segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A ARTE DE GUILHERME COTEGIPE

Boa noite, amigos


Era ainda menino quando conheci Guilherme Amâncio Cotegipe. Aos 14 anos fui trabalhar como auxiliar no Cartório do 5º Ofício Judicial de Campinas, ainda ao tempo em que os Cartórios judiciais não eram oficializados, isto é, tal qual acontece hoje com os extrajudiciais (Tabelionatos, Registros Civil e de Imóveis etc.), objeto de delegação do Estado a particulares. Bons tempos aqueles. Sob a batuta de três extraordinários Escreventes (Adyr José Bannwart, Aluisio Antonio Marques e Geraldo de Carvalho Junior), e a supervisão do imprevisível e irascível dono do Cartório (o Tabelião e Escrivão, Dyonísio José dos Santos Filho), pertencíamos a um grupo de jovens auxiliares (além de nós dois, o João Baiano, o Sérgio Spricigo, o Odair Schaffer, o Buzim e o Cazarin).  Guilherme era também  aluno do badalado Culto À Ciência, um dos dois melhores colégios estaduais de Campinas, enquanto eu fazia meu curso ginasial, depois colegial, em outro estabelecimento de ensino público, recém criado, sem a mesma fama e prestígio, situado no bairro do Taquaral,  (o Colégio Estadual Barão de Ataliba Nogueira). Mas o assunto hoje é o Guilherme. Aluno brilhante, especialmente nas disciplinas da área de Humanas, Guilherme, depois de se formar em Jornalismo,  foi para São Paulo em 1.974,  onde trabalhou, como Revisor, na Folha de São Paulo,  na  Revista Isto É e  no Diário do Comércio. Em 1.987 segue  para Salvador, onde passa a residir e exercer a mesma profissão de Revisor no jornal A Tarde. Em 1.998,  deixa o trabalho de Revisor e retorna às origens, voltando a residir em Campinas, onde passa a abraçar as artes plásticas.  Autodidata, o interesse do artista é a cultura brasileira, especialmente, a cultura popular, manifestada em  danças,como o frevo e o samba, em festas folclóricas religiosas, como o Divino, a Congada, a Festa de Reis, e em desfiles regionais ou nacionais (Boi Bumbá, Maracatu, Carnaval).  Em 2.005, em entrevista para o Correio Popular, desabafou: “Não há um artista vivo preocupado em divulgar as manifestações culturais brasileiras, o lado festivo do povo”. Nesse mesmo ano, foi convidado a expor sua arte no Salon d’Art Nature Animaux de Paris, local que reúne trabalhos de designers e compositores brasileiros.  Guilherme afirma não se considerar propriamente um pintor, mas um desenhista, cuja autenticidade e diferencial está no jeito próprio e característico de riscar as figuras. O gênero? Bem ele não gosta muito de falar de gênero de sua arte.  Foi considerado, porém, “um pouco naif”, pela produtora Carmen E. Pousada,  isto é, um primitivista, gênero de pintura que não se  vincula a nenhuma escola ou tendência específica. Assinala também que muitos autores e artistas influenciaram  os seus temas, dentre eles, os baianos  Jorge Amado e Caetano Veloso.  Tímido, no bate-papo  que fizemos na Casa do Lago, na Unicamp, no último dia em que o estabelecimento recebia a sua exposição, queixa-se da falta de apoio e incentivo para esse tipo de arte: --- O brasileiro acredita que a cultura popular do país é coisa irrelevante, desabafa. Seus desenhos ornam uma gama imensa de produtos: canecas, bonés, camisetas, bolsas, xícaras e, claro, telas. Enquanto conta os meses e dias para tentar obter sua aposentadoria, que ajudará nas despesas primárias da casa em que reside com a mãe e um irmão, Guilherme continua fazendo arte e buscando viver com dignidade de seu trabalho artístico.  Um trabalho talentoso que merece ser conhecido e prestigiado.
Até amanhã amigos.


P.S. (1)  O contato com Guilherme Cotegipe pode ser feito no seguinte endereço: Rua Padre Leonel França, n. 170, Jardim Leonor, Campinas (SP). Cep. 13.041-190. Telefones: (019) 994407387. E.mail: guilhermecotegipe@ig.com.br.


P.S. (2) A Congada é uma festa popular originária de prática religiosa africana. Guilherme afirma que a primeira vez que viu uma congada foi em Monte Alegre, num passeio familiar no final de semana.



P.S. (3) A festa do Divino é uma festa religiosa portuguesa trazida para o Brasil no século XVI. No ritual a bandeira do divino, representada por uma pomba, é conduzida pela cidade.


P.S. (4) A imagem que abre a coluna de hoje é de uma tela de Guilherme denominada Trilhos Urbanos, na qual retrata uma paisagem urbana de bondes cortando as ruas de Salvador (Ba) e foi inspirada no poema “O Turista Aprendiz” de Mário de Andrade; A segunda tela  foi denominada Cangaceiros e está na categoria Político-Social. A terceira tela é Capoeira I. Todas as imagens foram emprestadas de guilhermecotegipe.blogspot.com.br, que você pode consultar para saber mais sobre o autor e suas obras.




quinta-feira, 19 de setembro de 2013

GASTRONOMIA - BISTRÔ CASA DE MARIA

Boa noite amigos,


Bistrô significa, segundo os dicionários, um bar ou restaurante pequeno e acolhedor, que serve comidas simples. Os bistrôs são muito populares na França, de onde a palavra teria origem. Há, todavia, aqueles que sustentam que, em verdade, a expressão é russa (bystro) e teria surgido em 1815, durante a ocupação soviética em Paris, verbete cujo significado seria um lugar para alimentação rápida. Na sua concepção pura ou inicial, nos bistrôs não há funcionários. O próprio Chef ou  proprietário é que serve os clientes, ouvindo a sua pedida e cozinhando a seu gosto, num clima absolutamente cordial e doméstico. O belo, progressista e charmoso Distrito de Barão Geraldo é hoje referência em cultura, educação, saúde e  também, claro,  em gastronomia. Afinal ali se encontra a Universidade Estadual de Campinas, a renomada Unicamp, com milhares de docentes, funcionários e alunos, muitos dos quais de vários pontos do país e do exterior.  Para atender toda essa versátil gama de consumidores há um grande número de restaurantes, bares e centros culturais, alguns com espetáculos e  músicas ao vivo. A alimentação é variada: simples ou mais elaborada, pratos executivos, comida caseira, self service, há de tudo para todos os gostos e bolsos. Nesse contexto universalizado, surgiu um bistrô extremamente aconchegante e simpático em plena avenida que liga o centro do Distrito à Unicamp, a Av. Romeu Tórtima. Num pequeno prédio cercado de arbustos e plantas, o Bistrô Casa de Maria se destaca pela singeleza com charme, pelo simpático e pronto atendimento, pela criatividade de  pratos elaborados pelo Chef André Bearzotti, indicado pela VEJA CAMPINAS em 2.012 como um dos melhores  da cidade. Vejam só algumas de suas criações constantes do menu oferecido em dias variados, no almoço executivo: conchiglione recheado com catupiry ao molho rose; frango grelhado ao molho caribenho com arroz, abacaxi e curry; truta ao molho de laranja com risoto de alfazema e um belíssimo carro-chefe que eu provei e aprovei, sem dúvida: noix ao molho de cogumelos frescos, purê de batata com gorgonzola e croutons temperados no azeite (imagem de abertura da coluna).  O fregues conta, ainda, com  uma vasta oferta de massas recheadas, queijos, frutas, carnes, aves e pescados, associados a molhos e temperos que realçam competentemente os seus sabores, em especial os deliciosos risotos que acompanham grande número de pratos, tudo para ser consumido com sucos, cerveja ou principalmente um bom vinho que pode ser escolhido em  pomposa carta com mais de 100 rótulos,  de vários países.  Em regra, é bom fazer reserva, tendo em vista a limitada capacidade do bistrô. Elegante, acolhedor, simples,  simpático, com variados pratos reunindo ingredientes e receitas brasileiras e de países europeus, deve ser incluído dentre os estabelecimentos que você deve ir de vez em quando e  levar as pessoas que gosta.


Até amanhã amigos.



P.S (1) O restaurante fica na Avenida Romeu Tortima, 368, Distrito de Barão Geraldo. Telefone 3365-2530. A casa funciona de 2ª. feira a domingo, nos seguintes horários: 2ª. feira,  apenas para almoço entre 11,30 e 15 horas; 3ª. a 5ª. feira, almoço entre 11,30 e 15 horas e jantar entre 19 e 23 horas; 6ª. feira, almoço entre 11,30 e 15 horas e jantar entre 19 e 00 hora;  Sábado, almoço entre 12 e 16 horas e jantar entre 19 e 00 hora. No domingo apenas almoço entre 12 e 16 horas.
P.S. (2) O Chef André Bearzotti responde também por outras duas casas de primeira linha situadas em Campinas, no bairro Cambuí: Os restaurantes Gallo Nero (Rua Maria Monteiro, 59) e o recém inaugurado Nosotros, ambos muito elogiados pela galera que curte e entende de boa gastronomia.


P.S  (3) O Chef André cursou Hotelaria no Senac e fez longa carreira no Brasil e na Inglaterra. Em Londres trabalhou no The Engeneer nos anos de 2.001/2.002. Em Campinas, também respondeu pelo criativo cardápio do restaurante La Pasta Gialla;

P.S. (4) As imagens da coluna registram o nosso almoço (do pessoal da Procuradoria Geral da Unicamp), durante a comemoração de aniversário da querida amiga Cláudia Cecchi Alface. As fotos são da Dra. Sílvia Novaes, do Dr. André Laubeinstein Pereira e da própria Dra. Cláudia, aos quais confiro os justos e reclamados créditos.






sábado, 14 de setembro de 2013

FUTEBOL - O GOL QUE O MASSAGISTA EVITOU

Boa noite amigos,



I - Um dos assuntos que mais deu o que falar no último final de semana foi a defesa que o massagista, Romildo Fonseca da Silva, o Esquerdinha, fez, em dois tempos, no final da partida válida pela série D do Campeonato Brasileiro, evitando o terceiro gol da equipe do Tupi (MG), gol esse que desempataria a peleja (o placar apontava 2 a 2) e daria a classificação ao Tupi e não ao Aparicidense, de Goiás,  para a sequência do campeonato. O resultado está agora “sub judice”, nas mãos do STJD da Confederação Brasileira de Futebol. Na melhor das hipóteses e, prevalecendo o que parece de justiça, a partida será anulada, determinando-se que outra seja disputada entre as equipes. Bom, mas o que se indaga é o que diz a regra (se é que ela existe) em casos dessa natureza, infelizmente não tão raros assim, como se poderia imaginar, nas centenas e milhares de partidas que se desenvolvem em todo o país, durante os campeonatos regionais, nacionais e internacionais. Bem, quando qualquer pessoa credenciada ou não,  profissional ou não, vinculada a qualquer das equipes em disputa entrar em campo, o árbitro deve aguardar que esse chamado “corpo estranho” toque na bola. Quando tal acontece ele deve paralisar imediatamente a partida, expulsar o invasor e reiniciar a partida com uma bola ao chão na linha da pequena área paralela à linha de fundo, no ponto mais próximo em que houve a interferência.  Se a interferência ocorre dentro da pequena área, a bola ao chão é feita em cima da linha da área de meta paralela à linha de fundo, a 5,50 metros da linha de fundo no ponto mais próximo da interferência, como explica o ex-árbitro gaúcho, Leonardo Gaciba, no seu blog.  No caso assinalado, Esquerdinha tirou a bola que estava atravessando a linha do gol, isto é, um gol certo e indiscutível. Nada obstante, pela regra, o gol não poderia ser registrado pelo árbitro e agora, em manifesto prejuízo da equipe do Tupi e benefício ao infrator, o máximo que se pode esperar é a determinação da  realização de uma nova partida. Ou seja, outros 90 minutos, dentro dos quais a equipe da Aparicidense terá nova e excepcional chance de mudar o resultado de um jogo perdido. A regra poderia muito bem estabelecer, para essa hipótese, a cobrança de uma penalidade máxima em favor da equipe prejudicada. Assim, ainda que o pênalti possa não ser convertido, a solução me parece muito mais consentânea com a justiça no caso concreto.

II – A Justiça Desportiva houve por bem punir a equipe do Betim, de Minas Gerais, por ter entrado na Justiça Comum contra determinada penalidade esportiva que lhe foi aplicada. A pena foi de desclassificação do Betim, que não joga mais pela série C, do Campeonato Brasileiro deste ano, a menos que obtenha provimento a um recurso que já ingressou. Outra interferência mal vinda nos resultados obtidos no campo de futebol. Isso porque, as outras nove (9) equipes de sua chave podem acabar beneficiadas ou prejudicadas, conforme o caso, com essa desclassificação. Explico: o Guarani, por exemplo, que venceu a equipe mineira, no primeiro turno, no campo do adversário, perde a oportunidade de obter três pontos no jogo de volta, que seria aqui em Campinas, mas que simplesmente não haverá. Já as equipes que jogaram contra o Betim, no primeiro turno, em seus domínios, ficam livres de enfrentar o mesmo adversário, no seu campo. Isso é justo? É equilibrado? Tem mais: como serão computados os resultados? Se algumas equipes não jogarão mais com o clube punido, no segundo turno, como ficarão os pontos de outras equipes que já  o enfrentaram nas primeiras rodadas? Enfim, uma coisa é certa: o número de jogos diminui prejudicando equipes que contavam com o número oficial de partidas para seu planejamento de classificação. E tem ainda o risco da Justiça Desportiva cancelar os resultados todos dos jogos, anulando os pontos ganhos pelos adversários. Um absurdo total. Essa pena de eliminação não tem cabimento. Se a infração é grave, daquelas que possam ensejar pena máxima, ela deve ser aplicada com a eliminação da equipe do campeonato subseqüente, nunca daquele que está em andamento, por causa dos reflexos retroativos diferenciados e, pois, injustos e inadequados que essa aplicação pode causar. O que acham os amigos?

Boa noite companheiros.



P.S. (1) O gol que foi impedido por Esquerdinha aconteceria aos 44 minutos do segundo tempo, um apenas antes do tempo regulamentar;

P.S. (2) O árbitro da partida foi Arilson Bispo de Anunciação que  não validou o gol acertadamente, pelo menos  do ponto de vista da regra que regula a inusitada intervenção;

P.S. (3) A imagem da coluna de hoje é exatamente do lance em que o massagista evita com os pés que a bola ultrapasse a linha do gol e foi emprestada de zerohora.clicrbs. com.br.


OBSERVAÇÃO:  NOS DOIS CASOS RELATADOS NESTA COLUNA, A JUSTIÇA DESPORTIVA, RECENTEMENTE, ACABOU POR DAR SOLUÇÃO QUE ATENDE MUITO MAIS AO CRITÉRIO  DE JUSTIÇA DO QUE DE MERA INTERPRETAÇÃO LITERAL DE REGULAMENTOS MAL ELABORADOS OU QUE NÃO PREVEEM SITUAÇÕES COMO ESSAS, EXCEPCIONAIS.  NESSES CASOS O APLAUSO  DE TODOS NÓS, ESPORTISTAS. O APARECIDENSE FOI DESCLASSIFICADO, DESDE LOGO, SENDO SUBSTITUÍDO, NA VAGA, PELO TUPI. NO CASO DO BETIM, ELE FOI MANTIDO NO CAMPEONATO, DEVENDO FAZER TODOS OS JOGOS PREVISTOS COM SEUS ADVERSÁRIOS, FICANDO A PENA RESTRITA À PERDA DE PONTOS PRÓPRIOS E,   EVENTUALMENTE, A SUA NÃO INCLUSÃO, NO PRÓXIMO CAMPEONATO ORGANIZADO PELA CBF.





terça-feira, 10 de setembro de 2013

CAUSAS & CAUSOS - A DAMA DE COPAS





Boa noite amigos,

Lá vai mais um conto (ou "causo") que está no meu livro Causas & Causos II, da Editora Millenium:


Sou o rei de espada. Tô esperando seu jogo. Meu amor pegando fogo. E você escondendo ás” (Maciel Melo, Dama de Ouros).

"Semblante sereno, a senhora mantinha-se ereta e elegante, mesmo sentada ao redor da mesa onde se jogavam cartas.
A voz mal se ouvia.
Os gestos delicados, denunciavam invejável educação de berço.
Já havia atingido idade madura e os fios de cabelos brancos eram intensos, mesclados aos negros na cabeleira que não era mais tão vasta, quanto o fora na juventude.
A beleza, no entanto, mantinha-se quase que intacta, não a beleza lisa e reta da adolescência, mas aquela que se podia notar do olhar vindo do fundo dos olhos castanhos, próximos aos quais surgiam as primeiras rugas da terceira idade.
O marido, ao contrário, falante e espalhafatoso,  era o parceiro que lhe destinara o  acaso, também no caso, pelo sorteio realizado para o jogo de duplas.
- Preste atenção no jogo, olhe o que eu vou descartar.
- Veja quantas cartas eu tenho, hein!
As advertências se seguiam na boca que não se calava do inquieto parceiro.
- Você não tem jogo nenhum para abrir? Vê se não guarda tudo na mão. O jogo é de parceria.
- Você não abre um jogo que me dê sequência, né?
A mulher continuava calada.
Às advertências, apelos ou críticas do marido levantava o olhar, como que a denotar que estava atenta às suas observações.
E só.
O pessoal da mesa também se limitava a  observar, já implicado com tanta falação.
- É melhor baixar o que tem, que eles vão bater. Já pegaram o morto.
- Você também tá com um azar desgraçado, não faz um jogo, não bate, não pega o morto.

A parceira limitou-se a esboçar um sorriso de canto de boca.
Não tinha sido bafejada pela sorte naquela noite, mas fazia o possível.
Os muitos anos decorridos desde que iniciara, por distração, o aprendizado no tal jogo de baralho, eram testemunhas de que não lhe faltava habilidade, destreza, atenção. Não se tratava absolutamente  de  jogadora inexperiente, incauta ou distraída.
Mas o marido insistia:
- A coisa tá preta. Assim não dá. É muito azar.
- Nós estamos quase 1.000 pontos atrás deles, vamos ou não vamos reagir?
Alguns minutos depois, novas ponderações.
Queixas, lamúrias, blasfêmias.

 Após mais uma breve consideração do marido-parceiro e enquanto todos ali esperavam que ela finalmente lhe faça mais do que oportuna, uma providencial e educada censura, bem ao estilo da velha conhecida senhora culta, gentil e elegante, a dama levanta-se, olha para o marido, olha para todos à sua volta e faz com a cabeça um gesto de reverência,como a solicitar permissão para falar.
Em seguida, diante da perplexidade da platéia e espanto do marido,  lhe diz em público, alto e bom som:

- Cala  a boca, seu bosta"
  
Até breve amigos,

P.S. (1) A imagem da coluna de hoje foi empestada de alicepress.wordpress,com.

sábado, 7 de setembro de 2013

D - A VITAMINA DO SOL

Boa noite amigos,


Fabricio Carpinejar  escreveu um dia que “Na infância... Bastava sol lá fora e o resto se resolvia”. O pensamento é pertinente para o assunto de hoje. Dentre proteínas, sais minerais e vitaminas, substâncias de que dependemos para viver de forma saudável, a vitamina D é conhecida como “A vitamina do Sol”.  Sua deficiência provoca alteração na mineralização óssea. É fundamental para a manutenção das  concentrações de cálcio e fósforo no sangue. É curioso observar que hoje se acredita que, ao contrário de outras vitaminas, a Vitamina D é sintetizada pela pele e essa síntese teria relevância maior do que aquela relacionada à ingestão alimentar. Mas há quem garanta que a vitamina D não é realmente uma vitamina e sim um hormônio, o colecalciferol. Dentre suas várias finalidades,  ela possui papel mediador em processos inflamatórios, autoimunitórios  e de controle de níveis de pressão, doenças cardiovasculares, diabetes e câncer e colabora no desempenho de músculos, nervos e na coagulação do sangue. Em mulheres na fase pós-menopausa o baixo estado nutricional relativamente à vitamina D provoca a osteoporose, que se caracteriza pela fragilidade dos ossos, uma enfermidade de graves consequências na terceira idade. Mas a verdade é, independentemente do estágio da osteoporose, a dieta à  base de cálcio e a reposição da vitamina pela síntese da pele pelo sol são capazes de reverter completamente o processo. Conversei hoje com uma senhora que foi diagnosticada com severa osteoporose atingindo a coluna vertebral e que, em dois anos, com essa dieta, está absolutamente curada, segundo me garantiu. Agora o mais importante: é indispensável o sol. Afirma John Cannell, no site Vitamin D Council: “... diferente de outros sistemas esteróides, o sistema da vitamina D necessita de ambos, colesterol e luz solar para iniciar. O corpo não tem nenhuma maneira de obter vitamina D a menos que você entre em contato com o sol ou tome suplementos. Lembre, diferentemente de todos os outros hormônios esteróides, o corpo não pode fabricar sua própria vitamina D a partir do colesterol. Ele necessita de raios de sol também”. Em razão disso, é desejável, senão indispensável a qualquer pessoa,  a exposição ao sol, todo dia, durante pelo menos 10 minutos, ainda que seja naquele horário recomendado pelos dermatologistas, para evitar câncer de pele: entre 8,00 e 10,00 da manhã e após às 16,00 horas. Essa exposição deve ser feita, SEM A UTILIZAÇÃO DE QUALQUER ESPÉCIE DE PROTETOR  se pretendermos evitar a hipovitaminose (deficiência da vitamina), deficiência que pode ser observada em pessoas que tenham pouca exposição ao sol e naquelas com problemas de absorção de lipídeos e má dieta alimentar no que tange aos alimentos ricos nessa vitamina. Em resumo, a síntese da vitamina D que existe na nossa pele e em determinados alimentos se dá pela RADIAÇÃO do ULTRAVIOLETA B.  Por isso esse negócio de que devemos usar protetor solar todos os dias, em todas as situações, evitando qualquer contato da pele exposta com o sol, é um exagero e, se de um lado nos livraria de um hipotético câncer de pele, de outro nos causaria problemas de síntese de vitaminas ou hormônio relevante, como a D, com  consequências graves também para nossa saúde. Afinal, como asseverou num dia qualquer Antoine de Saint-Exupéry: “ É o mesmo sol que derrete a cera e seca a argila” e, de remate, São Francisco de Assis: “Apenas uma raio de sol é suficiente para afastar várias sombras”. Viva o Sol, portanto. Mas, como tudo na vida, sem exageros.

Até amanhã amigos.


P.S. (1) As principais fontes de vitamina D são os óleos de fígados, peixes e alimentos derivados do leite, especialmente manteiga, margarida enriquecida e queijos gordurosos. E, para variar, o ovo, que já foi no passado grande vilão e, de repente, virou um dos alimentos mais completos de que se tem notícia, indispensável, pois, no cardápio de todos nós.

P.S. (2) A carência de vitamina D na população de Curitiba, tem sido relacionada com a ausência de sol, por causa do clima da cidade, que em grande parte do ano coleciona dias frios, nublados e chuvosos. Já pensaram então em Londres?

P.S. (3)  A dose certa de vitamina D, no caso de carência, varia de pessoa para pessoa. Daí porque é o médico especialista que deve fixar e prescrever. Tem a ver com a exposição ao sol, fatores ambientais como estação do ano, latitude, hora do dia e hábitos da pessoa.

P.S. (4)Uma vez que poucos de nós vivemos desnudos sob o sol, nossos sistemas de vitamina D estão secos, nossos tanques de calcidiol estão sempre com o ponteiro na reserva, nossos tecidos estão famintos por mais desse hormônio esteróide, o mais potente do corpo, e, talvez por isso, as doenças de nossa civilização estejam cada vez mais disseminadas.” (....). (JOHN CANNELL, M.D., no site VITAMIN D COUNCIL);
P.S. (5) A imagem de hoje foi emprestada de retratosdaalma.com.br.







domingo, 1 de setembro de 2013

TRAGÉDIA DE SÃO MATEUS E A DECLARAÇÃO EQUIVOCADA DO PREFEITO HADDAD

Boa noite amigos,


Pronunciando-se, em entrevista coletiva, sobre o grave e lamentável acidente verificado em obra que se realizava na zona leste de São Paulo, o Prefeito Fernando Haddad afirmou que se tratava de construção irregular, tanto assim que o responsável teria sido multado e a obra embargada pela Subprefeitura  de São Matheus. Ao tentar justificar, contudo, a razão pela qual a obra prosseguiu a despeito do embargo, disse que o descumprimento só poderia ser evitado com ordem judicial que permitisse ao Poder Público, inclusive, requisitar força policial. Assisti perplexo, para não dizer decepcionado, a tal entrevista e a afirmação profundamente equivocada. Ora, se a Administração Pública tem o poder de embargar extrajudicialmente qualquer construção irregular, como determinar a lacração de estabelecimento ou interditar atividades ilegais, porque dependeria do Poder Judiciário  para tornar efetiva a determinação? Quem quer que tenha recebido lições primárias de direito administrativo sabe que um dos poderes conferidos à Administração Pública é o poder de polícia-administrativa, que traz como corolário a autoexecutoriedade de seus atos. Essa prerrogativa é consequência direta do poder de polícia administrativa. O saudoso Professor Hely Lopes Meirelles, em alentada obra a respeito do assunto, enfatiza: “A auto-executoriedade, ou seja, a faculdade de a Administração decidir e executar diretamente sua decisão, por seus próprios meios, sem intervenção do Judiciário, é outro atributo do poder de polícia. Com efeito, no uso desse poder a Administração impõe diretamente as medidas ou sanções de polícias administrativas necessárias à contenção de atividade anti-social que ela visa a obstar. Nem seria possível condicionar os atos de polícia à aprovação prévia de qualquer outro órgão ou poder estranho à Administração. (....) O que o princípio da auto-executoriedade autoriza é a prática do ato de polícia administrativa pela própria Administração, independentemente de mandado judicial.” (Direito Municipal  Brasileiro, 18ª. edição, 2.008, São Paulo: Malheiros, p. 486-491). A jurisprudência, há muito, se pacificou nesse sentido, não reconhecendo interesse jurídico em pretensões manejadas pelos Poderes Públicos para obter ordem judicial, visando respaldar seus atos, desnecessariamente (cf. por obséquio, dentre outras, os decisões proferidas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo:   Apelação Cível n. 0000989-53.2010.8.26.0358 da Comarca de Mirassol, Relator Desembargador Rubens Rihl, j. 20.6.2.012; Ac. N. 942.587.5/5-00, Presidente Prudente, Rel. Des. Leme de Campos, j. em 16.11.2.009; Ac. n. 336.128,4/8-00, Rel. Des. Ricardo Lewandowski, j. em 24.8.2.005; Ac. n. 949.069.5/2-00, Rel. Des. Leme de Campos, j. em 16.11.2.009). Consultando o rico currículo do Prefeito Haddad, ex-Ministro da Educação do governo Lula, verifica-se que além de Professor de Ciência Política pela USP, é também Bacharel em Direito pela mesma respeitável Universidade (cf. pt.wikipedia.org), o que torna imperdoável a afirmação desprovida de fundamento jurídico e lógico. O fato é que mais uma vez se positiva a manifesta incúria da máquina administrativa que se revela ineficiente para, a tempo e a hora, tornar efetivas, de ofício,  as próprias decisões (o embargo teria sido determinado em 25 de março deste ano) e, pois, para  evitar tragédias que sacrificam vidas humanas, sobretudo a de pessoas mais simples, como os operários da construção irregular que se levantava no terreno. E nem a responsabilidade civil de todos os envolvidos, inclusive e nomeadamente  a da Administração Pública, nem as indenizações que a Justiça vier  a fixar em favor de familiares, será capaz de aplacar a culpa de todos nós pela inércia na cobrança de condutas éticas e de providências  que não banalizem mais a vida neste país,  no caso, de pobres e indefesos operários da construção civil submetidos a toda espécie de riscos e sofrimentos para satisfazer, rapidamente, as necessidades de um mercado ávido pelo capital e a riqueza incondicionados.

Até amanhã amigos.

P.S. (1) A imagem da coluna de hoje foi emprestada de blogcancaonova.com.

O artigo desta coluna foi publicado no jornal Correio Popular de Campinas, edição de 04 de setembro de 2.013, caderno A- pág. 02.