Boa
noite amigos.
Há
quem diga que o que vale não é o real, é o aparente. E a aparência tem que ser
relevante. A seguir um “causo” que está no livro “Causas & Causos” n. I, da
Millenium Editora.
“COISAS
DE ADVOGADO NOVO.
“A mentira,
senhora do mundo, é hábil e astuta; mascara-se com a hipocrisia, enfeita-se
toda de ilusões e vence”
(Coelho Neto).
O Doutor Gerônimo (isto mesmo, com G) acabara de colar
grau de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, numa dessas faculdades de
direito que estão lá no fim da fila do famoso “ranking” divulgado, todo ano,
pela gloriosa Ordem dos Advogados do Brasil.
Não tinha sido bom aluno, daqueles que marcam as suas
turmas, mas, como costumava ele próprio apregoar, fizera o curso “meio nas
coxas” e estudara “para quebrar o galho”.
Lograra aprovação no primeiro exame da OAB subseqüente
à formatura, para espanto e, passado este, orgulho geral, incluindo dos parentes
e amigos de “farra”.
Agora a questão era outra, ou seja, conseguir emplacar
e vencer na advocacia.
Com o auxílio dos pais e dos irmãos mais velhos,
conseguira dinheiro para montar um pequeno escritório em Itatiba, simpática
cidade do interior de São Paulo.
Botou lá uma guardinha para fazer as vezes de secretária,
comprou alguns livros “por metro”, isto é, um tanto que coubesse exatamente na
prateleira pronta que ficava atrás de sua mesa e deu por iniciado o negócio.
Dizia que o importante era ser importante e não perder
a pose.
No dia da abertura do escritório, nenhum cliente
apareceu.
_ Doutor, doutor, tem um homem aí perguntando pelo
senhor, posso mandar entrar?
_ Por que você está tão assustada, menina?
Calma
aí, mande o homem entrar só daqui uns cinco minutos, tá!
Assim foi feito, em cinco minutos o tal senhor, trazido
pela secretária, entrou e foi convidado a sentar defronte a mesa do Doutor
Gerônimo.
Enquanto o homem esperava, o Doutor Gerônimo, em alto
e bom som dizia ao seu interlocutor:
_ Olha, Fulano, vamos com calma. A sua questão é de
relevo, você não pode arriscar antes que eu termine o estudo jurídico que estou fazendo e lhe dê um parecer que garanta
a sua causa.
E, depois de alguns minutos de silêncio:
_ Faça o seguinte, na sexta-feira deposite parte de
meus honorários no Banco do Brasil, uns R$20.000,00, a secretária já vai lhe
dar o número da conta, etc. etc. etc.
Depois de cerca de quinze minutos, finalmente
concluída a ligação, o Doutor Gerônimo vira-se simpaticamente para o cliente
virtual que aguardava à sua frente:
_ Senhor...?
_ Senhor Paulo, desculpe pela demora, era coisa
relevante e de urgência, mas qual é a sua questão?
Ao que o cidadão respondeu, sem pestanejar:
Até
amanhã amigos.
P.S.
– A imagem que ilustra a coluna hoje é do Presidente Obama, dos Estados Unidos
da América, simulando um telefonema e foi emprestado do site aéreo.jor.br
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