis (sambas, boleros, marchas, bossa- nova, sambas-canção...). De Arrastão de Edu e Vinícius, do começo da carreira, a Redescobrir, de Gonzaguinha, já na maturidade; de Águas de Março, do Maestro Tom Jobim a Saudosa Maloca, do folclórico sambista ítalo-paulista, Adoniran Barbosa. De Alô, Alô, Marciano, da roqueira Rita Lee a Me Deixas Louca, versão brasileira de Paulo Coelho. Em algumas faixas muitas palmas revelando o entusiasmo do público pela canção eleita. Noutras, a cantora, sentindo o entusiasmo da platéia, a ela  oferece generosa parceria,  como em Madalena, de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro, e no hino sertanejo, Romaria, de Renato Teixeira. Tudo milimetricamente captado, revelando que Maria Rita fez questão de conhecer cada detalhe das gravações da mãe,das mudanças forçosamente introduzidas no original da canção, da colocação de frases ou de falsetes, aqui e acolá, e assim por diante, para emprestar a sensação de se ouvir Elis mesmo. O “essencial” de Elis? Não sei. Tudo em Elis era essencial. Difícil selecionar. Há muita coisa que se incluiria no “essencial” e que ficou de fora: Edu, de “Upa Neguinho”,  “Corrida de Jangada”, “Pra Dizer Adeus”, “Memórias de Marta Saré”; Chico Buarque do antológico “Atrás da Porta”,  Milton de “Travessia”, de “Canção do Sal”, de “Canção da América”, Tom de “Wave”, de “Corcovado”, de "Fotografia"; Carlos Lyra e Vinícius de “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas”; Gil de “Lunik 9”, Marcos e Paulo Cesar Valle de “Preciso  Aprender a Ser Só” e "Black is Beautiful"; Baden de “Lapinha”, de “Canto de Ossanha”;  Violeta Parra, de “Gracias a La Vida”; Zé Rodrix e Tavito, de “Casa no Campo”; Fagner de “Mucuripe”; Pedro Caetano de “É com Esse Que eu Vou”. E tantas, tantas outras. Bem,  os arranjos acompanharam os originais, num trabalho dos músicos digno de nota.  Não há qualquer intenção deliberada de  disfarçar o objetivo da imitação, de reprodução mesmo.  E como tal o resultado é  competente, sem dúvida.  Afinal,  Maria Rita tem o privilegiado potencial de voz da mãe e o mesmo timbre, virtudes emanadas de um bendito DNA. Faltava revelar a intenção da homenagem  e a vontade de  estudar a obra  e de  revisitá-la, agora não só como  uma filha que ama e respeita, mas como uma admiradora consciente da importância de Elis, mais que uma estrela, uma  lenda para ser contada e cantada em prosa e verso para a posteridade da história da música brasileira. Valeu!
Até amanhã amigos.
 P.S. (1) Os CDs. são assim compostos. CD 11)  Imagem (Luiz Eça/Aloysio de Oliveira); 2) Arrastão (Edu Lobo/Vinícius); 3) Como Nossos Pais (Belchior); 4) Vida de Bailarina (Américo Seixas/Dorival Dias); 5) Bolero de Satã (Guinga/Paulo Cesar Pinheiro); 6) Águas de Março (Tom Jobim); 7) Saudosa Maloca (Adoniran Barbosa); 8) Agora Tá (Tunai/Sérgio Natureza); 9) Ladeira da Preguiça (Gilberto Gil); 10) Vou Deitar e Rolar (Quaquaraquaquá) (Baden Powel/Paulo Cesar Pinheiro); 11) Querelas do Brasil (Maurício Tapajós/Aldir Blanc); 12) O Bêbado e a Equilibrista (João Bosco/Aldir Blanc); 13) Menino (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos); 14) Onze Fitas (Fátima Guedes).
CD 2 – 1) Tatuagem (Chico Buarque/Ruy Guerra); 2) Me Deixas Louca (Mi Vuelves Loco) – Armando Manzaneiro, versão Paulo Coelho; 3) Essa Mulher (Joyce/Ana Terra); 4) Se Eu Puder Falar com Deus (Gilberto Gil); 5) Zazueira (Jorge Ben Jor); 6) Alô, Alô, Marciano (Rita Lee/Roberto de Carvalho); 7) Aprendendo a Jogar (Guilherme Arantes); 8) Doce Pimenta (Rita Lee); 9) Morro Velho (Milton Nascimento); 10) O Que Foi Feito Devera (de Vera) Maria-Maria, (Milton Nascimento/Fernando Brant); 11) Fascinação (Fascination) – F.D. Marchetti, versão Armando Louzada); 12) Romaria (Renato Teixeira); 13) Madalena (Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza); 14) Redescobrir (Luiz Gonzaga Junior);
P.S. (2) Ao formular os agradecimentos, no folheto que acompanha os CDs, Maria Rita assim conclui, dirigindo-se à mãe: “Mamãe, obrigada por tanto e por tudo. Que você siga viva no palco maior, que é o coração de seu público, o seu lugar, soberana e rainha que é. Amor e orgulho, intenso, irrestrito. Da sua filha”.  
Absolutamente emocionante! 




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