Boa
noite amigos,
Interior da entrada do Palácio dos Festivais,
destacando o Kikito, o Deus do humor, esta-
tueta conferida aos vencedores. |
Neste
segundo dia do novo ano, o clima no litoral paulista está convidativo para
praia ou piscina. O calor beira os 35 graus e nem penso em deixar o apartamento
aqui na Riviera para encarar uma estrada com quilômetros e quilômetros de congestionamento
no já tradicional transtorno da volta dos feriados de Natal e Ano novo. Não
programamos mesmo retorno antes do dia 10 de janeiro, uma esticada providencial,
mas necessária, especialmente para o Rafa, que este ano, promovido do pré para o infantil, deve voltar
às aulas no final de janeiro. Voltamos a falar de Gramado, na segunda postagem sobre
o assunto. Um dos programas obrigatórios para os amantes da sétima arte, os
cinéfilos, é visitar o Palácio dos Festivais, prédio majestoso em estilo
colonial, que reúne o teatro onde
acontece todo ano o maior e mais importante Festival de Cinema da América
Latina, salas de projeção, e, ainda, o Museu do aludido festival. O Festival de
Cinema de Gramado surgiu modestamente em 1.973, como mero festival nacional, e
gradativamente foi ganhando corpo e importância. Em todos os anos recebeu
inscrições e premiou as principais categorias do cinema nacional,
posteriormente do cinema nacional e latino, separadamente, e finalmente,
assumiu o perfil de festival internacional, admitindo inscrições e premiando
filmes estrangeiros de qualquer nacionalidade.
Placa homenagem ao ator Lima Duarte,
destacando seu pronunciamento acerca
da importância do Museu do Festival.
|
Entre momentos de apogeu da
produção do cinema nacional, como em 1.996, ano em que venceu o ótimo filme de
José Jofeily, Quem Matou Pixote? e crises
intensas, como em 1.992, durante o governo Color, quando, pela única vez, o
festival apenas premiou um filme estrangeiro (Técnicas de Duelo – Uma Cuestiòn de Honor) do colombiano Sérgio
Cabrera, por falta de produção e inscrição de filmes nacionais, o evento, a
cada versão, atrai mais produtores, diretores, atores e agências
interessadas na participação e especialmente
nos prêmios, simbolizados pelo Kikito[1],
a estatueta que representa o troféu de conquista conferida aos vencedores. Em
2.006 o Festival foi declarado patrimônio histórico e cultural do Estado do Rio
Grande do Sul. Em 2.016 deu-se a mudança do Museu do Festival para o prédio atual
situado na rua Borges de Medeiros, 2.697, Centro. Ali, na entrada do prédio, que abriga todo o
acervo e ainda, o teatro, uma escultura do Kikito, o deus do bom humor e ao
lado, do ator Hugh Jackman, o popular Volverine da série americana. Defronte ao prédio, copiando Los Angeles,
criou-se a calçada da fama, onde se pode conferir os contornos das mãos de
gente famosa que visitou e prestigiou o festival, como a cantora Sandy, seu pai
Xororó e o ator e diretor Selton Mello, dentre outros.
No interior do prédio,
placas espalhadas por todos os lados, marcam os momentos mais relevantes do
festival. Homenagens a vários atores e diretores, nacionais e internacionais, que lá estiveram e que fizeram da sétima arte
um grande e apreciável projeto de vida, encantando o mundo com enredos, mitos e
lendas incorporadas para sempre ao imaginário popular, coisa que só o cinema,
com a sua magia, consegue eternizar na memória afetiva. Dentro do museu pode-se
acompanhar o depoimento de atores e diretores que venceram ou concorreram nas
diversas edições do festival, ressaltando a importância do prêmio para o
currículo deles e dos respectivos filmes. E, ainda, se permite levantar o kikito em tamanho original, registrando o momento com uma self simbólica, criando a boa ilusão de ter sido um cineasta de sucesso, coisa que nunca fui.
Exercendo o meu direito de visitante que pa-
gou ingresso, minha self levantando o kikito,
simbolizando hipotética vitória.
|
Até
a próxima postagem amigos,
P.S.
(1) Poucos foram as indicações e os prêmios que o cinema nacional recebeu ao
longo de sua existência. Não me parece, particularmente, por isso, que o nosso
cinema seja desimportante. Críticos e especialistas em cinema ovacionam mitos
que produziram filmes originais e relevantes, embora nunca tenham sido
premiados nos festivais mais importantes do mundo, especialmente o Oscar. Como
se sabe há fatores, muito além da qualidade dos filmes, que interferem nas
indicações e nos prêmios conferidos pela Academia de Hollywood. Por isso,
embora seja inegável que nós, cinéfilos de carteirinha, não ignoremos o Oscar,
a cada ano, adquirimos a sabedoria de conferir a ele um valor relativo na avaliação
geral das produções cinematográficas de todo o mundo;
P.S.
(2) Queiram ou não a questão política americana, e suas várias facetas, jamais
foram apartadas das indicações e premiações da Academia de Hollywood. Daí a sua
relatividade a ser sempre considerada, sem dúvida.
[1] “O Kikito surgiu na imaginação da artista
Elisabeth Rosenfeld em 1967, como representação do deus do bom humor. Desde a
primeira edição do Festival de Cinema de Gramado, foi escolhido para ser o seu
símbolo. Esta reprodução em cimento, criada a pedido de Kurt e Elisabeth Berz, foi doada pelo
casal à cidade de Gramado em agosto de 1.995” (literalmente inscrição em uma
das muitas placas que adornam o museu do festival).
Nenhum comentário:
Postar um comentário