terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

LEO - MAIS UM AMIGO QUE SE VAI....


Boa noite amigos,

Quanto mais tempo se vai vivendo, maiores são as possibilidades de ganho e de perda. O lucro fica por conta da experiência e da sabedoria que supostamente o tempo nos possibilita, e o sofrimento chancela, às vezes. As perdas são de várias ordens: vitalidade, disposição, projetos, esperança, sonhos. Há o consolo, por certo, das obras que eventualmente tenhamos realizado ou deixado, relevante para muitos ou para alguém, ao menos.  Bem, esse intróito é para dizer que perdi outro grande amigo nessa aurora de 2.013. De forma rápida e imprevisível, o querido José Manoel Alves, o Leo do Giovanetti, como a gente o conhecia e o chamava, na noite de domingo de 07 de janeiro,  quando visitava um dos estabelecimentos do grupo,  teve um enfarte fulminante e, embora socorrido, morreu no hospital, sem que se tenha notícia de qualquer doença de fundo ou de predisposição para o enfarto. Foi-se aos 50 anos. Sem tempo para despedidas. Num vigoroso 50 anos, porque Leo transmitia disposição, bom humor e uma alegria incontida. Tinha por mim um profundo respeito, uma propalada  dívida de gratidão que já nem existia (e se efetivamente existisse, já teria sido galhardamente quitada),  mas que a sua generosidade e o seu caráter insistiam em contemplar e da qual falava aos meus amigos ou a estranhos. Numa das últimas vezes que estivemos juntos me transmitiu uma divertida piada de padre iniciante, muito engraçada, que fiz questão de reproduzir neste blog, postagem de 31 de agosto de 2012. Lembro-me de muitas passagens nossas inesquecíveis. Numa de suas incontidas manias de fazer rápidos discursos atribuíra a famosa obra “O Cortiço” a Machado de Assis. Dei-lhe uma bronca e lhe enviei um exemplar do livro de Aluísio de Azevedo, que ele recebeu com humildade e largos sorrisos. Foram inúmeros os nossos “papos-cabeça”, sobre arte, filosofia e religião. Leo teve uma passagem atribulada. Dois casamentos fracassados e uma última companheira que lhe havia dado um filho querido, um menino que hoje conta 7 anos. Da última vez que almoçamos juntos, fez questão de me servir um vinho de primeira linha  e me contou de sua situação atual, de tudo aquilo que se passara em sua vida nos últimos anos e que não havia tido a coragem de assumir ou de me relatar. Era uma espécie de satisfação que ele me dava (e que eu evidentemente jamais exigi), que lhe acalmava, ao mesmo tempo em que mais nos aproximava espiritualmente e na intimidade. Estava feliz e demonstrava enfática  preocupação na criação de seu filho caçula, diante de um mundo sem valores que ele tanto dizia temer. Agora ele se foi. E nós o perdemos na presença física, no contato sempre tão prazeroso,  no apoio sempre presente e na amizade que não media esforços para estreitar. Li no jornal de hoje uma crônica feita por uma nora indignada com o assassinato do sogro querido e que termina falando em “doce vingança”. Peço a ela emprestado o raciocínio para terminar dizendo que sempre serão incompreensíveis, para nós humanos limitados,  as razões de Deus ou da natureza que nos retiram, abruptamente, as pessoas que amamos. Resta-nos uma ponta de vingança, uma doce vingança de que, nada obstante a ausência pela morte,  não poderá nos ceifar,  enquanto vivermos, ou lúcidos formos, das recordações de um convívio de amizade e amor, valores que, transcendendo o tempo e o espaço, nos transportam sempre para a ideia de eternidade.
Adeus,  Leo, querido amigo, saudoso já, sempre saudoso para nós, seus amigos desta vida.


Até amanhã.

P.S. (1) "Tirar a amizade da vida seria tirar o sol do  mundo" Cícero
"A amizade não se obriga. Brota espontânea do coração" Manoel Macedo;

P.S. (2) A imagem n. 1, da capa do livro "O Cortiço" foi emprestada do site not1.xpg.com.br. A imagem n. 2 é uma fotografia que mostra o querido Leo, depois de submetido, no ano passado, a uma cirurgia de joelho, com a minha sogra, Dna. Geny Carillo Furlan que igualmente se submetera a uma cirurgia similar, ambos ostentando seus aparatos.  A foto foi tirada pela minha filha, Samira Furlan Miguel Schmidt, no Giovanetti V, durante um almoço beneficiente em pról da nossa Creche Lar Ternura.






2 comentários:

  1. Olá Dr Jamil, é a Bruna... namorada e companheira do Léo nos últimos 2 anos de via dele. Linda a homenagem!! Tenho certeza que, esteja onde estiver, ele ficou muito feliz com suas palavras...
    Apenas uma correção, qdo ele passou mal não estava visitando nenhum dos estabelecimentos... estávamos jantando em casa, harmoniosamente, quando ele se sentiu mal, colocou a mão no peito e pediu que o levasse ao hospital... E lá, durante o eletrocardiograma ele sofreu a parada cardíaca. Um abraço, Bruna.

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    1. Cara Bruna,
      Obrigado pela correção. Aprecio saber que nos últimos momentos, ao invés de estar cuidando de negócios,o nosso querido Leo estava com a família, em casa, jantando.
      Grande abraço a você e aos queridos familiares do nosso saudoso e inesquecível amigo.
      Jamil

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