domingo, 24 de julho de 2016

O FEIJÃO CARIOQUINHA É PAULISTA?

Boa tarde amigos,
Feijão tropeiro, uma iguaria muito apreciada em Minas

Gerais e no Rio Grande do Sul (imagem emprestada  de
 comida.uncomo.com.br/pratosdomundo).
O feijão carioca ou carioquinha, o arroz e as passagens aéreas são os mais recentes vilões da inflação do mês de junho. O preço do feijão, contudo, é o grande protagonista do ano e não há muita esperança de que o produto possa baixar de preço. O arroz-feijão, um casamento perfeito, segundo os nossos nutricionistas, porque oferece grande diversidade de proteínas, vitaminas, carboidratos e sais minerais, é uma invenção tipicamente brasileira e deve ser considerada a dupla fundamental a ser garantida como essencial à mesa da família brasileira, especialmente da população mais pobre. No caso do feijão carioca a culpa foi debitada fundamentalmente ao clima. Os dois maiores produtores, os Estados do Paraná e de Minas Gerais, respectivamente, tiveram a produção muita afetada pelas chuvas e, depois, pelo frio, o que determinou perdas e menor oferta no mercado. O preço, então, pela velha e infalível lei da oferta e da procura, foi às nuvens. 
Porco da raça carioca,  que dá nome ao feijão carioqui-
nha, com a cantora Valesca Popozuda, numa das versões
do programa A Fazenda exibido pela TV Record (imagem
emprestada de afazenda.r7.com.).
Contribuíram, também, a falta de estoque e a elevação dos custos de produção, como, energia, insumos e mão de obra. Mesmo tendo o governo brasileiro acenado com a importação do produto, a questão não é simples, porque o feijão carioca é um produto produzido  basicamente no Brasil. Conclusão: o jeito é mesmo substituir o produto por outro que ofereça as mesmas propriedades, ou algo por volta disso. Uma dica importante é a seguinte: a alta não atingiu o preço do feijão preto, que é o mais consumido em alguns Estados brasileiros, como no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Essa é a melhor solução para os paulistas e outros conterrâneos que têm no feijão carioca o consumo básico, por razões culturais.

Até mais amigos, 
Feijão tropeiro nordestino, uma versão em que a farinha de 

mandioca da receita original é substituída pelo cuzcuz (ima
gem emprestada de papjerimun.blogspot.com.br.)
P.S. (1) Outro dia acordei com o seguinte dilema: Por que o carioca come feijão preto e é o paulista quem consome basicamente o feijão carioca? Seria uma provocação bairrista? Bem, o mais importante é saber a origem do nome do feijão carioca. É carioca da cidade do Rio de Janeiro? Não. Leonardo Melo, coordenador do programa de melhoramento do feijão da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) explica que o  feijão carioca surgiu em uma propriedade rural de São Paulo, na década de 70. Um belo dia, o produtor encontrou uma planta diferente em meio a sua lavoura, provavelmente originada de uma mutação genética. Era uma planta grande e vistosa, capaz de produzir o dobro das outras. O fazendeiro, percebendo os benefícios, levou a semente dessa planta curiosa para o Instituto Agronômico de Campinas, que começou a multiplicar e testar esse grão. Aqui, eles comprovaram que esse feijão de grãos bege com listras marrons tinha uma produtividade muito maior que os outros tipos já existentes. Curiosamente, a cor é a mesma de uma raça de porco caipira, chamada carioca, muito comum na época. O carioca era um porco gordo e bege, que tinha essas listras espalhadas pelo corpo. Vendo isso, o produtor decidiu homenagear o novo feijão com o nome do animal. Nada a ver com os desenhos em forma de onda do calçadão de Copacabana, uma versão que chegou a correr por aí., sem fundamento. <http://super.abril.com.br/blogs/oraculo/se-carioca-come-feijao-preto-por-que-o-feijao-carioca-tem-esse-nome/> Acesso em 24 de julho de 2.016.

O festejado caldo de feijão, um prato que pode ser servido

em pequenas tigelas ou em copos, como entrada de feijoa
das ou como prato para recuperar forças dos boêmios após
a ingestão de grande quantidade de álcool (imagem em--
prestada de caldospaulista.com.br.)
P.S. (2) O feijão preto é a variedade preferida do pessoal do Rio de Janeiro, provavelmente como herança dos tempos do Brasil Império, em que os escravos o cozinhavam junto com carnes menos nobres, que sobravam ou eram descartadas das panelas dos patrões, dando origem à nossa famosa feijoada.  Representa atualmente 20% da produção brasileira de feijão e de seu consumo, perdendo para o tipo Carioquinha e outros que, juntos, são consumidos por mais de 70% da população brasileira. O feijão preto também é apreciado na cozinha mexicana, acompanhando pratos como chilli, taco e burritos;

P.S. (3) O feijão carioquinha se caracteriza por seu tamanho médio e grãos com listas marrons fortes. Rende um bom caldo e cozinha rapidamente. É o mais indicado para um belo feijão tropeiro, prato em que o feijão é misturado com farinha, cheiro-verde, lingüiça ou outros embutidos, ou ainda, com carne de sol da cozinha nordestina.

P.S. (4) O feijão tropeiro é receita originalmente criada pelos bandeirantes e tropeiros paulistas para garantir-lhes uma alimentação forte e nutritiva enquanto seguiam por caminhos obscuros a serem ainda desbravados.

A dupla protagonista das refeições dos brasileiros e que -

tem comprovado alto valor nutritivo (imagem emprestada
de cafe2dejulho.com.br.).
P.S. (5) Quando se fala na qualidade nutricional do feijão, um ótimo alimento para a saúde quando consumido moderadamente, trata-se de verdade científica comprovada. Abaixo vejam a tabela de composição nutricional  (TACO – Tabela Brasileira de Composição de Alimentos),   tanto do feijão preto, quando do feijão carioquinha, com muito poucas diferenças, a indicar que um pode ser substituído pelo outro, sem perda da qualidade nutricional.


Composição nutricional do feijão (por 100g):
Feijão – preto
Feijão-carioca
Calorias
77 cal
76 cal
Proteínas
4,5 g
4,8 g
Lipídeos
0,5 g
0,5 g
Colesterol
0,0 mg
0,0 mg
Carboidrato
14 g
13,6 g
Fibra
8,4 g
8,5 g
Cálcio
29 mg
27 mg
Ferro
1,5 mg
1,3 mg
Potássio
256 mg
255 mg


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