Inaugurei esse espaço em fevereiro deste ano. Quem preparou o blog foi o meu genro, Renato, pois era e é evidente a dificuldade, própria da minha geração, de lidar bem com essas maravilhosas novidades da era da cibernética e da informática. OK. Mas desde o início, ao estabelecer o meu perfil, percebi que fui econômico. Não nas minhas titulações, que isso hoje pouco tem a ver comigo. Mas na ausência de apresentação ou de falta de justificativa para o espaço. Bem mas para que o blog? Resolvi tocar no assunto e hoje me deu vontade de falar com os meus seguidores, que conseguiram se cadastrar como tal, e aqueles muitos outros que se encontram comigo e não têm vergonha de dizer que não trabalham bem com essas coisas. Que nem sabem como poderiam fazer o tal cadastro. Claro que eu prezo e muito os meus seguidores que se apresentam como tal e gostaria muito que eles dialogassem comigo muito mais do que vem acontecendo. Mas o importante é a comunicação e o resultado dela quando se transforma num diálogo. É isso! A idéia do blog surgiu da necessidade permanente de me comunicar, o tempo todo, com o mundo, e de utilizar novos e eficientes canais para esse efeito. E tudo tem a ver com um processo que para mim tem sido eterno, qual seja, a obsessão pelo auto-conhecimento e pelo conhecimento do outro, dos outros, do gênero humano, desse animal racional complexo capaz de condutas nobres e sórdidas, dependentes de uma série de circunstâncias. O “eu sou eu e minha circunstância”, na clássica conceituação do filósofo Ortega e Gasset. À medida que avanço nesse processo, fica mais fácil me aceitar e desenvolver a conduta de tolerância para comigo e com os outros. Passei uma vida inteira achando que eu tinha que buscar necessariamente uma coerência, uma harmonia. Mas descobri que o ser humano é complexo. Que isso não é tão simples. E que, a contradição, o ser e não ser, o pensar e não pensar, o amar e não amar, não são corpos estranhos e excludentes dentro da alma humana. Ao contrário, integram mesmo a essência desse ser, que não sabe como veio ao mundo, nem porque, nem para que. Ao dizer o que penso sobre determinado assunto, com as influências todas que meu pensamento possa ter sofrido, estou fazendo catarse. E é bom. Economiza o analista e o dinheiro do analista. Além disso, também confesso que tenho medos. Um deles é de me procurar muito e me perder de mim. Aquela história que o Cazuza cantou na sua antológica Ideologia: “Eu vou pagar a conta do analista. Pra nunca mais ter que saber quem eu sou”... Assim escrever é uma forma de não perder a minha própria referência, mas também dividir aquele momento gostoso do dia anterior, ou de um passado mais remoto. Aquele momento sério de reflexão sobre algum tema importante ao ser humano, seja relacionado com medicina, política, literatura, economia, Direito, obras sociais, Educação, Filosofia ou cultura em geral. E falar também do que nos concede prazer nessa vida. Dividir o momento especial de uma boa taça de Champagne ou de espumante (que é o nome que se dá a tudo que antes era champagne e que agora não pode mais ser chamado assim, por força de invocado e reconhecido direito exclusivo de propriedade imaterial). De uma música clássica ou popular na voz de cantores e compositores, intérpretes talentosos, com arranjos magníficos. E são tantos... (Elis Regina, Maria Bethania, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Elvis, Piaf, Beatles, Elton John, Pavarotti, Ana Carolina, Simone, Maysa, Maria Lúcia Godoy, Chico, Edu, Rita Lee, Gil, Caetano, Gal, Monica Salmazo, Niza Tank e um mundo de gente desse universo). Dividir as impressões de um restaurante, o espaço que oferece, o menu criativo do chef, o serviço, ou de um novo filme, nacional (o bom cinema contemporâneo ou o velho cinema brasileiro, de Mazzaropi a Cacá Diegues, de Glauber Rocha a Daniel Filho, de Arnaldo Jabor a Lais Bodansky), ou estrangeiro (cinema iraniano, francês, europeu em geral, ou americano). Há algumas influências e assuntos específicos: O gosto pelas gravatas, A história dos 60 anos da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. É que estou lá desde 1.970, quando entrei pelo Páteo dos Leões para me inscrever para o Vestibular de Direito. E de lá nunca mais sai. São 41 anos de história dos 60 da Faculdade e é preciso registrar, para que se guarde na memória. E falar sobre esporte. O esporte me interessa e me fascina. Futebol, que é o esporte nacional mais importante, de todos o times deste país, mas também do meu Guarani de Campinas. Do meu Bugre hoje modesto e que luta para sobreviver, depois de sucessivos fracassos econômicos e de administração e de ter encontrado a glória nos anos 70 e 80. Falar também de tênis, basquete, vôlei e outras modalidades esportivas. O esporte chama o homem para as suas possibilidades e os seus limites, de forma sadia. Ah, e gastronomia? É o meu lado hedonista, ou seja, aquele lado que precisa de prazer permanente para valorizar a vida. Hoje o alimento não é mais para mim uma simples forma de vida ou de sobrevivência. É uma arte e um prazer poder degustar o que há de novidades em termos de comida e bebida. Por isso a minha vontade de falar de restaurantes, especialidades, preparo de pratos elaborados com competência, junção de sabores e carinho. E do vinho. Vinho ou cerveja, ou whisky, não importa. É questão de predileção de cada um. É preciso que a gente aprenda a ter prazer a despeito das injustiças do mundo. E lutar contra elas ferrenhamente, sem angústias ou melancolias seguidas e profundas. Não sentir culpa de ter acesso a coisas que lutamos para conseguir, sem violar a ética, sem prejudicar o outro. Lutar por justiça social, realizando obras específicas ou sociais, dentro das possibilidades. E especialmente falar de tudo isso de forma espontânea, inciente e leiga, como inciente e leigo sou em relação a esses assuntos.
Será um prazer dialogar com outros incientes. Ou com especialistas para aprender mais.
Boa noite e até amanhã.
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