domingo, 19 de janeiro de 2014

INVICTUS - POEMA E CINEMA

Boa noite amigos,


Quando, em 1.875, o poeta britânico, William Ernest Henley escreveu o poema Invictus, não poderia imaginar que ele serviria de consolo e inspiração para que um dos maiores estadistas e pacifistas de todos os tempos, o sul-africano, Nelson Mandela, morto recentemente, pudesse subsistir e suportar cada dia, cada hora, cada minuto, de um cárcere que lhe foi imposto durante  quase 30 anos.  Certo é que, ao acreditar ser “o senhor de seu destino e o capitão de sua alma”, como afirma a poesia, a despeito de todas as circunstâncias adversas, fez Mandela superar a solidão da reclusão e as adversidades, para se tornar Presidente de seu país. E mais:  servir de inspiração permanente para  enfrentar com coragem e otimismo,  as dificuldades abismais  de uma  proposta quase utópica de implantação de uma democracia com justiça social, a partir da reconstrução de um país desfacelado pelo horror do “apartheid”, confronto  interminável entre negros e brancos. E o mais importante: O humanismo secular, marca da poesia de Henley, cativou Mandela e o levou espiritualmente a perdoar os seus algozes, e a convocá-los,  para surpresa da Nação, a um exercício nunca  visto de nacionalismo, unindo brancos e negros em torno dos mesmos ideais, o  que parecia impossível,  diante da crueldade de uma história marcada pela guerra, pela opressão, e pela ausência dos valores de amor e solidariedade. O roteirista americano Anthony Peckham pega uma parte dessa história, a partir de 1.990, quando Mandela vence as eleições e se torna Presidente da África do Sul e, a propósito do Mundial de Rugby, que ocorreria no país em 1.995, consegue transformar a  desacreditada  e  odiada seleção,    símbolo da opressão dos brancos sobre os negros, em uma paixão única nacional e escreve o roteiro que se converte num filme de 135 minutos de muita sensibilidade e  emoção, sobretudo pelas interpretações magistrais de dois grandes e consagrados atores americanos: O excelente Morgan Freeman ( Conduzindo Miss Daisy; Amistad; Antes de Partir, O Reencontro; Todo Poderoso; Menina de Ouro; Batman Begins e Batman o Cavaleiro das Trevas Ressurge),   no papel de Nelson Mandela e Matt Damon (Gênio Indomável; Código de Honra; O Resgate do Soldado Ryan; A Identidade Bourne; Os Infiltrados), no de François Pienaar, capitão da equipe de rugby sul-africana, os chamados Springboks. Conquanto o roteiro gire, em parte preponderante,  sobre a atuação da seleção de rugby e o mundial que aconteceu em 1.995, são preciosos os diálogos que revelam muito da personalidade e do exemplo do homem e estadista extraordinário que foi Mandela e dos valores apreciáveis que cultivava e revelava, dentre os quais, o nacionalismo, a fé, a humildade, o respeito, a sabedoria, a disciplina, o amor ao trabalho e aos objetivos, a generosidade e o perdão, dentre outros. Imperdível para todas as idades, especialmente para os mais jovens que não chegaram a conhecer suficientemente Mandela e a sua importância como uma das maiores personalidade dos séculos XX e XXI. O filme não está em cartaz nos cinemas. Os vídeos estão disponíveis em todas as locadoras e para venda nas lojas do ramo.

Até amanhã amigos.


P.S. (1) Eis o poema Invictus,  de Henley no original britânico:

Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.


In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeoning of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Find and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishment the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.


P.S. (2) Agora a tradução:

Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado a lado
Agradeço aos deuses que existem
Por minha alma indomável

Sob as garras cruéis das circunstâncias
Eu não tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
Minha cabeça sangra, mas continua erguida

Mais além deste lugar de lágrimas e ira,
Jazem os horrores da sombra.
Mas a ameaça dos anos,
Me encontra e me encontrará, sem medo.


Não me importa quão estreito o portão
Quão repleta de castigo a sentença,
Eu sou o senhor do meu destino
Eu sou o capitão de minha alma.

P.S. (3) Por sua extraordinária luta pelo fim do “apartheid” na África do Sul e pela reconciliação entre brancos e negros em seu país, Mandela recebeu o Premio Nobel da Paz de 1.993,  conferido pela Fundação Nobel, em Oslo, Capital da Noruega.

P.S. (4) É impressionante a semelhança entre Morgan Freeman e o próprio Nelson Mandela, semelhança física essa enriquecida pela excepcional interpretação do ator, que foi indicado para Oscar em 1.998, pela sua atuação no filme, na categoria de melhor ator, sem levar, contudo, a estatueta. Levaria, contudo, o prêmio, como melhor ator coadjuvante, em 2.005, por sua atuação no filme Menina de Ouro, de 2.004. Morgan, por outra grande atuação, no sensível drama “Conduzindo Miss Daisy” de 1.989, recebeu o Urso de Prata do Festival de Berlim;

P.S. (5) Matt Damon fez furor nos EEUU, e também aqui no Brasil, ao protagonizar um filme inesquecível: Gênio Indomável, em 1.997. Embora muito jovem, não só atuou no longa, como foi um de seus co-roteiristas (o roteiro foi escrito por ele e por outro talentoso ator e diretor, Ben Affeck).  O sucesso foi tanto, que apesar do relativo noviciado, ambos receberam o Oscar de melhor roteiro original em 1.998, e também, pela mesma categoria, foram premiados com o Globo de Ouro. Damon também levou o Urso de Prata do Festival de Berlim, como melhor ator, pela mesma atuação, em 1.997;

P.S. (6) As imagens da coluna de hoje são, respectivamente:  a de n. 1 do cartaz do filme Invictus e foi emprestada do site www.viciadoemserie.com;  a de n. 2, do ator Morgan Freeman, ao lado do Presidente Nelson Mandela, para comparar a semelhança e foi  emprestada de atlantablackstar.com;  a de n. 3 do jovem ator, diretor, roteirista e filantropo, Matt Damon (cinema10.com.br)




Nenhum comentário:

Postar um comentário