sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

HABEAS CORPUS NO STF - A LIMINAR DO MINISTRO MARCO AURÉLIO


Boa noite amigos,


Ministro Marco Aurélio durante sessão ordinária no Supremo

Tribunal Federal. Imagem emprestada de O Globo.
A liminar de habeas-corpus concedida ao PC do B pelo Ministro Marco Aurélio do Supremo Tribunal Federal acena para mais um episódio de questionamentos e preocupações do país todo, diante de especulações que, falsas ou verdadeiras,  se apresentam como mais um golpe na já combalida insegurança jurídica em que se vive no país. Não fosse pelo conteúdo da decisão monocrática, que desconhece o princípio do colegiado e a interpretação recente da própria Corte Constitucional no sentido inverso (afinal 6 a 4 ou 10 a 0 já não importa na fixação da tese que representa a jurisprudência do Tribunal, como se sabe), o momento em que foi concedido (véspera de recesso forense e de  assunção do novo governo federal eleito),  oferece adicionais combustíveis àqueles que vaticinam contra o Estado democrático que o Brasil conquistou às duras penas, depois de um período revolucionário vintenário, de triste memória. A motivação para a decisão propalada pelo Ministro para a imprensa, segundo a qual, ao assumir o importante múnus, teria jurado cumprir a Constituição e não podia quebrar o seu voto, é pretensiosa, arrogante, senão irresponsável. A Constituição não é o que o Ministro pensa dela, mas o resultado, no nosso sistema político, da forma como a maioria dos Ministros investidos em dado momento histórico, como tais, na Corte Suprema, a interpretam. O mais é romantismo jurídico que não pode ser tolerado, ainda mais vindo de quem vem, isto é, de um Ministro com presunção de notável saber jurídico e conduta ilibada. Ainda bem que antes que a desastrosa decisão lograsse efeitos imediatos por todo o país, o Presidente da Corte Constitucional (justo ele, o ex-petista e advogado do partido, por muito anos, indicado para o Supremo pelo próprio ex-presidente Lula), interveio, para cassá-la, em nome do interesse público, na medida em que a liminar contrariava a própria decisão do Plenário, inúmeras vezes contrastadas pelos intermináveis habeas-corpus impetrados em benefício do ex-Presidente Lula e de outros condenados pela Lava Jato. E se diz irresponsável porque, segundo estimativas, a decisão colocaria em liberdade nada menos do que 170.000 condenados em segunda instância em todo o país,  que tivessem ou tenham algum “recursinho” protelatório dormindo nos escaninhos dos Tribunais Superiores. Seria possível – e quanto custaria ao país – reverter esse caos? Juro aos amigos que já há 10 dias aqui nos Estados Unidos, tinha assunto e material para escrever sobre dicas de férias e diversão. Fica para amanhã. Hoje vai essa minha reflexão e mais uma vez o meu lamento.

Boa noite a todos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário