Caros amigos,
Sejam bem-vindos a
2.013. Muita saúde, alegria e solidariedade. Oxalá a vida que segue indefectivelmente nos
proporcione o encontro e o entendimento,
tanto nos momentos de alegria, quanto nos de tristeza ou desalento. Que a
amizade e o amor, sentimentos nobres e
profundos, nos proporcionem um pouco da segurança de que tanto necessitamos para
enfrentar as incertezas da vida e do destino e a sensação de que não estamos sós. Que todos se encontrem, se amem, se
solidarizem, nos mais diversos lugares, formas e costumes. São os meus
apaixonados votos para toda a humanidade.
Para esse início de ano um pouco de Fernando Pessoa: de almas, reflexão e sonho.
Não
Sei Quantas Almas Tenho.
Não
sei quantas almas tenho.
Cada
momento mudei.
Continuamente
me estranho.
Nunca
me vi nem acabei.
De
tanto ser, só tenho alma.
Quem
tem alma não tem calma.
Quem
vê é só o que vê,
Quem
sente não é quem é.
Atento
ao que sou e vejo,
Torno-me
eles e não eu.
Cada
meu sonho ou desejo
É
do que nasce e não meu.
Sou
minha própria paisagem,
Diverso,
móbil e só,
Não
sei sentir-me onde estou.
Por
isso, alheio, vou lendo
Como
páginas, meu ser.
O
que segue não prevendo,
O
que passou a esquecer.
Noto
à margem do que li
O
que julguei que senti.
Releio
e digo: “Fui eu?”
Deus
sabe, porque o escreveu.
O poema abaixo, às vezes atribuído a Fernando Pessoa ou a Oscar Wilde, em verdade, é de autoria desconhecida, porquanto não se logrou efetivamente prova suficiente de que possa ser de um ou de outro. Não consta, inclusive, da obra completa de Fernando Pessoa, publicada pela Editora SM.
LOUCOS E SANTOS (A ESCOLHA DE UM AMIGO).
LOUCOS E SANTOS (A ESCOLHA DE UM AMIGO).
“Meus
Amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade. Escolho-os não
pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade
inquietante. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não
quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri
junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira,
metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero
amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas
lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não
esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e
sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é um ilusão
imbecil e estéril”.
"O Louco e a "loucura" autênticos, suponho, de Fernando Pessoa mesmo, está por ele próprio compartilhada com os leitores, em viagem ficcional descrita na sua obra "O Almirante Louco", publicada mais recentemente pela Editora SM.
"O Louco e a "loucura" autênticos, suponho, de Fernando Pessoa mesmo, está por ele próprio compartilhada com os leitores, em viagem ficcional descrita na sua obra "O Almirante Louco", publicada mais recentemente pela Editora SM.
Até amanhã.
P.S. (1) O vídeo da coluna de hoje (do Youtube),
mostra a estátua do poeta Fernando Pessoa, de autoria do artista Lagoa Henriques e que se encontra no Café denominado “A
Brasileira”, situado no Chiado, em Lisboa. Os versos "Sem Palavras" são de autoria de Silvio Ferreira Jr. e a produção é de www.folhaderosto.com.
P.S. (2) Fernando Pessoa é
considerado um dos maiores escritores e poetas portugueses e também da literatura
universal. Nasceu em Lisboa em 1.888 e
faleceu em 1.935, aos 47 anos de idade,
na mesma cidade. Seu nome completo era Fernando Antonio Nogueira Pessoa. Foi
empresário, editor, crítico literário, jornalista, comentador político,
tradutor, inventor, astrólogo e publicitário;
P.S. (3) Pessoa ficou também famoso
pela utilização de heterônimos na produção de diversas obras.
P.S. (4) O verbete “heterônimo”, no Novo Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa, vem em parte assim registrado: “Na
última acepção, a palavra parece haver começado a circular após o surgimento de
Fernando Pessoa, grande poeta português (1888-1935), que, além de usar o
próprio nome em diversas produções, muitas assinou com os nomes de Álvaro de
Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, e outros, poeta, cada um destes, de
características bem individuais, tanto nos meios expressivos quanto na
substância, e até com biografias, curiosamente inventadas por Fernando Pessoa.
Nessa diferença de características entre as obras das criaturas e as do criador
é que reside a distinção entre o heterônimo e o pseudônimo (ob. Citada, 2ª.
edição, revista e aumentada, 1.986, Editora Nova Fronteira, p. 891);
P.S. (5) O belo e inspirador excerto abaixo, extraído do poema "O Medo. O Maior Gigante da Alma", algumas vezes atribuído a Fernando Pessoa, é, em verdade de autoria do brasileiro, Fernando Teixeira de Andrade, escritor e professor de Literatura Portuguesa e Brasileira, que lecionou no Anglo aqui de Campinas, morto em 2.008, e muito querido por seus alunos e admiradores. “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que
já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos
lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado,
para sempre, à margem de nós mesmos.”;
P.S. (6) Uma das frases de Pessoa
mais citadas em discursos políticos ou acadêmicos: “Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”.
Desculpe, mas o texto sobre "amigos" Não é de Fernando Pessoa, não consta na sua obra completa da Editora Aguilar, nem em sites sérios que publicam textos dele. Além do mais o estilo foge completamente so estilo de Pessoa. Embora também apareça atribuído a Oscar Wilde, sem comprovação. Quanto à citação em PS.(5), que também NÃO é do Pessoa, o autor é Fernando Teixeira de Andrade.
ResponderExcluirNota 2: sobre o Programa Provocações Antônio Abujamra na Rede Cultura
ResponderExcluirLoucos e Santos (A escolha de um amigo) Oscar Wilde, entre aspas... a observação fora enviada diversas vezes para a Produção do Programa e até agora ninguém mostrou interesse em confirmar algum referencial teórico fidedigno. Sabe-se que os poemas e textos lidos em Provocações são, às vezes, livre adaptação do original por Antônio Abujamra e Gregório Bacic. O formato em que apresentam escritos aqui é apropriado para leitura em TV e não em seu formato original. Conforme em: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3333855
Prezada Rosa Maria:
ExcluirAgradeço imensamente os seus comentários. A partir deles empreendi pesquisa mais profunda sobre a autoria dos dois poemas. Com relação ao "Loucos e Santos (A Escolha de um Amigo), constatei que tem sido atribuído alternadamente a Fernando Pessoa e a Oscar Wilde, embora os mais estudiosos da obra e do perfil desses escritores e poetas não reconheçam identidade do poema com os respectivos estilos. Os mais prudentes, portanto – e à míngua de qualquer elemento evidente de convicção – preferem registrar que ele é de autoria desconhecida, como eu o faço agora, editando a postagem sobre Pessoa. Quanto ao “O Medo. O Maior Gigante da Alma” é um poema muitíssimo citado e que nos diz muito proximamente quanto à necessidade interior de todo ser humano, de renovação e recomeço, e atribuído algumas vezes a Fernando Pessoa, sem sombra de dúvidas, é mesmo de outro Fernando. O brasileiro, Fernando Teixeira de Andrade, um professor de Lingua Portuguesa e Literatura, que lecionou inclusive aqui em Campinas, no Anglo, morto em 2.008 e muito estimado por seus alunos e admiradores. A partir,pois, de sua elegante advertência, tenho a oportunidade de restituir a ele, o tributo que merece pela obra genuína. Obrigado.
Obrigado.