Boa noite amigos,
Quando, em 1.875, o poeta britânico, William Ernest Henley escreveu o poema Invictus,
não poderia imaginar que ele serviria de consolo e inspiração para que um dos
maiores estadistas e pacifistas de todos os tempos, o sul-africano, Nelson Mandela, morto recentemente,
pudesse subsistir e suportar cada dia, cada hora, cada minuto, de um cárcere
que lhe foi imposto durante quase 30
anos. Certo é que, ao acreditar ser “o senhor de seu destino e o capitão de sua
alma”, como afirma a poesia, a despeito de todas as circunstâncias
adversas, fez Mandela superar a
solidão da reclusão e as adversidades, para se tornar Presidente de seu país. E
mais: servir de inspiração permanente
para enfrentar com coragem e otimismo, as dificuldades abismais de uma proposta quase utópica de implantação de uma democracia com justiça social, a partir da
reconstrução de um país desfacelado pelo horror do “apartheid”, confronto interminável entre negros e brancos. E o mais
importante: O humanismo secular, marca da poesia de Henley, cativou Mandela
e o levou espiritualmente a perdoar os seus algozes, e a convocá-los, para surpresa da Nação, a um exercício
nunca visto de nacionalismo, unindo
brancos e negros em torno dos mesmos ideais, o
que parecia impossível, diante da
crueldade de uma história marcada pela guerra, pela opressão, e pela ausência
dos valores de amor e solidariedade. O roteirista americano Anthony Peckham pega uma parte dessa
história, a partir de 1.990, quando Mandela
vence as eleições e se torna Presidente da África do Sul e, a propósito do Mundial de Rugby, que ocorreria no país em 1.995, consegue transformar
a desacreditada e odiada seleção, símbolo da opressão dos brancos sobre os
negros, em uma paixão única nacional e escreve o roteiro que se converte num filme de 135 minutos de muita sensibilidade e emoção,
sobretudo pelas interpretações magistrais de dois grandes e consagrados atores
americanos: O excelente Morgan Freeman (
Conduzindo
Miss Daisy; Amistad; Antes de Partir, O Reencontro; Todo Poderoso; Menina de Ouro; Batman
Begins e Batman o Cavaleiro das Trevas Ressurge), no papel de Nelson Mandela e Matt Damon (Gênio Indomável; Código de Honra; O Resgate do Soldado Ryan; A Identidade Bourne; Os Infiltrados), no de François Pienaar, capitão da equipe de
rugby sul-africana, os chamados Springboks. Conquanto o roteiro gire, em
parte preponderante, sobre a atuação da
seleção de rugby e o mundial que aconteceu em 1.995, são preciosos os diálogos
que revelam muito da personalidade e do exemplo do homem e estadista extraordinário que foi
Mandela e dos valores apreciáveis que cultivava e revelava, dentre os quais, o
nacionalismo, a fé, a humildade, o respeito, a sabedoria, a disciplina, o amor
ao trabalho e aos objetivos, a generosidade e o perdão, dentre outros. Imperdível
para todas as idades, especialmente para os mais jovens que não chegaram a
conhecer suficientemente Mandela e a sua importância como uma das maiores
personalidade dos séculos XX e XXI. O filme não está em cartaz nos cinemas. Os vídeos estão disponíveis em todas as locadoras e para venda nas lojas do ramo.
Até
amanhã amigos.
P.S. (1) Eis o poema Invictus, de Henley no original britânico:
Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeoning of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Find and shall find me unafraid.
It matters not how strait the gate,
How charged with punishment the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.
P.S. (2) Agora a tradução:
Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado a lado
Agradeço aos deuses que existem
Por minha alma indomável
Sob as garras cruéis das circunstâncias
Eu não tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
Minha cabeça sangra, mas continua
erguida
Mais além deste lugar de lágrimas e ira,
Jazem os horrores da sombra.
Mas a ameaça dos anos,
Me encontra e me encontrará, sem medo.
Não me importa quão estreito o portão
Quão repleta de castigo a sentença,
Eu sou o senhor do meu destino
Eu sou o capitão de minha alma.
P.S. (3) Por sua
extraordinária luta pelo fim do “apartheid” na África do Sul e pela
reconciliação entre brancos e negros em seu país, Mandela recebeu o Premio
Nobel da Paz de 1.993, conferido pela Fundação Nobel, em Oslo, Capital da Noruega.
P.S. (4) É impressionante a semelhança entre
Morgan Freeman e o próprio Nelson Mandela, semelhança física essa enriquecida
pela excepcional interpretação do ator, que foi indicado para Oscar em 1.998,
pela sua atuação no filme, na categoria de melhor ator, sem levar, contudo, a
estatueta. Levaria, contudo, o prêmio, como melhor ator coadjuvante, em 2.005,
por sua atuação no filme Menina de Ouro, de 2.004. Morgan, por outra grande
atuação, no sensível drama “Conduzindo Miss Daisy” de 1.989, recebeu o Urso de
Prata do Festival de Berlim;
P.S. (5) Matt Damon
fez furor nos EEUU, e também aqui no Brasil, ao protagonizar um filme
inesquecível: Gênio Indomável, em 1.997. Embora muito jovem, não só atuou no
longa, como foi um de seus co-roteiristas (o roteiro foi escrito por ele e por
outro talentoso ator e diretor, Ben Affeck). O sucesso foi tanto, que apesar do
relativo noviciado, ambos receberam o Oscar de melhor roteiro original em
1.998, e também, pela mesma categoria, foram premiados com o Globo de Ouro.
Damon também levou o Urso de Prata do Festival de Berlim, como melhor ator,
pela mesma atuação, em 1.997;
P.S. (6) As imagens
da coluna de hoje são, respectivamente: a de n. 1 do cartaz do filme Invictus e foi emprestada do site www.viciadoemserie.com; a de n. 2, do ator Morgan Freeman, ao lado do
Presidente Nelson Mandela, para comparar a semelhança e foi emprestada de atlantablackstar.com; a de
n. 3 do jovem ator, diretor, roteirista e filantropo, Matt Damon (cinema10.com.br)
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