“Sem propor a si
mesmo, sem nem saber, demonstrou com sua vida a razão que tinha o pai, que
repetiu até o último suspiro que não havia ninguém com mais sentido prático,
nem pedreiros mais obstinados nem gerentes mais lúcidos e perigosos do que os
poetas” (O amor nos tempos do cólera)
Caros amigos,
Um amor capaz de subsistir no tempo e de provocar as
mesmas emoções quando o destino reencontra o casal no limiar da terceira idade
e os corpos já não ostentam o frescor da mocidade, a beleza das linhas
estéticas bem definidas e os hormônios já não transbordam pelos poros. Assim
foi o romance de Florentino e Firmina que, verdadeiro e não sopitado pelo
tempo, vai se realizar numa viagem que acontece somente 51 anos, 9 meses e 4 dias depois da troca do
primeiro olhar. Foi assim que me apaixonei por Gabriel Garcia Marquez. Não pelo Gabriel de Cem Anos de Solidão, considerada a mais expressiva obra do autor
colombiano morto recentemente, mas pelo escritor do Amor nos Tempos do Cólera, um romance definitivo na definição de
meu gosto literário que teve os primeiros contornos na idade madura e que
hoje encontra-se razoavelmente
consolidado. Com uma incrível capacidade de traduzir sentimentos e emoções do
mais expressivo lirismo num cenário hostil típico da América Latina, com as
suas eternas questões políticas, sociais e culturais, o romance é, sem favor
algum, um dos mais importantes clássicos da literatura universal. A par disso,
Gabriel foi um grande intelectual, um grande pensador, um filósofo, um
sociólogo, um político cujas penas
souberam, como poucos, retratar a América Latina e seus problemas. A comunidade
em geral, de todas as partes do mundo, está de luto e lamenta a morte do autor,
aos 87 anos. Pelo conjunto de sua importante obra foi contemplado com o Premio
Nobel de Literatura de 1.982 e segundo o nosso escritor Luis Fernando
Veríssimo, a obra de Garcia fez o mundo mudar sua visão sobre a América Latina,
o que definitivamente não é pouco.
Até amanhã amigos,
P.S. (1) Alguns pensamentos
preciosos do escritor: 1) Nenhuma
Medicina cura o que a felicidade não pode curar; 2) Não acredito em Deus, mas
tenho medo Dele; 3) A Sabedoria é algo
que quando nos bate à porta já não nos serve para nada; 4) O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor
não nos alcança; 5) Todo ser humano tem
três vidas: a pública,a privada e a secreta; 6) Não chore porque acabou, sorria
porque aconteceu; 7) Não é verdade que as pessoas param de buscar seus sonhos
porque envelhecem. Elas envelhecem porque param de buscar seus sonhos; 8) Tudo
é questão de despertar sua alma; 9) Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração
elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a este artifício
conseguimos suportar o passado. 10) Descobri que minha obsessão por cada coisa
em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o
prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de
simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza;
P.S. (2)
Experimente esta: “No dia em que a merda
tiver algum valor, os pobres nascerão
sem cu”. Você achou, como eu, que essa frase deve ter sido proferida pelo Costinha ou pela Dercy Gonçalves, consagrados e desbocados comediantes brasileiros
já falecidos. Errou. Quem construiu esse pensamento foi o intelectual Gabriel Garcia Marquez.
P.S. (3) Memórias de Minhas Putas Tristes foi o
último romance escrito por Gabriel Garcia Marquez, antes de declarar que
deixaria de escrever. Em 2.012, confirmando que ele estava senil, seu irmão
declarou encerrada a carreira de escritor do consagrado poeta que vendeu mais de 40 milhões de livros em todo o mundo.
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