Amigos,
Quem for ao cinema esperando mais
um espetáculo de efeitos especiais com a marca registrada do diretor Steven Spielberg vai se decepcionar. Com um
orçamento de sessenta e cinco milhões de dólares, “Lincoln”, um épico histórico, passa longe das
pirotecnias e da imagens tridimensionais tão em voga para marcar a infinita
capacidade técnica dos norte-americanos e de seu famoso diretor. Ao contrário,
o que predomina no cenário é um branco e
preto, um fundo escuro, que transmite a
atmosfera pretendida, suponho, pelo roteirista,
Thomy Kishner. Em compensação, ganha-se em densidade, na
maneira competente e interessante de mostrar e narrar os quatro últimos meses de vida do
republicano Abrahan Lincoln (1.809/1.865),
o 16º Presidente dos E.E.U.U., que
assumiu o cargo de mandatário máximo da Nação, com a "Casa Dividida", expressão que utilizou, vendo o país dividido pela guerra civil e foi assassinado em 1.865, durante o seu segundo
mandato, na luta para administrar o
conflito, visando manter a hegemonia da
União, ao mesmo tempo em que de forma obstinada – e mesmo contra as evidências
de um Congresso que já rejeitara a proposta meses antes, busca a aprovação da histórica 13ª. Emenda à Constituição
dos Estados Unidos, que trata da abolição definitiva da escravatura em todo o país. Inspirado no livro
de Doris Kearns Goodwin, “Team of Rivals: The Genius Of Abraham Lincoln”, o drama não explora propriamente a biografia do presidente, mas apenas
a extrema habilidade com que, ciente dos conchavos e das práticas ilegais da
política congressista, busca obter a margem
de votos necessária para aprovação da emenda constitucional, e, por fim, a rendição dos confederados
do sul, sem qualquer preocupação de suscitar questionamentos éticos ou juízos de valor.
Espetacular o trabalho de
maquiagem que aproxima o ator do personagem (é incrível a semelhança com o
original) e a interpretação do inglês e irlandês (ele tem dupla cidadania), Daniel
Day-Lewis, com muita justiça um dos grandes favoritos ao Oscar de Melhor Ator por esse trabalho. Não sei ainda
se é o meu candidato predileto, pois este é o primeiro dos filmes indicados à
estatueta da academia que vejo, embora praticamente todos estejam já em cartaz,
ao mesmo tempo, no Brasil. Menção especial merecem também os atores Tommy Lee Jones e Sally Field, pelos papéis que, embora
secundários, foram profundos e marcantes. Vá disposto ao cinema para curtir
esse trabalho. É um drama, longa-metragem de duas horas e meia. A riqueza dos
diálogos, o cenário e as interpretações me seguraram na cadeira do cinema
durante todo o tempo, sem piscar. Claro que como obra de ficção (e isso é
importante em matéria de cinema), embora fiel, no geral, à história, não se
aprofunda nela e nos fatos que marcaram a vida americana daqueles anos, nem
mesmo nas particularidades da guerra civil. Focado, quase exclusivamente, nos meandros
da política daquele tempo, o filme deixa de explorar uma temática mais universal, permanecendo no campo efetivo do regional e temporal.
Daí algumas críticas de
especialistas que não consideram o longa um grande filme. Exagero. Dentro da
sua proposta e da sua linguagem, e, ainda, de cinema de arte, é um ótimo filme, tanto
mais que tem nada menos do que 12 indicações para o Oscar. Não evite. Ao
contrário, vá ao cinema e tire você mesmo a conclusão.
Até amanhã amigos.
P.S. (1) a Guerra da Secessão foi um conflito militar que
aconteceu nos Estados Unidos
da América entre os anos de 1.861 a 1.865. Onze estados confederados
do Sul declararam secessão à União e criaram um novo país, os Estados
Confederados da América. Foi a guerra que mais matou americanos na história.
Foram cerca de 970.000 mortes, o que correspondia, à época, a 3% da população
americana. Os Estados do Norte, mais ricos e preparados militarmente, venceram.
A escravidão foi abolida atendendo aos interesses dos Estados do Norte,
industrializados e que não utilizavam mão de obra negra escrava;
P.S. (2) O ator Daniel Michael Blake Day-Lewis, nasceu em
Londres em 29 de abril de 1.957, tendo, portanto, 55 anos. É um dos atores mais
versáteis e valorizados em Hollywood. Tem uma longa filmografia. Foi indicado
para o Oscar de Melhor Ator em 4 (quatro)
oportunidades. Venceu em 1.990, com o filme O Meu Pé Esquerdo (My Left Foot) e em 2.008 com o filme Sangue Negro (There Will Be Blood). As outras duas
indicações foram pelos filmes Em
Nome do Pai (In The Name of the Father), em 1.994, e Gangues de Nova York
(Gangs of New York), em 2.003;
P.S. (3) Abraham Lincoln foi advogado de condado, membro
da Câmara de Representantes, legislador pelo Estado de Illinois, concorreu 2 vezes ao Senado,
tendo sido derrotado em ambas, e o 16º Presidente dos Estados Unidos da América;
P.S. (4) A imagem da coluna de hoje é da publicidade do filme e foi emprestada do site www.publico.pt.
P.S. (4) A imagem da coluna de hoje é da publicidade do filme e foi emprestada do site www.publico.pt.
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