segunda-feira, 23 de novembro de 2015

FICA MACACA! ABAIXO A CARTOLAGEM.


Boa noite amigos,

A macaca, velha mascote da Associação Atlética Ponte
Preta. Imagem emprestada de pontepreta.com.br
O assunto foi notícia na folha principal da Uol da última quinta feira e causou curiosidade nacional: a Ponte Preta da cidade de Campinas, depois de 115 anos,troca a sua mascote, a macaquinha, pelo macacão, aquele gorila feio que lembra o King Kong, monstro mítico que fez um estrago danado na cidade de Nova York, no começo do século passado, mas que finalmente foi bombardeado e morto por artefatos lançados por aviões, depois de carregar uma bela jovem por quem se apaixonara, para o pico do  Empire State. O personagem e sua história renderam três versões cinematográficas[1]. O filme foi considerado, em 2.004, pela revista britânica Empire, como o “maior filme de monstros de todos os tempos.” Busquei ler e entender as razões que levaram os algozes da macaquinha à sua demissão sem aviso prévio: estaria ela cansada depois de mais de 100 anos de estrada? Teria cometido algum desatino que justificasse a sua demissão por justa causa?[2] A explicação, porém, foi simples e inconvincente: A ideia de mudar o mascote veio primeiro para contemplar um clamor da torcida, para quem o Gorila já havia sido criado anos atrás. Além disso, queríamos um mascote com imagem mais competitiva que a Macaca e, ao mesmo tempo, dissociar o apelido do time do mascote. A Ponte já é a Macaca, assim achamos legal o mascote ser o Gorila –“ disse o diretor Rodolfo Rufeisen, que conduziu todo o processo de marketing.  Grande parte dos torcedores reclamou da desconsideração com a mascote. E com razão: mascote é um símbolo e símbolo é um elemento fundamental de identificação, como as cores de uma camisa, os emblemas, o nome, a bandeira e outros que se agregam ao valor comercial e cultural de uma instituição[3]. Assim, por razões históricas e culturais, a macaca não podia ser trocada, dispensada, desconsiderada. E o que dizer do argumento de que o gorila seria mais competitivo? Discriminação? Machismo ou coisa que o valha? 
o Gorilão, novo mascote inscrito na FPF para o Campeonato
Paulista de 2.016. Imagem emprestada de www.centauro.com.br 
Decerto que nenhum  dos argumentos pode ser juridicamente sustentável. Inda mais que a “dita cuja”, que não envelheceu, ao contrário do clube, conhecido, depois de tantos anos de fundação, como Nega Véia e Veterana[4].A distinta continua novinha em folha, com aquela simpatia que só vendo e aquelas charmosas fitas vermelhas que estão sempre na moda. Ao menos para as macacas. E é justamente por isso, essa coisa que não muda com o tempo, que não fica nem mais velho, nem mais moço, é que não se despede, nem se aposenta, nem se mata mascote[5]. Nem muito menos se troca por um bicho da mesma raça,  do outro sexo, maior e mais feio. De mais a mais, a macaquinha sofreu tanto com as decisões dos Paulistas de 77, 79, 81 e 2008 e com a perda de um título intercontinental como a Sul Americana em 2.014,  mas agüentou firme com aquele sorriso nos lábios e a esperança de que “um dia nós chega lá”. E agora, quanta ingratidão! Assim, por razões também éticas a sua despedida foi injusta. E nem se diga quanto à estética. Comparar a sua delicada silhueta com aquele bicho grande e feio que tenta assustar os adversários quando a Macaca (digo, a Ponte, sem a macaca) joga no Majestoso é pecado mortal. E contra a estética. -  O Clide, diria o saudoso  Ronald Golias,  manda dizer pros caras que respeito do adversário se obtém jogando futebol de qualidade, não mandando um gorilão para as arquibancadas. A reação em favor da macaquinha foi tão grande nas redes sociais e na mídia em geral que a diretoria do Majestoso imediatamente veio a público para se explicar, afirmando que a macaca faz parte do imobilizado e das tradições da Ponte e que não foi despedida. Nem mesmo aposentada compulsoriamente. Que o registro na Federação Paulista de Futebol do gorila como mascote para 2.016, apenas atendeu à parcela da torcida que já se acostumara, nos jogos em casa, com a presença do gorilão. Ele estaria até na bandeira de uma das torcidas uniformizadas mais inflamadas.  E que por via das dúvidas a situação já se resolvera de maneira sentimental: A macaquinha já está casada com o gorilão,  pelo regime da comunhão de vices-campeonatos   e demais  tradições. E não é que de um dia para o outro a família já estava extensa com mulher, marido e dois macaquinhos.
Cena da versão original de 1.933 do filme King Kong.
Imagem emprestada de www.bicketforum.com.
Disseram que agora a família inteira vai para os jogos no Majestoso  “na moral” para assustar os adversários. O que será que acham os meus prezados amigos ponte-pretanos de quatro costados ( Pedro Negrão, Thiagão de Souza, Denis,  Fabiana, Dr. Torrano, Ricardo Ortiz, Stela Serafini, Desembargador Pedro de Alcântara, Rodrigo Herrera, José Henrique Farah, Zeza Amaral, Gil da Creche e tantos outros).  Que essa é mais uma cretinice da incansável cartolagem do futebol brasileiro! Concordo. Eta gente sem noção, meu! 

Até amanhã amigos.





[1] A primeira de 1.933; a segunda em 1.976 e a terceira em 2.005.
[2]  Especula-se que teria sido surpreendida aos abraços e beijos com o indinho daquele time lá de baixo,  atualmente na terceira divisão, numa das versões que mais circularam nas redes sociais.
[3] Por razões comerciais inconcebíveis, hoje se vê o Corinthians jogando com camisa roxa e o São Paulo, o Tricolor do Morumbi, com  camisa de uma cor só.
[4] São dois apelidos carinhosos com que os torcedores e a imprensa tratam também a Ponte Preta.
[5] Vovô é o símbolo de identificação da equipe do Ceará e já nasceu velho. Mas não morre,nem fica mais novo. Então, tá!

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