Boa noite amigos,
A macaca, velha mascote da Associação Atlética Ponte Preta. Imagem emprestada de pontepreta.com.br |
O assunto foi notícia
na folha principal da Uol da última
quinta feira e causou curiosidade nacional: a Ponte Preta da cidade de Campinas, depois de 115 anos,troca a sua mascote, a
macaquinha, pelo macacão, aquele gorila feio que lembra o King Kong, monstro mítico que fez um estrago danado na cidade de Nova York, no começo do século passado, mas que finalmente foi bombardeado e morto por
artefatos lançados por aviões, depois de carregar uma bela jovem por quem se apaixonara, para o
pico do Empire State. O personagem e sua história renderam três versões
cinematográficas[1].
O filme foi considerado, em 2.004, pela revista britânica Empire, como o “maior filme de monstros de todos os
tempos.” Busquei ler e entender as razões que levaram os algozes da
macaquinha à sua demissão sem aviso prévio: estaria ela cansada depois de mais de 100 anos de estrada? Teria cometido
algum desatino que justificasse a sua demissão por justa causa?[2] A
explicação, porém, foi simples e inconvincente: “A
ideia de mudar o mascote veio primeiro para contemplar um clamor da torcida,
para quem o Gorila já havia sido criado anos atrás. Além disso, queríamos um
mascote com imagem mais competitiva que a Macaca e, ao mesmo tempo, dissociar o
apelido do time do mascote. A Ponte já é a Macaca, assim achamos legal o
mascote ser o Gorila –“ disse o diretor
Rodolfo Rufeisen, que conduziu todo o processo de marketing. Grande parte dos torcedores reclamou da
desconsideração com a mascote. E com razão: mascote é um símbolo e símbolo é um
elemento fundamental de identificação, como as cores de uma camisa, os emblemas,
o nome, a bandeira e outros que se agregam ao valor comercial e cultural de uma
instituição[3]. Assim, por razões
históricas e culturais, a macaca não podia ser trocada, dispensada,
desconsiderada. E o que dizer do argumento de que o gorila seria mais
competitivo? Discriminação? Machismo ou coisa que o valha?
o Gorilão, novo mascote inscrito na FPF para o Campeonato Paulista de 2.016. Imagem emprestada de www.centauro.com.br |
Decerto que nenhum dos argumentos pode ser juridicamente
sustentável. Inda mais que a “dita cuja”,
que não envelheceu, ao contrário do clube, conhecido, depois de tantos anos de
fundação, como Nega Véia e Veterana[4].A distinta continua novinha em folha, com aquela simpatia que só vendo e
aquelas charmosas fitas vermelhas que estão sempre na moda. Ao menos para as
macacas. E é justamente por isso, essa coisa que não muda com o tempo, que não
fica nem mais velho, nem mais moço, é que não se despede, nem se aposenta, nem
se mata mascote[5]. Nem muito menos se troca
por um bicho da mesma raça, do outro
sexo, maior e mais feio. De mais a mais, a macaquinha sofreu tanto com as
decisões dos Paulistas de 77, 79, 81 e 2008 e com a perda de um
título intercontinental como a Sul
Americana em 2.014, mas agüentou firme
com aquele sorriso nos lábios e a esperança de que “um dia nós chega lá”. E agora, quanta ingratidão! Assim, por razões
também éticas a sua despedida foi injusta. E nem se diga quanto à estética.
Comparar a sua delicada silhueta com aquele bicho grande e feio que tenta
assustar os adversários quando a Macaca (digo, a Ponte, sem a macaca) joga no Majestoso
é pecado mortal. E contra a estética. - O Clide,
diria
o saudoso Ronald Golias, manda dizer pros caras que respeito do
adversário se obtém jogando futebol de qualidade, não mandando um gorilão para
as arquibancadas. A reação em favor da macaquinha foi tão grande nas
redes sociais e na mídia em geral que a diretoria do Majestoso imediatamente veio a público para se explicar, afirmando
que a macaca faz parte do imobilizado e das tradições da Ponte e que não foi despedida. Nem mesmo aposentada compulsoriamente.
Que o registro na Federação Paulista de
Futebol do gorila como mascote para 2.016, apenas atendeu à parcela da
torcida que já se acostumara, nos jogos em casa, com a presença do gorilão. Ele
estaria até na bandeira de uma das torcidas uniformizadas mais inflamadas. E que por via das dúvidas a situação já se
resolvera de maneira sentimental: A macaquinha já está casada com o gorilão, pelo regime da comunhão de vices-campeonatos e
demais tradições. E não é que de um dia
para o outro a família já estava extensa com mulher, marido e dois macaquinhos.
Cena da versão original de 1.933 do filme King Kong. Imagem emprestada de www.bicketforum.com. |
Disseram que agora a família inteira vai para os jogos no Majestoso “na
moral” para assustar os adversários. O que será que acham os meus prezados amigos ponte-pretanos de quatro costados ( Pedro Negrão, Thiagão de
Souza, Denis, Fabiana, Dr. Torrano, Ricardo Ortiz, Stela Serafini,
Desembargador Pedro de Alcântara, Rodrigo Herrera, José Henrique Farah, Zeza Amaral, Gil da Creche e tantos outros). Que essa é mais uma cretinice da incansável cartolagem do
futebol brasileiro! Concordo. Eta gente sem noção, meu!
Até amanhã amigos.
Até amanhã amigos.
[1] A primeira de 1.933; a segunda em 1.976 e
a terceira em 2.005.
[2] Especula-se que teria sido surpreendida aos abraços
e beijos com o indinho daquele time lá de baixo, atualmente na terceira divisão, numa das
versões que mais circularam nas redes sociais.
[3] Por razões comerciais inconcebíveis, hoje
se vê o Corinthians jogando com camisa roxa e o São Paulo, o Tricolor do
Morumbi, com camisa de uma cor só.
[4] São dois apelidos carinhosos com que os
torcedores e a imprensa tratam também a Ponte Preta.
[5]
Vovô é o símbolo de identificação da equipe do Ceará e já nasceu velho. Mas não
morre,nem fica mais novo. Então, tá!
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