Boa noite, amigos,
Com regulamentos enxutos em
função da Copa do Mundo, estão chegando ao fim os campeonatos regionais, sem
grandes surpresas. O Cruzeiro é campeão em Minas, o Internacional em Porto
Alegre, o Bahia na terra dos Orixás e o Flamengo, no Rio, com um gol irregular,
já no ocaso do clássico contra o Vasco da Gama, um erro da arbitragem que muito vai dar o
que falar, ainda. Bem, mas não é precisamente esse o assunto relevante. O que
merece ser registrado, como novidade, é a grande e boa surpresa no desfecho do
Campeonato Paulista da Primeira Divisão. O modesto Ituano, do interior de São
Paulo, é o campeão, quebrando uma hegemonia dos grandes clubes e acendendo uma
nova esperança nos rumos do futebol brasileiro. Itu, cidade
nacionalmente conhecida pelos exageros, onde coisas, pessoas e histórias crescem,
criando um mundo gigante no imaginário popular, viu seu representante, tal como a lenda, crescer no final da competição, eliminando São Paulo, Palmeiras e
finalmente, em duas partidas emocionantes, disputadas no Pacaembu, também bater o
Santos, tricampeão paulista, na decisão
por pênaltis (7 a 6). É importante assinalar que o clube tem hoje o apoio e a
estrutura profissional mínima necessária para dar à Comissão Técnica e jogadores serenidade e tranqüilidade, na medida em que sabiam que tinham plena assistência e principalmente que os salários seriam pagos em dia, e que cada um deveria cumprir, em conseqüência,
com respeito e rigor, as suas funções,
dedicando-se nos jogos, pensando coletivamente e cumprindo à risca o esquema
tático desenhado por Doriva, o jovem e competente condutor da equipe. Tudo isso também se deve - e muito - a um grande ex-jogador, ídolo de todos os brasileiros, o competente Juninho Paulista. Depois de uma carreira no Brasil e no exterior absolutamente vitoriosa e com títulos importantes, Juninho encerrou essa carreira em 2.010, retornando ao Ituano, no ano em que a equipe, na última rodada, escapou do rebaixamento, virando um jogo, de forma espetacular, contra a Portuguesa de Desportos. A partir dali, o atleta trocou a função de jogador, pela de Diretor de Futebol do clube. Nessa função, foi o responsável pela recuperação das categorias de base e reestruturação do estádio Novelli Junior. O projeto deu certo, sem dúvida, e sem nenhuma grande estrela, mas com jogadores esforçados, alguns com talento até
acima da média, inclusive para cumprir
esquemas, humildade, dedicação e alta estima, essa equipe chega à conquista da láurea máxima do futebol paulista. Sorte! Com
certeza, os chamados “Deuses do Estádio” precisam ajudar, mas certamente é indispensável
o mérito e a dedicação, aspectos que não faltaram, justificando sim o bom futebol apresentado ao longo do campeonato. Com uma folha de pagamento de R$400.000,00
(quatrocentos mil reais), incluindo salários dos jogadores e da comissão
técnica, o montante é inferior ao salário de alguns jogadores, isoladamente,
como o do centroavante Pato, por exemplo, como se comenta. E se os grandes talentos são
indispensáveis ao futebol, fica, no entanto, a constatação de que não adianta
ter um ou alguns craques ganhando fábulas, pois isso apenas não garante título. E nem se justifica esse inflação
exagerada de altíssimos salários, que nem sempre dão retorno (eu diria, hoje,
quase nunca) e acabam deixando os clubes com os cofres vazios (isto quando são pagos efetivamente o que também é duvidoso) e sem perspectiva futura. Bem, o
Ituano vai receber cerca de R$2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil
reais), pelo título de campeão, quantia essa que somada às rendas obtidas nos jogos finais (cerca de R$1.000.000,00), dará para garantir a sua modesta
folha de pagamento até o final do ano. E vai se preparar para disputar o
campeonato brasileiro da série D, pensando no acesso a C, e se continuar com
uma política boa e uma gestão eficiente, um dia chegar ao Brasileiro da Série
A, como sugere o nosso prezado Juca Kfouri, na sua coluna de hoje. É ir com calma, porém. Mas que o exemplo do Ituano tem que servir às equipes do interior que se
sentem desprestigiadas e que lutam com dificuldades para sobreviver e que não
acreditam no sonho de um título, isso sim é o saldo positivo deixado por esse pequeno gigante, da terra dos gigantes: planejamento, investimento nas categorias de base, gestão eficiente e sustentável e gente comprometida seriamente com o clube do coração.
Até amanhã amigos.
P.S. (1) Eis o time e a comissão
técnica que escreveram na história o nome do Ituano e da cidade que o abriga: Vagner, Dick, Alemão, Anderson Salles, Dener, Josea,
Paulinho, Rafael Silva, Jackson Caucaia, Cristian, Esquerdinha, Marcinho,
Clayson e Jean Carlo. Técnico: Doriva.
P.S. (2) A
cidade de Itu é a segunda maior cidade da microrregião de Sorocaba, com cerca de 170.000
habitantes. É o 46º município
mais populoso
do Estado de São Paulo e o 153º do Brasil. Chegou a ser considerada a
cidade mais rica do Estado, quando lá residiam os chamados “barões do café” e autoridades importantes do
país, na época anterior à Proclamação
da República. Teve, por isso, importância histórica no processo
que conduziu à República, em 1.889. O
município completou esse ano 404 anos de existência;
P.S. (3) “Praça da Alegria” era o nome de um humorístico que
a antiga TV Paulista, hoje TV
Globo, apresentava a partir de 1.957. Nele, o saudoso Manoel da Nóbrega se sentava num banco de uma
praça e ali recebia os mais diversos tipos de comediantes, em bizarras
situações. Um desses comediantes, Francisco
Flaviano de Almeida era de Itu e criou o personagem “Simplício”. O Simplício, quando falava na sua
cidade-natal, dizia que tudo ali era maior, era exagerado. Daí, graças ao
conterrâneo humorista, Itu passou a ser
conhecida em todo o país, como a cidade dos exageros. O programa mudou de nome para A Praça é Nossa. No banco, não mais Manoel de Nóbrega, mas seu filho, Carlos Alberto de Nóbrega. O canal de apresentação: o SBT do empresário Sílvio Santos. Sem os velhos comediantes, mas com uma nova geração de atores que merece ser prestigiada.
P.S. (4) Na Praça da Matriz a Prefeitura criou, aproveitando
a fama adquirida, a chamada Praça
dos exageros. Nas imagens da coluna de hoje, emprestadas de www.itu.sp.gov.br
e elielsamphoto.blogspot.com, você pode
conferir o boneco do personagem “Simplício”, uma formiga e a garrafa de
coca-cola, todas em tamanho gigante;
P.S. (5) Há também um orelhão que
foi cedido pelo ex-ministro das Comunicações, Higino Corsetti e instalado pela Companhia
Telefônica na mesma Praça
da Matriz. Em seu discurso,o Ministro afirmou: “O
Brasil é grande, mas eu sei que Itu é Maior. E a Telesp não podia deixar de
instalar, na cidade, um “orelhão à altura de sua fama”.
P.S. (6) As outras imagens da coluna são da equipe do Ituano, campeão paulista de 2.014, do
goleiro Vagner que defendeu a
última cobrança de pênalti batido pelo zagueiro Neto (ex-Guarani) e foram emprestadas
de oexpressoregional.com e wwwestadao.com.br.
P.S. (7) Oficialmente, o Ituano tem dois títulos paulistas. O primeiro foi conquistado no ano de 2.002, mas muito contestado porque naquele ano, as equipes da Capital, o Santos e o Guarani disputaram o Torneio Rio-São Paulo e ficaram de fora do campeonato paulista.
P.S. (7) Oficialmente, o Ituano tem dois títulos paulistas. O primeiro foi conquistado no ano de 2.002, mas muito contestado porque naquele ano, as equipes da Capital, o Santos e o Guarani disputaram o Torneio Rio-São Paulo e ficaram de fora do campeonato paulista.
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