Bom dia amigos,
Hoje é dia de “causo”. Esse “causo” aconteceu em Jundiaí, não foi comigo e está no meu livro “Causas & Causos” n. I. Vamos lá:
“INSCRIÇÃO NA OAB"
“Diz que Deus diz que dá. Não vou duvidar, oh, nega, E se Deus não dá. Como é que vai ficar, oh, nega. Deus Dará. Deus Dará” (Chico Buarque de Hollanda)
Seu Josias era homem de vida honrada. Nos seus cinqüenta e dois anos mantinha-se “virgem” perante a vida, ou seja, não se envolvera com dívidas, jogo, mulher ou Justiça. Não é que, certa noite, retornando de viagem a São Paulo pela Rodovia dos Bandeirantes, acaba atropelando um pedestre, causando, na vítima, ferimentos de natureza grave.
Seu Josias era homem de vida honrada. Nos seus cinqüenta e dois anos mantinha-se “virgem” perante a vida, ou seja, não se envolvera com dívidas, jogo, mulher ou Justiça. Não é que, certa noite, retornando de viagem a São Paulo pela Rodovia dos Bandeirantes, acaba atropelando um pedestre, causando, na vítima, ferimentos de natureza grave.
Concluído o inquérito, o Dr. Promotor de Justiça de Jundiaí viu elementos que podiam incriminar o Josias. Está certo que teria havido uma certa culpa da vítima, o que, segundo a acusação, não eliminava a do réu, o qual dirigia em excesso de velocidade e tinha queimado uma das luzes da lanterna do veículo.
O Josias ficou apavorado.
O Meritíssimo Juiz recebeu a denúncia e marcou data para o interrogatório.
Precavido o Josias falou com “Deus e todo mundo”.
Queria saber o que podia acontecer. Se ia para a cadeia, se ia perder a primariedade, se tinha direito a “súrsis” e coisas do gênero.
Mas, sobretudo, queria saber quem e como era o Juiz.
O advogado que lhe haviam indicado, orientou-o a comparecer ao interrogatório sozinho, pois ele entraria na jogada posteriormente, na fase da defesa prévia.
Mas avisou o Josias:
-Olha, o Juiz é um sujeito polido, atencioso, profundamente religioso. Católico praticante, carola mesmo, se preferir.
Na data aprazada, no entanto, o Juiz Titular, cujo perfil lhe foi traçado, entrara de licença, tendo sido designado um Substituto para a respectiva Vara.
Ao contrário do outro, esse era gozador, nada polido e, .... pior... ateu, profundamente ateu.
Lá chega o Josias, apregoado pelo porteiro dos auditórios, na data e sala palco do interrogatório.
Trajando um terno escuro, trazia na mão uma bíblia (dessas identificáveis facilmente ao longe) e um terço.
O juiz olhou meio de soslaio.
Iniciado o interrogatório, o Magistrado pergunta:
- O Senhor já foi preso ou processado?
- Nunca, nunca senhor juiz, responde o Josias.
- O Senhor tem advogado?
O Josias parou, olhou firmemente para o Juiz, fez cara de “rogado” e apertando a bíblia, respondeu:
- Excelência, meu advogado é o melhor dos advogados. É Nosso Senhor Jesus Cristo, que está comigo em todos os momentos.
O Juiz ouviu, parou por um instante e com um ar sério, resvalando para o grave, disparou:
- Olhe moço, é melhor o senhor arrumar outro advogado, porque esse aí que o senhor citou não está inscrito na OAB”.
Até amanhã.
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