Boa noite amigos,
A morte do
ex-goleiro, Félix, da inesquecível Seleção Brasileira de 1.970, que
trouxe, do México, o então inédito tricampeonato mundial, é uma das notícias mais divulgadas e
comentadas no dia de hoje. Aos 74 anos, vítima de enfisema pulmonar, o atleta
foi lembrado e saudado por seus colegas de seleção e por personalidades em geral,
do mundo da bola, especialmente. Félix esteve longe de ser unanimidade, num
país em que praticamente ninguém é unanimidade em se tratando de futebol, a grande paixão dos brasileiros, e por isso mesmo, provocando inevitáveis e
acendradas polêmicas. Os pontos fortes
do goleiro são destacados como sendo a tranqüilidade e as precisas saídas da
meta. Nos meus bem vividos 60 anos, dá para contar aqueles jogadores brasileiros
que podem ser considerados uma “quase
unanimidade”: Pelé, Garrincha,
Rivelino, Gerson, Romário, Zico, Sócrates, Ronaldo “fenômeno” e, mais recentemente, Neymar. Tem mais algum? Bem, posso ter esquecido de alguém que deveria
ser lembrado, mas o fato é que especialmente jogadores de defesa e goleiros, no nosso estilo de “futebol-arte” em que o que vale são os gols que fazemos e não os que tomamos, estilo esse que já foi cantado em prosa e verso pelo mundo – mas já não ganha títulos por causa da competitividade – atletas que se
especializaram em defender, em evitar gols, ficam em segundo plano. E, assim como Carlos, Dida e Júlio Cesar, Felix também carregou a fama (justa ou não) de ser um goleiro apenas
razoável, sem nível para jogar numa seleção, segundo alguns. Goleiros são vilões. Quando se ganha e quando
se perde, tanto faz. Na sua coluna de hoje o grande Milton Neves, lembra um dos últimos pedidos do goleiro morto, dirigido ao povo e imprensa
em geral, e que muito bem evidencia o
seu sentimento a respeito desse preconceito:
“Pelo menos quando eu morrer, que parem de
dizer que o Brasil ganhou a Copa de 70, “apesar do Félix”. O Barbosa foi
crucificado por não ter ganho a Copa de 50 e eu por ter ganho a Copa de 70.
Duas grandes injustiças.”
Está dito e
registrado, senhor Félix. Venerando, de nascimento e, para muitos, também por
méritos. Para outros, pela sorte e pela vitória. Seja como for, o seu nome está
marcado para sempre na história do futebol brasileiro e mundial. Descanse,
pois, em paz.
Até amanhã amigos.
P.S. (1) Muitos companheiros
de Félix na seleção tricampeã do Mundo falaram hoje sobre sua morte. O atacante Jairzinho, nosso badalado “Furacão”
lembrou do goleiro como um “exemplo de grande homem e jogador” e o considerou “um
dos maiores goleiros que já conheci”. O lateral Carlos Alberto Torres, nosso
capitão da Copa de 70, fez questão de registrar a grande personalidade do
atleta que soube superar muitas críticas e que venceu por seus próprios
méritos, “sem apadrinhamentos”. Até o controvertido treinador Leão, que na
época foi reserva de Félix, decidiu dar seus “pitacos”: Não o conheci direito, mas deve-se ressaltar
que ele venceu e mereceu, por isso, a medalha de ouro em 1.970, ressaltou.
P.S. (2) A Seleção
Brasileira de 1.970, que disputou e ganhou o tricampeonato mundial no
México formou com o seguinte elenco: Titulares: 1- Félix; 2- Brito; 3- Piazza; 4- Carlos Alberto; 5- Clodoaldo; 6-
Marco Antônio; 7- Jairzinho; 8- Gerson; 9- Tostão; 10- Pelé; 11- Rivelino.
Reservas: 12 – Ado; 13- Roberto; 14- Baldocchi; 15-Fontana; 16-Everaldo;
17-Joel; 18- Paulo Cezar Cajú; 19- Edu; 20-Dario; 21- Zé Maria; 22-Leão. O
técnico era Zagallo;
P.S. (3) A Seleção
Brasileira, naquela Copa, ganhou todos os seus jogos, sendo campeã com a
seguinte campanha: Fase de Classificação: Brasil 4 x 1 Thecoslováquia; Brasil 3x 2
Romênia; Brasil 1x0 Inglaterra. Fase
eliminatória de quartas-de-finais: Brasil 4x2 Perú. Semifinais: Brasil 3x1 Uruguai. Final:
Brasil 4x1 Itália;
P.S. (4) O jogo
mais difícil enfrentado pela Seleção foi contra a Inglaterra, o último da fase
de classificação. O Brasil venceu por 1 a 0, mas o goleiro "Gato Félix", um dos apelidos que recebeu, teve atuação
destacada. Muitos consideram até hoje a melhor atuação do goleiro pela Seleção
Brasileira;
P.S. (5) O Brasil,
pentacampeão do mundo, teve, em suas conquistas, os seguintes goleiros: 1) Campeão Mundial na Suécia em 1.958- Gilmar; 2) Bicampeão Mundial
no Chile em 1.962 – Gilmar; Tricampeão Mundial no México em 1.970 – Félix;
Tetracampeão Mundial nos Estados Unidos em 1.994 – Tafarel; Pentacampeão
Mundial em 2.002 no Japão e Coréia do Sul – Marcos;
P.S. (6) O
paulistano Felix iniciou sua carreira no Nacional, passando,
depois, por Juventus e Portuguesa de
Desportos, todos de São Paulo, encerrando a carreira no Fluminense, do Rio de
Janeiro, onde jogou de 1.968 a 1.977. Pela Seleção Brasileira disputou 47
jogos, com 33 vitórias, 9 empates e apenas 5 derrotas;
P.S. (7) A imagem
que ilustra a coluna hoje é da Seleção Brasileira tricampeã em 1.970, no
México, com o goleiro Félix, ao
centro e foi emprestada do site mochileiro.tur.br. Naquele tempo, os mexicanos entoando o "está chegando a hora" aplaudiam o nosso futebol, sem saber que um dia, seríamos nós, brasileiros, que bateríamos palmas para o forte e dedicado futebol mexicano, de quem viramos fregueses. Quem diria?
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