terça-feira, 2 de janeiro de 2018

NATAL LUZ EM GRAMADO PARTE DOIS - O FESTIVAL DE CINEMA

Boa noite amigos,

Interior da entrada do Palácio dos Festivais,

destacando o Kikito, o Deus do humor, esta-
tueta conferida aos vencedores.
Neste segundo dia do novo ano, o clima no litoral paulista está convidativo para praia ou piscina. O calor beira os 35 graus e nem penso em deixar o apartamento aqui na Riviera para encarar uma estrada com quilômetros e quilômetros de congestionamento no já tradicional transtorno da volta dos feriados de Natal e Ano novo. Não programamos mesmo retorno antes do dia 10 de janeiro, uma esticada providencial, mas necessária, especialmente para o Rafa, que este ano,  promovido do pré para o infantil, deve voltar às aulas no final de janeiro.   Voltamos  a falar de Gramado, na segunda postagem sobre o assunto. Um dos programas obrigatórios para os amantes da sétima arte, os cinéfilos, é visitar o Palácio dos Festivais, prédio majestoso em estilo colonial, que reúne o teatro onde acontece todo ano o maior e mais importante Festival de Cinema da América Latina, salas de projeção, e, ainda, o Museu do aludido festival. O Festival de Cinema de Gramado surgiu modestamente em 1.973, como mero festival nacional, e gradativamente foi ganhando corpo e importância. Em todos os anos recebeu inscrições e premiou as principais categorias do cinema nacional, posteriormente do cinema nacional e latino, separadamente, e finalmente, assumiu o perfil de festival internacional, admitindo inscrições e premiando filmes estrangeiros de qualquer nacionalidade.

Placa homenagem ao ator Lima Duarte,

destacando seu pronunciamento acerca
da importância do Museu do Festival.
Entre momentos de apogeu da produção do cinema nacional, como em 1.996, ano em que venceu o ótimo filme de José Jofeily, Quem Matou Pixote? e crises intensas, como em 1.992, durante o governo Color, quando, pela única vez, o festival apenas premiou um filme estrangeiro (Técnicas de Duelo – Uma Cuestiòn de Honor) do colombiano Sérgio Cabrera, por falta de produção e inscrição de filmes nacionais, o evento, a cada versão,  atrai  mais produtores, diretores, atores e agências interessadas na participação e especialmente  nos prêmios, simbolizados pelo Kikito[1], a estatueta que representa o troféu de conquista conferida aos vencedores. Em 2.006 o Festival foi declarado patrimônio histórico e cultural do Estado do Rio Grande do Sul. Em 2.016 deu-se a mudança do Museu do Festival para o prédio atual situado na rua Borges de Medeiros, 2.697, Centro. Ali, na entrada do prédio, que abriga todo o acervo e ainda, o teatro, uma escultura do Kikito, o deus do bom humor e ao lado, do ator Hugh Jackman, o popular Volverine da série americana.  Defronte ao prédio, copiando Los Angeles, criou-se a calçada da fama, onde se pode conferir os contornos das mãos de gente famosa que visitou e prestigiou o festival, como a cantora Sandy, seu pai Xororó e o ator e diretor Selton Mello, dentre outros. 
Exercendo o meu direito de visitante que pa-

gou ingresso, minha self levantando o kikito, 
simbolizando hipotética vitória.
No interior do prédio, placas espalhadas por todos os lados, marcam os momentos mais relevantes do festival. Homenagens a vários atores e diretores, nacionais e internacionais,  que lá estiveram e que fizeram da sétima arte um grande e apreciável projeto de vida, encantando o mundo com enredos, mitos e lendas incorporadas para sempre ao imaginário popular, coisa que só o cinema, com a sua magia, consegue eternizar na memória afetiva. Dentro do museu pode-se acompanhar o depoimento de atores e diretores que venceram ou concorreram nas diversas edições do festival, ressaltando a importância do prêmio para o currículo deles e dos respectivos filmes. E, ainda, se permite levantar o kikito em tamanho original, registrando o momento com uma self simbólica, criando a boa ilusão de ter sido um cineasta de sucesso, coisa que nunca fui.


Até a próxima postagem amigos,

As mãos do sertanejo Xororó, imortalizadas na calçada da
fama de Gramado.



P.S. (1) Poucos foram as indicações e os prêmios que o cinema nacional recebeu ao longo de sua existência. Não me parece, particularmente, por isso, que o nosso cinema seja desimportante. Críticos e especialistas em cinema ovacionam mitos que produziram filmes originais e relevantes, embora nunca tenham sido premiados nos festivais mais importantes do mundo, especialmente o Oscar. Como se sabe há fatores, muito além da qualidade dos filmes, que interferem nas indicações e nos prêmios conferidos pela Academia de Hollywood. Por isso, embora seja inegável que nós, cinéfilos de carteirinha, não ignoremos o Oscar, a cada ano, adquirimos a sabedoria de conferir a ele um valor relativo na avaliação geral das produções cinematográficas de todo o mundo;



P.S. (2) Queiram ou não a questão política americana, e suas várias facetas, jamais foram apartadas das indicações e premiações da Academia de Hollywood. Daí a sua relatividade a ser sempre considerada, sem dúvida.




[1] “O Kikito surgiu na imaginação da artista Elisabeth Rosenfeld em 1967, como representação do deus do bom humor. Desde a primeira edição do Festival de Cinema de Gramado, foi escolhido para ser o seu símbolo. Esta reprodução em cimento, criada a pedido  de Kurt e Elisabeth Berz, foi doada pelo casal à cidade de Gramado em agosto de 1.995” (literalmente inscrição em uma das muitas placas que adornam o museu do festival).

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