terça-feira, 15 de maio de 2012

COISA DE ADVOGADO NOVO


                                                               Boa noite amigos.

Há quem diga que o que vale não é o real, é o aparente. E a aparência tem que ser relevante. A seguir um “causo” que está no livro “Causas & Causos” n. I, da Millenium Editora.




“COISAS DE ADVOGADO NOVO.


“A mentira, senhora do mundo, é hábil e astuta; mascara-se com a hipocrisia, enfeita-se toda de ilusões e vence”

                                               (Coelho Neto).


O Doutor Gerônimo (isto mesmo, com G) acabara de colar grau de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, numa dessas faculdades de direito que estão lá no fim da fila do famoso “ranking” divulgado, todo ano, pela gloriosa Ordem dos Advogados do Brasil.


Não tinha sido bom aluno, daqueles que marcam as suas turmas, mas, como costumava ele próprio apregoar, fizera o curso “meio nas coxas” e estudara “para quebrar o galho”.

Lograra aprovação no primeiro exame da OAB subseqüente à formatura, para espanto e, passado este, orgulho geral, incluindo  dos parentes  e amigos de “farra”.

Agora a questão era outra, ou seja, conseguir emplacar e vencer na advocacia.

Com o auxílio dos pais e dos irmãos mais velhos, conseguira dinheiro para montar um pequeno escritório em Itatiba, simpática cidade do interior de São Paulo.


Botou lá uma guardinha para fazer as vezes de secretária, comprou alguns livros “por metro”, isto é, um tanto que coubesse exatamente na prateleira pronta que ficava atrás de sua mesa e deu por iniciado o negócio.


Dizia que o importante era ser importante e não perder a pose.

 Sabido, costumava dar conselhos aos amigos que, tais como ele, eram recém formados e viviam o drama de ter que começar, afinal.


No dia da abertura do escritório, nenhum cliente apareceu.

 Não se deu por vencido.

 No dia seguinte, por volta das 14 horas, eis que a guardinha anuncia, quase sem fôlego:


_ Doutor, doutor, tem um homem aí perguntando pelo senhor, posso mandar entrar?


_ Por que você está tão assustada, menina?

Calma aí, mande o homem entrar só daqui uns cinco minutos, tá!


Assim foi feito, em cinco minutos o tal senhor, trazido pela secretária, entrou e foi convidado a sentar defronte a mesa do Doutor Gerônimo.

 O doutor Gerônimo, por sua vez, estava no telefone e falava com alguém do outro lado da linha, não sem pedir desculpas ao cliente potencial, pois se tratava de questão urgente.


Enquanto o homem esperava, o Doutor Gerônimo, em alto e bom som dizia ao seu interlocutor:


_ Olha, Fulano, vamos com calma. A sua questão é de relevo, você não pode arriscar antes que eu termine o estudo jurídico que  estou fazendo e lhe dê um parecer que garanta a sua causa.


E, depois de alguns minutos de silêncio:


_ Faça o seguinte, na sexta-feira deposite parte de meus honorários no Banco do Brasil, uns R$20.000,00, a secretária já vai lhe dar o número da conta, etc. etc. etc.


Depois de cerca de quinze minutos, finalmente concluída a ligação, o Doutor Gerônimo vira-se simpaticamente para o cliente virtual que aguardava à sua frente:


_ Senhor...?


_ Paulo


_ Senhor Paulo, desculpe pela demora, era coisa relevante e de urgência, mas qual é a sua questão?


Ao que o cidadão respondeu, sem pestanejar:

 _ Não tenho questão nenhuma, doutor. Esse pedido aqui não é do senhor? Eu sou da Telefônica. Eu só vim instalar a sua linha telefônica “.

Até amanhã amigos.



P.S. – A imagem que ilustra a coluna hoje é do Presidente Obama, dos Estados Unidos da América, simulando um telefonema e foi emprestado do site aéreo.jor.br

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