quinta-feira, 7 de março de 2013

GRAMÁTICA - O USO INCORRETO DA CRASE


Boa noite amigos,

Tenho sustentado haver uma relação de "amor e ódio" de estudantes, inclusive universitários, e profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, com a crase. E no que consistiria esse amor e ódio? É o seguinte: ou o sujeito coloca crase em todos os “as”, mesmo quando se tem apenas um mero artigo definido antes de substantivo feminino, ou, então, não coloca crase nenhuma, ainda que se verifique a hipótese de um artigo feminino  mais  uma preposição.  Parece não existir meio termo. Fico matutando porque se tem tanta dificuldade de se aprender (e, pois, apreender),  o correto uso da crase. A crase não passa de uma contração, que no sentido gramatical significa a redução de duas ou mais vogais a uma só (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Novo Dicionário Aurélio, 2ª. Edição revista e aumentada, Editora Nova Fronteira, 1.986, p. 465). A crase indica, portanto, a presença de duas vogais (aa), reduzidas a uma com o acento grave (à). O “à”, portanto, gramaticalmente indica a contração da preposição “a” com o artigo definido feminino “a” ("Vou à China no mês que vem"), ou, a contração da preposição (a), com os pronomes demonstrativos “a”, “as”, “aquele”, “aquela”, “aquilo” ("Entregarei a faixa àquela jovem", ou, "Esta é à que (aquela que) lhe dei").Simples, não. A melhor forma de não errar no uso do acento grave indicativo da existência de crase é decorar os casos em que ela não aparece de jeito nenhum. Ora, se a crase indica necessariamente a existência de um artigo definido feminino (a), é evidente que não se usa crase antes de palavra masculina.Também não se usa crase antes de verbo. Já são duas dicas que resolvem 80% dos casos de dúvida. Portanto, em orações como “Pedi insistentemente a Pedro que me desse outra oportunidade” e  “Ficou ele a argumentar com o motorista”, não se coloca o acento grave antes de “a Pedro”, ou antes de “a argumentar”. Em ambos os casos o “a” ali referido é apenas uma preposição, sem a co-existência do artigo.  Observe-se que em alguns casos a palavra feminina é subentendida e não escrita, daí porque, nesse caso específico,  se usa o acento grave antes de palavra masculina.  Nas orações como “sapato à Luiz XV”, a crase existe, porque se subentende a expressão “à moda Luiz XV”. Adicionalmente, a crase também deve ser usada em outros casos especiais. Sobre eles falaremos oportunamente.

 Até amanhã amigos.

 P.S. (1) A palavra “crase” é originária do grego Krásis, que significa “mistura” ou “fusão”;

P.S. (2) É inacreditável como tem sido comum ler anúncios, editais, propagandas e placas indicativas com a expressão “à partir de” com crase. Elas provêm de órgãos particulares, repartições públicas,instituições de ensino (acreditem!) e até da mídia.  É lamentável, não?

P.S. (5) Li no site www.naotemcrase.com  a seguinte observação sobre o uso de “a partir de” com crase, numa embalagem de produto infantil do renomado laboratório Johnson & Johnson: “Quando uma empresa do porte da Johnson & Johnson não consegue acertar uma crase em uma embalagem, algo está errado com a nossa amada língua portuguesa. E o pior é que o erro está em um produto para crianças. Nossos filhos vão crescer escrevendo “à partir de” com crase”.

P.S. (4) A imagem da coluna de hoje é uma de uma fotografia que tirei de uma placa existente na porta de um dos compartimentos de um restaurante de Campinas. Note-se o uso incorreto da crase antes de palavra masculina e, pior,  no plural “Entrada restrita à funcionários”????









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