segunda-feira, 14 de outubro de 2013

HABEMUS PAPAM - CINEMA

Boa tarde amigos,


Desde que li, ainda no ano passado, um artigo a respeito dos melhores filmes de 2.012, tive a atenção despertada para um dos indicados, com nome e sinopse um tanto original. Trata-se de “Habemus Papam”, expressão latina  destinada a  anunciar a eleição de um novo papa no Estado do Vaticano. Só este final de semana pude ver o filme, agora oferecido em DVD. Sua carreira comercial nos cinemas do  Brasil pode ser considerada um fracasso, com menos de 100.000 espectadores nas salas de exibição. A crítica, contudo, foi inteiramente favorável e no meu modo de ver com muita razão. É um belo filme. Anunciado como do gênero “comédia dramática”, o longa produzido em parceria entre França e Itália, retrata, com cores de muito realismo,  toda a agitação do Vaticano com a cerimônia da morte  e os funerais do Papa e, em seguida, com o Conclave de cardeais do mundo inteiro reunido para a eleição do sucessor. Após rodadas de votação, o cardeal Malville (Michel Piccoli), apesar de orar seguidamente para não ser o escolhido, é eleito o novo Sumo Pontífice para seu desespero. Acionada a fumaça branca, que anuncia a escolha de mais um sucessor de São Pedro, na praça do mesmo nome, a multidão católica se regozija com o anúncio feito pelo Porta Voz de que o novo Papa se aproximará para a saudação e o discurso protocolares. Acontece que Malville é tomado por uma crise de cólera e pânico e deixa o aposento, frustrando a expectativa. Sequer seu nome é anunciado. A partir daí os Cardeais se movimentam para convencer o eleito a assumir o papel que lhe foi destinado “por inspiração divina”, valendo-se, inclusive, da colaboração de um psicoterapeuta confessadamente ateu (Nanni Moretti, que também assina o roteiro juntamente com Francesco Piccolo), enquanto o povo e a imprensa do mundo inteiro,sem entender o que aconteceu, busca uma explicação, inclusive de especialistas (vaticanistas), que, em verdade, estão tão perdidos como qualquer outro, diante do inesperado e improvável incidente.  Malville, porém, num descuido do Porta-Voz e dos seguranças, foge e passa a andar pelas ruas de Roma, buscando entender o seu mêdo e fragilidade, refletindo sobre o seu   passado, os seus sonhos frustrados e a sua essência humana.   O final é também surpreendente. Destaque para a interpretação magnífica do veterano ator francês Michel Piccoli,  de 86 anos, como o Cardeal Malville. Não deixe de ver.

Até amanhã amigos,

P.S. (1)  “Habemus Papam” esteve na Mostra Competitiva do Festival de Cannes, em 2.011, ano de sua produção;

P.S. (2) A sua estréia no Brasil deu-se em 16 de março de 2.012. O longa tem 104 minutos. No elenco, além de Michel Piccoli (Malville) e do co-roteirista,  Nanni Moretti (o psicoterapeuta), ainda Renato Scarpa (cardeal Gregori), Franco Graziosi (Cardeal Bollatti), Margherita Bruy (analista), Dario Cantarelli (o ator) e Leonardo Della Bianca (Giullio), dentre outros;

P.S. (3) Michel Piccoli nasceu em Paris em 1.925, filho de imigrantes italianos. Na sua vasta filmografia, com atuações em cinema e televisão na França, pode-se destacar “O Desprezo” (1963), dirigido pelo famoso Jean Luc Godard, “Topázio” (1969), e aquele que consagrou a atriz Catherine Deneuve, “A Bela da Tarde” (1967), dirigido pelo cineasta espanhol Luis Bruñel. Picolli, inclusive, foi um dos atores favoritos desse cineasta;

P.S. (4) Os críticos de cinema dos principais veículos midiáticos consagraram o filme de Nanni Moretti. Os jornais Estado de São Paulo e O Globo deram nota máxima (5,0). A Folha de São Paulo nota 4,0. A menor nota foi 3,0. O público esteve dividido entre aqueles que o consideraram excelente e os que não gostaram, alguns por verem no filme uma espécie de escárnio com a fé católica e o processo de  eleição do Papa, no Estado do Vaticano.  Não fiz essa leitura, nem acho que ela é adequada. De intencional talvez apenas o intuito de focalizar o lado humano dos sacerdotes e religiosos diante do peso e responsabilidade por uma instituição equiparada a Estado.

P.S. (5) A imagem da coluna de hoje, do ator Michel Piccoli, no papel do Cardeal Malville foi emprestada de www.snpcultura.org









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