sábado, 1 de setembro de 2012

TEATRO - VELHA É A MÃE!

Boa noite amigos.
 
Estou chegando do Teatro Amil, pequeno espaço cultural localizado no imenso Shopping Center D. Pedro, aqui em Campinas, São Paulo. Fui ver a comédia Velha é a Mãe!, que está em sua última semana de apresentação na cidade. O espetáculo correu capitais pelo Brasil, incluindo Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. Foi visto, segundo estatísticas, por quase 250.000 pessoas, o que não chega a ser nenhum fenômeno de público, mesmo no teatro. Não é, porém, um número desprezível, absolutamente.  No palco as atrizes globais Louise Cardoso e Ana Baird. No roteiro, a vida de uma mulher de setenta anos que, graças a uma série de artifícios, incluindo cirurgias plásticas, natação, academia e botox, mantém uma aparência de vinte anos menos, mas, apesar disso, acaba de perder o marido para uma vizinha de oitenta anos. Durante noventa minutos, tempo de duração da peça, ocorre o  diálogo entre a mãe, inconformada com a condição e situação atuais,   e a única filha do casamento desfeito, diálogo esse que  gira em torno da rotina dos casamentos, do abandono na terceira idade, da infidelidade, da luta da mulher contra o envelhecimento e da necessidade de ser amado. Temas complexos que falam com os dramas do existencialismo, mas que na peça são focalizados com um texto recheado de humor e sarcasmo. Afinal, trata-se de uma comédia, com a qual o autor e humorista Fábio Porchat obteve o segundo lugar no concurso promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil, em 2.006. A direção é do veterano  João Fonseca (diretor artístico desde 2.001 do grupo Os Fodidos Privilegiados). O texto, porém, é cheio de clichês e nada acrescenta às comédias comerciais que salpicam por aí, pelo teatro, cinema e outros gêneros de arte. Abusando da obviedade, a peça brinca com a velhice e os privilégios legais conferidos os idosos, com a prescrição de remédios de uso contínuo em grande número,  com a gama de patologias que se enfrenta na terceira idade, mas   produzindo caricaturas grosseiras entremeadas  com os infalíveis  bordões sobre sexo (piadas sobre cornos, brochas, seios caídos e homossexuais), ingredientes que continuam rendendo muitos reais e risadas de um público acostumado a esses clichês,  e pouco exigente em matéria de arte de entretenimento. Por fim, a despeito do esforço das atrizes, e até por certo pelo texto fraco e sem originalidade, confesso que não consegui rir de verdade. Fiquei com a sensação de que estava assistindo a uma  das edições sabatinas do  Zorra Total.  Cada dia, chego mais à conclusão de que sou muito exigente com as comédias. Mas, convenhamos, fazer comédia não é simples, como parece. Não é como contar uma piada em um minuto. Não basta dizer coisas engraçadas de forma competente e esforçada. É preciso ter um bom texto. E é preciso também ser engraçado, coisa que nenhuma técnica dá ao cidadão e nem se aprende na escola.
 
Até amanhã amigos.
P.S. (1) Fabio Porchat  é um  jovem autor de  peças teatrais como "Infraturas", em que atuou com Paulo Gustavo; "Olho de Boneca"; "Elas Morrem no Fim" e "Calabouço". Formado em Artes Cênicas na CAL - Casa de Arte das Laranjeiras, RJ, é hoje também redator de humor da Rede Globo de Televisão, onde escreveu e atuou no programa Zorra Total, e escreve para o programa Junto e Misturado. Atualmente ele está na equipe do programa dominical Esquenta, como roteirista (www.wikipédia.com).
P.S. (2) A imagem da coluna de hoje, da atriz Louise Cardoso foi emprestada do site groupon.com.br
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário