Boa noite amigos,
12
Anos de Escravidão (12 Yers a Slave)
é um filme que chega com
excelentes referências. Nada mais, nada menos do que o Oscar conferido pela
academia de cinema americano, em 2.014, como o melhor filme de 2.013, e, a
estatueta nas categorias de roteiro adaptado, para John Ridley e, a de melhor
atriz coadjuvante, para a mexicana Lupita
Nyong’o, filha de quenianos, refugiados políticos, além de inúmeras outras
premiações americanas e européias, também importantes. Um diretor inglês negro, ainda jovem, com carreira não muito extensa: Steve MacQueen, o mesmo nome de um grande ator americano morto em 1.980. O diretor, porém,
notabilizou-se por curtas metragens de grande densidade, como Urso,
de 1.993, que recebeu muitos prêmios e afagos da crítica especializada. Dos longas-metragens, Doze Anos é apenas o
terceiro. Anteriormente lançou Fome (2.008) e Vergonha (2011). Sua predileção por temas densos, dramas que
perscrutam a natureza humana tão diversificada,
por vezes cruel, por vezes heróica, se refletem em filmes em branco e preto e
silenciosos, uma característica herdada, em parte, da admiração e influência da
nouvelle
vague. Bem esse jovem diretor procurou pelo ator e produtor Brad Pitt, com o projeto de 12 Anos de Escravidão e a ele dirigiu a
seguinte indagação: “Por que não houve
mais filmes sobre a história americana da escravidão?”. A indagação foi respondida com a parceria vitoriosa. Pitt apostou em MacQueen e no seu projeto e arriscou seus milhões de dólares na
produção do drama de 134 minutos, de um colorido predominantemente escuro e
cinzento, que deixa o espectador
apreensivo e com a respiração sôfrega em todo o desenrolar da história e das
cenas fortes de castigos, traições, ciladas e sofrimentos. Não se trata de uma ficção, mas do roteiro
adaptado da autobiografia de Salomon
Morthup, publicado em 1.853, que narra a saga de um negro culto, casado,
com filhos e liberto, do norte dos Estados Unidos, que é seqüestrado
e vendido como escravo, condição que volta a manter por 12 anos, no sul do
país, tendo que ocultar a sua origem, sua condição de homem alforriado, o próprio nome e até mesmo o seu grau de cultura
para não sofrer maus-tratos e humilhações. Nessa caminhada passa a viver e conviver com
as situações mais brutais que são impingidas pelos brancos aos negros,
inclusive a mulheres e crianças, pais e
filhos, vendidos e separados, sem qualquer sentimento de misericórdia. Abordagem parecida, ocorreu com Histórias Cruzadas, um filme de 2.012,
que também trata do tema da escravidão nos Estados
Unidos, mas de maneira mais localizada e menos dramática. Trata-se de uma
grande produção, sem dúvida, enriquecida pela grande atuação dos atores, com destaque para a jovem atriz Lupita Nyong’o, para Chiwetel
Ejiofor, no papel do protagonista, Salomon,
e em especial de Michael Fassbender,
um dos atores preferidos do diretor e que com ele esteve no elenco de outros
trabalhos. Em suma, um longa com méritos
suficientes para vencer os prêmios que recolheu, as bilheterias milionárias que
produziu e as críticas favoráveis. Não deixe de ver.
Até mais, amigos.
P.S. (1) No Elenco: Chiwetel
Ejiofor, Lupita Nyong’o, Michael Fassbender, Adepero Oduye, Paul Giamatti, Brad
Pitt, Benedict Cumberbatch, Paul Dano, Sarah Paulson, Quvenzhané Wallis, Kelsey
Scott, Scoot McNairy, Garret Dillahunt e Alfre Wooda;
P.S. (2) Desde que estudos recentes de parceria
entre genética e arqueologia confirmam a teoria de que o homem moderno, o homo sapiens,
teria surgido na África, em algum
momento não definido dos últimos 100 mil anos e, dali migrando, em direção ao resto do mundo, fico me
perguntando se a escravidão do homem pelo homem, sobretudo e especialmente dos
nossos irmãos negros africanos, têm
algum sentido de vingança contra a nossa própria origem.
P.S. (3) A respeito da origem do universo,
a teoria mais aceita cientificamente é a
do Big-Bang. Sustenta a referida teoria que há 15 ou 20
bilhões de anos, uma grande quantidade de energia que se concentrava numa
esfera de diâmetro inferior a 1 cm. denominada “ovo cósmico” ou “singularidade”
explodiu e em rápida e espetacular expansão, criou o Universo que se dilatou e
se resfriou uniformemente. A redução rápida de temperatura determinou as
sucessivas transformações da energia liberada que se materializou em forma de
partículas (quarks) e antipartículas (antiquarks). A matéria e a antimatéria se aniquilam,
gerando uma quantidade enorme de energia, na forma de fótons e obedecendo a
equação de Einstein: E = m.c². O
excesso de matéria em relação à antimatéria deu origem ao universo em que vivemos
e que continua se expandindo;
P.S. (4) A Nouvelle Vague (Nova Onda),
foi um movimento artístico do cinema frances dos anos sessenta, que visava
contestar o cinema comercial e essencialmente de estúdio que se realizava no país
na época. A expressão foi lançada por Françoise
Giroud, em 1.958, na revista L’Express ao fazer referência a
novos cineastas franceses. Sem grande apoio financeiro, os primeiros filmes
conotados com essa expressão eram caracterizados pela juventude de seus
autores, unidos por uma vontade comum de transgredir as regras normalmente
aceitas para o cinema mais comercial. As características mais marcantes desse
estilo ou movimento, são a intransigência com os moldes narrativos do cinema
estabelecido, através do amoralismo, próprio daquela geração, presente nos
diálogos e numa montagem inesperada, original, sem concessões à linearidade
narrativa. Dentre os diretores modernos que arriscaram eventualmente na área pode-se
citar o próprio Martin Scorsesse e
Francis Ford Copolla, criadores do similar movimento denominado “Nova Hollywood” dos anos 60/70;
P.S. (5)A imagem da coluna de
hoje é dos atores Cliwetel Ejiofor e Michael Fassbender e foi emprestada de rollingstone.uol.br.
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