Boa noite amigos,
Imagem emprestada de
https://www.youtube.com/watch?v=s2CRX7IeLyI
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Hoje vai uma crônica escrita ainda agora à noite, que relata um antigo episódio envolvendo as minhas crônicas confusões e o querido amigo Dr. Romeu Santini. Vai lá:
"O Romeu Santini
é uma figura marcante na história política e social da cidade de Campinas. Foi
vereador do município durante sete mandatos diferentes, ao longo de sua
carreira política. Na década de 60, disputando eleição para Prefeito, foi
derrotado pelo carismático então jovem candidato, Orestes Quércia, que, depois,
foi deputado, senador da República e governador do Estado de São Paulo. Nem por
isso perdeu prestígio. Muito ao contrário, de temperamento alegre e cativante,
Romeu só granjeou simpatia de seu vasto eleitorado e círculo de amizade. Desde
os primeiros anos de minha advocacia se tornou cliente e dileto amigo por via
de outro amigo comum, o Dr. Walter Hoffmann. A ele devo a iniciativa do projeto
que me concedeu o título de cidadão campineiro, de que muito me orgulho. Mas o que vou contar nos une em torno de um
episódio pitoresco que rendeu e rende muitas risadas, por onde ele é contado e,
muitas vezes, recontado. Romeu tinha um
programa diário numa televisão local, afiliada, se não me engano, da rede
Bandeirantes. Nesse programa, o Romeu político, no exercício do mandato e, ao
mesmo tempo, sempre candidato natural a sucessivas reeleições, ouvia o povo da
periferia, dando voz a ele para formular,
no ar, sugestões, pleitos e reclamações quanto a questões locais negligenciadas
pela Administração Pública. Era a falta do asfalto prometido, aumento da conta
de água, do IPTU, árvores que ameaçavam cair ou provocar danos por falta de
poda e assim por diante. O programa completava, naquela noite, um ano e a
audiência, segundo se soube, não era desprezível. Não sei por que cargas d’água,
decidiu-se por uma grande festa comemorativa desse aniversário, a ter lugar num
dos elegantes salões do Hotel Resort Royal Palm Plaza. Era grande o número de
convidados, numa lista que levava em conta a importância de autoridades e,
ainda, de personalidades da sociedade local e, finalmente, de amigos do
vereador-apresentador. Não sei se ainda era Juiz em Campinas, Comarca na qual
me aposentei, ou se já estava aposentado. O evento, é claro, seria coberto pela
imprensa escrita e também pelo mesmo canal no qual o programa era diariamente exibido.
Cheguei usando traje esporte fino, como se recomendava no convite, acompanhado
de minha sempre elegante esposa (e aqui aproveito para ganhar pontos com ela). Ainda
na porta do salão, avistei, e fui avistado, por uma jornalista baixinha,
simpática e que eu já conhecia por ela ter trabalhado na TV Puc, universidade
na qual lecionava e leciono ainda hoje. Sorridente, ela me convidou para dar
uma entrevista sobre o evento e o programa, a respeito do qual eu não tinha
grandes dados. Sabia algo por cima. Não
me fiz de rogado. Microfone na mão, indagado acerca do que eu achava do Romeu e
do programa, deitei simpáticos elogios. Dentre outras coisas, acabei afirmando
que por ele abria-se um importante canal de comunicação entre o cidadão e o
vereador, permitindo que este ouvisse daquele, no ar, a reivindicação
desatendida ou negligenciada. E, assim, o vereador poderia levar diretamente ao
Prefeito as demandas da comunidade, exigindo providências. Por isso mesmo – e
aí eu disse textualmente – “o programa se chama FALA QUE EU TE ESCUTO, numa
clara alusão à atenção e oportunidade que Romeu confere ao pessoal mais carente
e que não tem meios de fazer chegar ao Prefeito suas reclamações e carências”. Nesse momento, fez-se um silêncio geral em
torno de mim. A entrevista estava sendo mandada ao ar ao vivo. E, como diz o
Faustão, quem sabe faz ao vivo. E eu concluo, quem não sabe se estrumbica
também ao vivo. O antigo programa FALA QUE EU TE ESCUTO, como todo mundo sabe,
é franquia da IGREJA UNIVERSAL, tem conotação religiosa e é mandado ao ar pela
TV Record, do Pastor Edyr Macedo. O Programa do Romeu, cujo aniversário estava
sendo comemorado e que eu nunca assisti, se chamava CHEGA DE PROSA, um jargão
que ele usava em seguida à reclamação do distinto ouvinte, batendo numa espécie
de tribuna: - Então Prefeito, CHEGA DE PROSA! Vamos atender a Dna. Maria ou
vamos esperar que a árvore caia sobre ela? Putz! E eu sei que ficou por isso. Não
sei, mas acho que a entrevistadora, minha amiga, em seguida chamou os
comerciais para ter tempo de se refazer. E o episódio virou, como eu disse, um
motivo para muitas e muitas risadas.
Até amanhã amigos.
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