Boa tarde amigos,
Desde que li, ainda no ano
passado, um artigo a respeito dos melhores filmes de 2.012, tive a atenção
despertada para um dos indicados, com nome e sinopse um tanto original.
Trata-se de “Habemus Papam”, expressão latina
destinada a anunciar a eleição de
um novo papa no Estado do Vaticano. Só este final de semana pude ver o filme,
agora oferecido em DVD. Sua
carreira comercial nos cinemas do Brasil
pode ser considerada um fracasso, com menos de 100.000 espectadores nas salas
de exibição. A crítica, contudo, foi inteiramente favorável e no meu modo de
ver com muita razão. É um belo filme. Anunciado como do gênero “comédia
dramática”, o longa produzido em parceria entre França e Itália, retrata, com
cores de muito realismo, toda a agitação
do Vaticano com a cerimônia da morte e
os funerais do Papa e, em seguida, com o Conclave de cardeais do mundo inteiro
reunido para a eleição do sucessor. Após rodadas de votação, o cardeal Malville
(Michel Piccoli), apesar de orar seguidamente para não ser o escolhido, é
eleito o novo Sumo Pontífice para seu desespero. Acionada a fumaça branca, que
anuncia a escolha de mais um sucessor de São Pedro, na praça do mesmo nome, a multidão
católica se regozija com o anúncio feito pelo Porta Voz de que o novo Papa se aproximará
para a saudação e o discurso protocolares. Acontece que Malville é tomado por
uma crise de cólera e pânico e deixa o aposento, frustrando a expectativa.
Sequer seu nome é anunciado. A partir daí os Cardeais se movimentam para
convencer o eleito a assumir o papel que lhe foi destinado “por inspiração
divina”, valendo-se, inclusive, da colaboração de um psicoterapeuta
confessadamente ateu (Nanni Moretti, que também assina o roteiro juntamente com
Francesco Piccolo), enquanto o povo e a imprensa do mundo inteiro,sem entender
o que aconteceu, busca uma explicação, inclusive de especialistas (vaticanistas), que,
em verdade, estão tão perdidos como qualquer outro, diante do inesperado e improvável
incidente. Malville, porém, num descuido
do Porta-Voz e dos seguranças, foge e passa a andar pelas ruas de Roma,
buscando entender o seu mêdo e fragilidade, refletindo sobre o seu passado, os seus sonhos frustrados e a sua essência humana. O final é também surpreendente. Destaque para
a interpretação magnífica do veterano ator francês Michel Piccoli, de 86 anos, como o Cardeal Malville. Não
deixe de ver.
Até amanhã amigos,
P.S. (1) “Habemus Papam” esteve na Mostra Competitiva
do Festival de Cannes, em 2.011, ano de sua produção;
P.S. (2) A sua estréia no Brasil
deu-se em 16 de março de 2.012. O longa tem 104 minutos. No elenco, além de
Michel Piccoli (Malville) e do co-roteirista,
Nanni Moretti (o psicoterapeuta), ainda Renato Scarpa (cardeal Gregori),
Franco Graziosi (Cardeal Bollatti), Margherita Bruy (analista), Dario
Cantarelli (o ator) e Leonardo Della Bianca (Giullio), dentre outros;
P.S. (3) Michel Piccoli nasceu em
Paris em 1.925, filho de imigrantes italianos. Na sua vasta filmografia, com
atuações em cinema e televisão na França, pode-se destacar “O Desprezo” (1963),
dirigido pelo famoso Jean Luc Godard, “Topázio” (1969), e aquele que consagrou
a atriz Catherine Deneuve, “A Bela da Tarde” (1967), dirigido pelo cineasta
espanhol Luis Bruñel. Picolli, inclusive, foi um dos atores favoritos desse
cineasta;
P.S. (4) Os críticos de cinema
dos principais veículos midiáticos consagraram o filme de Nanni Moretti. Os
jornais Estado de São Paulo e O Globo deram nota máxima (5,0). A Folha de São
Paulo nota 4,0. A menor nota foi 3,0. O público esteve dividido entre aqueles
que o consideraram excelente e os que não gostaram, alguns por verem no filme
uma espécie de escárnio com a fé católica e o processo de eleição do Papa, no Estado do Vaticano. Não fiz essa leitura, nem acho que ela é adequada. De intencional talvez apenas o intuito de focalizar o lado humano dos sacerdotes e religiosos diante do peso e responsabilidade por uma instituição equiparada a Estado.
P.S. (5) A imagem da coluna de hoje, do ator Michel Piccoli, no papel do Cardeal Malville foi emprestada de www.snpcultura.org
P.S. (5) A imagem da coluna de hoje, do ator Michel Piccoli, no papel do Cardeal Malville foi emprestada de www.snpcultura.org
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