Boa noite amigos,
Quanto
mais tempo se vai vivendo, maiores são as possibilidades de ganho e de perda. O
lucro fica por conta da experiência e da sabedoria que supostamente o tempo nos
possibilita, e o sofrimento chancela, às vezes. As perdas são de várias ordens: vitalidade, disposição, projetos, esperança, sonhos. Há o consolo, por certo,
das obras que eventualmente tenhamos realizado ou deixado,
relevante para muitos ou para alguém, ao menos. Bem, esse intróito é para dizer que perdi outro grande amigo nessa
aurora de 2.013. De forma rápida e imprevisível, o querido José Manoel
Alves, o Leo do Giovanetti, como a gente o conhecia e o chamava, na noite de
domingo de 07 de janeiro, quando
visitava um dos estabelecimentos do grupo, teve um enfarte fulminante e, embora
socorrido, morreu no hospital, sem que se tenha notícia de qualquer doença de
fundo ou de predisposição para o enfarto. Foi-se aos 50 anos. Sem tempo para
despedidas. Num vigoroso 50 anos, porque Leo transmitia disposição, bom humor e
uma alegria incontida. Tinha por mim um profundo respeito, uma propalada dívida de gratidão que já nem existia (e se
efetivamente existisse, já teria sido galhardamente quitada), mas que a sua generosidade e o seu caráter
insistiam em contemplar e da qual falava aos meus amigos ou a estranhos. Numa
das últimas vezes que estivemos juntos me transmitiu uma divertida piada de
padre iniciante, muito engraçada, que fiz questão de reproduzir neste blog,
postagem de 31 de agosto de 2012. Lembro-me de muitas passagens nossas
inesquecíveis. Numa de suas incontidas manias de fazer rápidos discursos
atribuíra a famosa obra “O Cortiço” a Machado de Assis. Dei-lhe uma bronca e
lhe enviei um exemplar do livro de Aluísio de Azevedo, que ele recebeu com
humildade e largos sorrisos. Foram inúmeros os nossos “papos-cabeça”, sobre
arte, filosofia e religião. Leo teve uma passagem atribulada. Dois casamentos
fracassados e uma última companheira que lhe havia dado um filho querido, um
menino que hoje conta 7 anos. Da última vez que almoçamos juntos, fez questão
de me servir um vinho de primeira linha e me contou de sua situação atual, de tudo aquilo que
se passara em sua vida nos últimos anos e que não havia tido a coragem de
assumir ou de me relatar. Era uma espécie de satisfação que ele me dava (e que
eu evidentemente jamais exigi), que lhe acalmava, ao mesmo tempo em que mais
nos aproximava espiritualmente e na intimidade. Estava feliz e demonstrava
enfática preocupação na criação de seu
filho caçula, diante de um mundo sem valores que ele tanto dizia temer. Agora
ele se foi. E nós o perdemos na presença física, no contato sempre tão
prazeroso, no apoio sempre presente e na
amizade que não media esforços para estreitar. Li no jornal de hoje uma crônica
feita por uma nora indignada com o assassinato do sogro querido e que termina
falando em “doce vingança”. Peço a ela emprestado o raciocínio para terminar
dizendo que sempre serão incompreensíveis, para nós humanos limitados, as razões de Deus ou da natureza que nos
retiram, abruptamente, as pessoas que amamos. Resta-nos uma ponta de
vingança, uma doce vingança de que, nada obstante a ausência pela morte, não poderá nos ceifar, enquanto vivermos, ou lúcidos formos, das
recordações de um convívio de amizade e amor, valores que, transcendendo o
tempo e o espaço, nos transportam sempre para a ideia de eternidade.
Adeus, Leo, querido amigo, saudoso já, sempre saudoso para nós, seus amigos desta
vida.
Até
amanhã.
P.S. (1) "Tirar a amizade da vida seria tirar o sol do mundo" Cícero
"A amizade não se obriga. Brota espontânea do coração" Manoel Macedo;
P.S. (2) A imagem n. 1, da capa do livro "O Cortiço" foi emprestada do site not1.xpg.com.br. A imagem n. 2 é uma fotografia que mostra o querido Leo, depois de submetido, no ano passado, a uma cirurgia de joelho, com a minha sogra, Dna. Geny Carillo Furlan que igualmente se submetera a uma cirurgia similar, ambos ostentando seus aparatos. A foto foi tirada pela minha filha, Samira Furlan Miguel Schmidt, no Giovanetti V, durante um almoço beneficiente em pról da nossa Creche Lar Ternura.
P.S. (1) "Tirar a amizade da vida seria tirar o sol do mundo" Cícero
"A amizade não se obriga. Brota espontânea do coração" Manoel Macedo;
P.S. (2) A imagem n. 1, da capa do livro "O Cortiço" foi emprestada do site not1.xpg.com.br. A imagem n. 2 é uma fotografia que mostra o querido Leo, depois de submetido, no ano passado, a uma cirurgia de joelho, com a minha sogra, Dna. Geny Carillo Furlan que igualmente se submetera a uma cirurgia similar, ambos ostentando seus aparatos. A foto foi tirada pela minha filha, Samira Furlan Miguel Schmidt, no Giovanetti V, durante um almoço beneficiente em pról da nossa Creche Lar Ternura.
Olá Dr Jamil, é a Bruna... namorada e companheira do Léo nos últimos 2 anos de via dele. Linda a homenagem!! Tenho certeza que, esteja onde estiver, ele ficou muito feliz com suas palavras...
ResponderExcluirApenas uma correção, qdo ele passou mal não estava visitando nenhum dos estabelecimentos... estávamos jantando em casa, harmoniosamente, quando ele se sentiu mal, colocou a mão no peito e pediu que o levasse ao hospital... E lá, durante o eletrocardiograma ele sofreu a parada cardíaca. Um abraço, Bruna.
Cara Bruna,
ExcluirObrigado pela correção. Aprecio saber que nos últimos momentos, ao invés de estar cuidando de negócios,o nosso querido Leo estava com a família, em casa, jantando.
Grande abraço a você e aos queridos familiares do nosso saudoso e inesquecível amigo.
Jamil