quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O EGO E O ALTEREGO - UMA BUSCA PELA POESIA

Boa noite amigos,
Quem em certa época da vida, ainda que episodicamente, não sentiu vontade de escrever, em prosa ou em verso, o que sentia no peito ou na alma.? Matar a tristeza, afogar a melancolia em momentos de  crises de existencialismo,  nos quais se levanta dúvidas quanto à vida, ao mundo, aos outros  e a você mesmo. Um processo de busca pelo  auto-reconhecimento ou de identidade, de procura de um lugar no catálogo dos tipos que a convenção social criou na nossa mente.  A procura, em suma, também de uma coerência ou harmonia,  que só depois, mais  velho, vivido e mais sábio,  se descobre que ela não consta necessariamente da natureza humana. Fiz estes versos no já distante ano de 1.985. Eles falam, acredito, um pouco daquele momento de questionamentos que minha alma inquieta,  jamais deixou de suscitar.

POESIA – DESENCONTRO

14/02/1985

Se o sol se põe levando a claridade,
E a noite chega como o vento sorrateiro,
Como saber se é o sol minha verdade,
Ou se é a lua que me devolve inteiro.

Se a noite é loura e o amanhecer escuro,
Que fazer de tão estranha sinfonia,
Seja viver o que me dita o peito?
De desalento, ou de profunda euforia.

Quem é você que de mim não se aparta,

E eu   não vejo,  sinto ou  reconheço,
Do corpo velho me reclama o moço,
A me arrastar por devaneio louco.

Pudesse agora eu parar  o tempo,
Pra descobrir qual é o verdadeiro,
Sem me sentir do fundo de minh’alma,
De mim mesmo, eterno forasteiro.

Até amanhã.


P.S. (1)  Sentimentos de dúvidas e  ambigüidade que manifesto neste poema, feito em 1.985,  parece atingir muitas pessoas, que buscam o seu “alterego” aquele que está lá na camada mais profunda do nosso inconsciente  e que talvez constitua uma nossa essência desconhecida para nós. Em compensação, idênticas sensações de deslocamento do “ego” também fazem parte da complexa natureza humana, um fenômeno inverso.
P.S. (2)  Gosto muito dos versos de Adriana Calcanhoto feito para a música METADE, de sua autoria: “Eu perco o chão/ eu não acho as palavras/ eu ando tão triste/ eu ando pela sala/ eu perco a hora/ eu chego no fim/  Eu deixo a porta aberta/ Eu não moro mais em mim”.
P.S. (3) A imagem que ilustra a coluna hoje denominada “ALTER EGO” é de um novo jogo de aventura criado pelo estúdio Future Games. O jogador é convidado a fazer uma investigação profunda, cheia de misticismos e terror. Uma busca com elementos de horror clássico, absorveu todo o mais escuro das histórias de detetive com Edgar Allan Poe e Arthur Conan Doyle. E Alter Ego, segundo o anunciante, é uma nova razão para ter medo do escuro. Brrrrrrrrrr!!!
P.S. (4) A imagem foi emprestada do site gamezplay.org.



Um comentário:

  1. Tio Jamil,
    "Do corpo velho me reclama o moço"
    é demais!!!! parabéns!!!
    Beijão,
    Thiago

    ResponderExcluir