Amigos,
A
Mostra ESPELHO DE ARTE - A ATRIZ E SEU TEMPO, que acontece atualmente no Shopping Iguatemi de Campinas, tem,
ao menos, dois méritos que merecem destaque. O primeiro deles consiste no
próprio projeto idealizado e implementado pelo curador, o ator, Ivan Izzo, a quem cumprimento,
por trazer ao público em geral a vida e obra de personagem relevante da história cultural do
país. Com isso, ressalta o valor
da memória na formação das novas gerações. O outro merecimento está no próprio
personagem, no caso, a atriz Regina
Duarte, inegável destaque na dramaturgia do Brasil, por dar corpo, vida e popularidade a personagens da
literatura e dramaturgia universais e tupiniquins, com talento, coragem e
competência, parte das quais numa época em que a liberdade de criação, a crítica política e
social estiveram inquestionavelmente comprometidas neste país. Para começo de
assunto ninguém da geração de Regina,
em qualquer modalidade de arte e cultura, conseguiu permanecer vivo e atuante
no cenário cada vez mais competitivo e plural, por tanto tempo, se não tivesse
comprovado efetiva qualidade.
Por outro, Regina talvez já tivesse sido esquecida se não tivesse corrido riscos e aceito desafios, abandonando a chamada "zona de conforto" em que se encontrava, quando foi batizada de “namoradinha do Brasil” pelos sucessivos papéis de mocinhas ternas e vazias nas primeiras novelas que realizou ainda na TV Excelsior e nos primeiros anos da TV Globo, nas décadas de 60 e 70. Nada contra esse tipo de personagem, obviamente, muito apreciado, na ocasião, pela sociedade brasileira, ainda marcada pelos conceitos singelos e puristas de um povo que migrava do campo para a cidade.
O que releva é exatamente a consciência da atriz de que seria preciso crescer e abandonar o rótulo que marcara a fase inicial de sua carreira para transitar por novos horizontes, por searas perigosas e incertas como a vida.
Por outro, Regina talvez já tivesse sido esquecida se não tivesse corrido riscos e aceito desafios, abandonando a chamada "zona de conforto" em que se encontrava, quando foi batizada de “namoradinha do Brasil” pelos sucessivos papéis de mocinhas ternas e vazias nas primeiras novelas que realizou ainda na TV Excelsior e nos primeiros anos da TV Globo, nas décadas de 60 e 70. Nada contra esse tipo de personagem, obviamente, muito apreciado, na ocasião, pela sociedade brasileira, ainda marcada pelos conceitos singelos e puristas de um povo que migrava do campo para a cidade.
O que releva é exatamente a consciência da atriz de que seria preciso crescer e abandonar o rótulo que marcara a fase inicial de sua carreira para transitar por novos horizontes, por searas perigosas e incertas como a vida.
A importância do seriado Malu Mulher que ela protagonizou na TV
Globo, ao lado do ator e hoje diretor, Denis Carvalho, foi
destaque no Brasil e no exterior. Da mocinha sonhadora das primeiras
novelas, Regina passou a viver o
dia a dia real da fictícia Maria Lucia
(Malu), uma mulher com problemas num
casamento em crise e que decidira, a despeito do preconceito que a sociedade
ainda nutria contra a mulher desquitada,
abandonar o casamento frustrado, para buscar
novos rumos, desafiando tabus e
conceitos que a hipocrisia social da família tradicional brasileira ainda
conservava. Méritos também para a Globo e pelo
visionário Daniel Filho, por terem se proposto a produzir e dirigir,
respectivamente, um
projeto que muito contribuiu para a consciência social da necessidade de se conferir igualdade e dignidade às
mulheres, questionando, de certa forma, o status então vigente e a imposição de se flertar
permanentemente com o Poder Político, fazendo concessões, seja por comodismo, seja como forma de sobrevivência.
De qualquer
forma, Regina é muito mais que isso.
Foram multifacetadas Reginas, sobretudo, as “Reginas” do espetacular e saudoso Dias
Gomes, dentre as quais a caricata viúva Porcina, de Roque Santeiro e mesmo as Reginas
“Helenas” do incorrigível carioca urbano Manuel Carlos, sempre
envolvidas com as problemáticas da cidade maravilhosa e renunciando a tudo e a
todos em prol da preservação dos laços profundos de família. A Mostra conta, além do vasto material
jornalístico, incluindo notícias e
reportagens de jornais e revistas, centenas de fotografias, com roupas e
ornamentos usados por personagens da atriz, como o vestido da viúva Porcina,
de Roque Santeiro (novela de Dias
Gomes, 1.985), troféus e láureas como dois exemplares do Roquete Pinto, durante muitos anos considerado o mais importante troféu da TV Brasileira, vídeos reproduzindo
propagandas que a atriz fez de vários produtos comerciais (antigamente se
chamavam reclames) e o molde utilizado para confeccionar a máscara que Regina usou
quando interpretou Chiquinha Gonzaga,
aos 90 anos, na minissérie do mesmo nome, de grande repercussão e sucesso.
Todo esse material é distribuído por onze ambientes, observada a cronologia, incluindo móveis, artefatos, roupas e utensílios. A Exposição fica no terceiro piso do Shopping Iguatemi de Campinas e pode ser visitada até o próximo dia 26 de julho de 2ª. a 6ª. feira, das 11,00 às 22,00 horas e domingos e feriados das 14,00 às 20,00 horas. A entrada é franca. Não deixe de ver.
Todo esse material é distribuído por onze ambientes, observada a cronologia, incluindo móveis, artefatos, roupas e utensílios. A Exposição fica no terceiro piso do Shopping Iguatemi de Campinas e pode ser visitada até o próximo dia 26 de julho de 2ª. a 6ª. feira, das 11,00 às 22,00 horas e domingos e feriados das 14,00 às 20,00 horas. A entrada é franca. Não deixe de ver.
Até amanhã amigos.
P.S. (1) Malu
Mulher foi vendido para cerca de 50 canais de televisão de vários
países. Recebeu inúmeros prêmios. Em 1.979, o Prêmio Ondas (Sociedade
Espanhola de Radiodifusão e da Rádio Barcelona). Em 1.980, o Prêmio Iris como melhor produção
estrangeira exibida em televisão nos Estados Unidos, ano em que também foi
exibido em horário nobre na Suécia, superando audiência de vários programas da
BBC da Inglaterra. No ano de 1.982 foi considerado o melhor programa de televisão do ano em Portugal e na Grécia. Em 1.983 foi ao ar em Cuba e em 1.988 exibido pelo canal Antenne 2, da França, com o título de Maria
Lúcia. Na Holanda mais de um
milhão de telespectadores assistiram ao primeiro episódio e cerca de três
milhões acompanharam o seriado durante seis semanas. (notas emprestadas do
site Wikipédia);
P.S. (2) a atriz Regina
Duarte, que muitos acreditam ter nascido em Campinas, na verdade nasceu em Franca,
interior de São Paulo, no dia 05 de fevereiro de 1.947 (tem, portanto, 68
anos), mas viveu grande parte de sua
infância e adolescência aqui, dos seis
aos dezoito anos. Começou sua preparação no Teatro do Estudante de Campinas.
Estreou, ainda amadora, na peça A Compadecida, de Ariano Suassuna. Em 1.965
deu início à sua carreira profissional na extinta TV Excelsior de São Paulo, na novela A Deusa Vencida, de Ivani Ribeiro. No mesmo ano, estreou no teatro com a peça A Megera Domada, de Shakespeare. De sua vasta obra, constam novelas,
minisséries, dezenas de peças teatrais e filmes. Uma carreira consolidada e
consagrada a justificar a Mostra;
P.S. (3) As imagens da
coluna de hoje são todas de meu próprio celular, obtidas durante a minha visita
à Exposição.
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