segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

MPB E CINEMA - GONZAGÃO E GONZAGUINHA. VIDA DE VIAJANTE

Boa tarde amigos,
O encontro aconteceu no já distante ano de 1.981.  Dois monstros sagrados da música popular brasileira, ambos com obras densas e consagradas pelo público e pela crítica. Pai e filho adotivo. Dois estilos.  Duas histórias individuais paralelas e entrelaçadas em certos pontos. Pontos difíceis: de desavença, desencontro, incompreensão, mágoas. Tudo estava então superado. De verdade. Agora um espetáculo concebido por eles e que correu com uma turnê todo o Brasil. Gonzaguinha e Gonzagão apresentam: Vida de Viajante, nome baseado na música que tempos depois serviria de trilha sonora para  o seriado de sucesso da Rede Globo, Carga Pesada, que contava as aventuras de Pedro (Antonio Fagundes) e Bino (Stênio Garcia) e que a voz potente do Rei do Baião, entoava, enquanto os dedos corriam pelas teclas da  velha sanfona, companheira inseparável, dela  extraindo apaixonados acordes:     (Minha Vida é Andar, por esse País/ Pra Ver se um dia descanso Feliz/ Guardando as Recordações/Das Terras Onde Passei/Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei).  Durante o espetáculo, pai e filho conversam, se elogiam, confessam amor recíproco e trocam carinhos. Cantam ora individualmente, ora em conjunto, obras de um e de outro. Em certo ponto do espetáculo,  o filho vai provocando o pai, entoando os primeiros versos de  músicas do velho sertão nordestino, de sua gente, de seu folclore, de suas coisas: “ Riacho de navio, corre pro Pajeú....” ..”Juazeiro, Juazeiro, onde anda o meu amor....”. Em seguida é o pai que responde  indagação do filho (Pai, tudo na sua vida valeu a pena?),  cantarolando um famoso verso do menino: “Começaria tudo outra vez, se preciso fosse...”. Bem, é esse antológico encontro que foi registrado num LP, ainda em vinil, do ano de 1.981, com o mesmo nome do espetáculo: Vida de Viajante. Em 1.994, a EMI MUSIC, reeditou o encontro, extraindo o que considerou de melhor do disco e da apresentação ao vivo, lançando  CD e DVD. Trata-se de uma verdadeira relíquia: A VIAGEM de GONZAGÃO & GONZAGUINHA, documentos que registram um encontro que jamais voltará a acontecer. Luiz Gonzaga, o grande Rei do Baião, morreu em 1.989, aos 77 anos. O filho, Luiz Gonzaga Filho, o Gonzaguinha, morreu jovem, aos 47 anos, em decorrência de um acidente automobilístico, em 1.991, quando buscava resgatar a importante obra do pai, com quem havia se reconciliado.
Até amanhã.
P.S. (1) Atribui-se a Luiz Gonzaga  o mérito de ter trazido a música nordestina (baião, forró, xote etc.),  para o sudeste e sul do país, pois até então estava circunscrita ao nordeste.  O Rio de Janeiro e São Paulo ouviam samba, samba-canção, bossa-nova e outros gêneros, inclusive estrangeiros (rock in roll, twist etc.);
P.S. (2) O maior sucesso de Gonzagão e uma das mais famosas músicas brasileiras de todos os tempos é ASA BRANCA, de sua autoria em parceria com Humberto Teixeira. Além de sua própria gravação, a mais conhecida, existem ainda mais de 60 outras, entre artistas nacionais e estrangeiros, dentre os quais, Lulu Santos, Elis Regina, Chitãozinho e Chororó, Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Gilberto Gil,  Maria Bethânia,   o porto-riquenho José Feliciano, a banda Forró in The Dark, David Byurne, o flautista de jazz, Herbie Mann, o indiano N. Ravikiran, músico de cítara,  e  o violonista folk Brooks Williams;
P.S. (3) Em 1.968 surgiu um boato de que os Beatles iriam gravar a música “Asa Branca”, o que gerou um engraçado comentário de Gonzagão: “Agora eu quero ver se esses caras vendem disco mesmo. Eu sozinho vendi mais de 2 milhões”. A história não se confirmou, contudo. A confusão teria sido gerada, segundo alguns, pelo fato de que o conjunto inglês gravaria a música “The Inner Light”, uma composição de George Harrison, que tem uma sequência melódica  muito parecida com a de Asa Branca.
P.S. (3) Gonzaguinha tem sucessos memoráveis (Começaria Outra Vez, Explode Coração, Espere por Mim Morena, Diga Lá Coração, Achados e Perdidos, Sangrando, Redescobrir, É, Grito de Alerta),  gravados por ele e por cantores e cantoras de peso na música brasileira (Maria Bethânia, Elis Regina, Gal Costa).
P.S. (4) A imagem que abre a coluna de hoje é da capa do CD e foi emprestada do site artecultural.blog.br.  A imagem do centro é do cartaz de propaganda do filme GONZAGA: DE PAI PRA FILHO, e foi emprestada do site opiocoisanenhuma.blogspot.com.;
P.S. (5) Em 2.012, comemorou-se o centenário do nascimento de Luiz Gonzaga, com várias celebrações, dentre as quais a cinebiografia GONZAGA: DE PAI PRA FILHO, filme que teve a direção de Breno Silveira e apresenta nos principais papéis os atores Nivaldo Expedito de Carvalho (Luiz Gonzaga), Júlio Andrade (Gonzaguinha) e Nanda Costa (Odalea). O drama é um bom filme e, segundo a Ancine (Agência Nacional de Cinema), obteve o 4º lugar nos filmes nacionais com maior público do ano passado, com quase 1.500.000 espectadores. A TV Globo exibiu a película em microssérie transmitida de 15 a 18 de janeiro de 2.013. Uma restrição: continuo achando ruim o som dos filmes nacionais. Já é hora de solucionar essa questão eminentemente técnica.
P.S. (5) O CD tem 25 faixas assim enunciadas: 1) FALA GONZAGUINHA; 2) SANGRANDO; 3)  AMANHÃ OU DEPOIS/ ACHADOS E PERDIDOS; 4) PEQUENA MEMÓRIA PARA UM TEMPO SEM MEMÓRIA (A Legião dos Esquecidos); 5) COMEÇARIA TUDO OUTRA VEZ; 6) ACAUÃ; 7) ASSUM PRETO; 8) A MORTE DO VAQUEIRO; 9) BOIADEIRO; 10) VOZES DA SECA; 11) PAU DE ARARA/BAIÃO DE SÃO SEBASTIÃO/BAIÃO; 12) KAROLINA COM K/DERRAMANDO O GAI; 13) LÉGUA TIRANA; 14) BAIÃO DA GAROA; 15) JUAZEIRO/NO MEU PÉ DE SERRA/ESTRADA DO CANINDÉ/RIACHO DO NAVIO. PAPO: LUIZ GONZAGA & GONZAGUINHA; 16) DIGA LÁ, CORAÇÃO. Música Incidental: ESPERE POR MIM MORENA; 17) GRITO DE ALERTA; 18) COM A PERNA NO MUNDO. Música Incidental: AGALOPE; 19) FALA GONZAGUINHA: NÃO DÁ MAIS PRA SEGURAR (Explode Coração); 20) RESPEITA JANUÁRIO; 21) ESTRELA DE OURO; 22) HORA DO ADEUS; 23) FALA GONZAGUINHA; 24) A VIDA DE VIAJANTE.
 
 
 
 

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