Amigos, boa noite.
Prestando atenção nas novas campanhas dos mais diversos produtos, tenho
notado que os publicitários atentos estão apostando em dois atrativos sensíveis
ao momento e à geração: a necessidade de comunicação com o maior número de
pessoas, num mundo em que ninguém tem
tempo senão para si mesmo e, bem assim, de se sentir importante ou relevante
nesse mesmo mundo de quase sete milhões de habitantes óbvios, repetitivos e
temporais. Ser lido, visto, fotografado, notado, sabe-se lá, é o tal momento de
celebridade,
desde que marcante e intenso. Uma espécie de síndrome do “Que não seja imortal
posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”, do saudoso poeta
Vinícius. A mídia, atenta, acompanha. Cria e descarta celebridades todos os dias,
aproveitando o desejo de evidência ou participação de uns, e a curiosidade de ver e saber de todos os demais. Há exceções, é claro. Mas as exceções não contam. Contam os milhões de
acessos na rede mundial de computadores, a Internet. Os motivos pelos quais uma
certa pessoa é vista, sentida ou ouvida são os mais diversificados, a revelar
muito da natureza humana. Se é relevante? Nem pensar, isso não importa. Se está
aparecendo com o seu consentimento, ou se é mera vítima de uma traição, uma
deslealdade, um desrespeito a principio fundamental relativo à intimidade ou à
honra, ou qualquer coisa que o valha, também não é coisa que se possa exigir do
usuário da rede. É questão ética ou jurídica que supostamente envolve apenas o
agente e a vítima, que se resolve entre eles, os advogados, a
Justiça... O principal é o direito ao acesso do que
foi divulgado. E disso entendem muito bem aqueles que querem se dar bem
comercialmente, na mídia. Não sem razão, o hoje milionário criador do Facebook,
desenvolveu o seu projeto a partir de uma censurável invasão à privacidade de
moças, dos quais se dizia colega e amigo, exibindo o corpo e a intimidade delas
para toda a escola. Campanhas que incentivam a recusa dos consumidores em
adquirir produtos que na origem ofendem a legalidade ou a moralidade, não
pegam. Achamos todos nós que não é problema nosso. Importa aquilo que o produto
vai nos proporcionar como bem de satisfação pessoal imediata. Outro dia num programa
novo da Rede Globo, comandado pelo jornalista Pedro Bial, discutia-se a
respeito dos limites à invasão da vida privada dos artistas ou celebridades,
pela imprensa comandada pelos paparazzi
de plantão. O ator Pedro Cardoso insistia que a vida dos artistas só a
eles diz respeito e que não pode ser explorada, nem divulgada, muito menos
especulada, fazendo crítica pessoal e direta a um profissional que ali se encontrava, também
como convidado, ligado à imprensa de fofocas. Num ato espontâneo de defesa pessoal, o tal convidado insistia que aquele era um ponto de vista rigoroso daquele artista (O Pedro), e que outros não se sentiam assim tão ofendidos, nem atingidos. Considerou, ainda, que no seu juízo, quando uma pessoa se propõe a exercer uma função pública ou de evidência, deve entender que o público tem interesse em
acompanhar também aspectos de sua vida particular, privada. E rematou, afirmando, que uma das
principais revistas dedicadas ao gênero, fazia parte das Organizações Globo, a
mesma que estava concebendo e levando a discussão ao ar, naquele momento e
naquele programa. Só restou ao jornalista Bial um sorrisinho amarelo e
aproveitar o momento para extrair dividendos para a sua própria emissora, ao
afirmar que aquilo só podia acontecer na própria Globo (algo assim como: somos
democráticos, incoerentes e admitimos, por isso, a crítica a nós mesmos, aqui
mesmo, na nossa emissora e com a nossa fantástica audiência). Mas tratou logo
de encerrar a discussão, pois nada mais disse, nem foi perguntado.
P.S. (2) O personagem Agostinho
também se notabiliza pelo mau gosto na combinação de seus trajes.
Invariavelmente abusa das estampas em xadrez, combinando, por exemplo, calça
xadrez com camisa extravagantemente estampada;
P.S. (3) O efeito Agostinho
minimizado está de volta, com o retorno do xadrez nas roupas femininas e
masculinas, inclusive nas gravatas modernas das marcas famosas aqui e na
Europa. E nem está mais proibido misturar o xadrez com estampas, apelando-se,
contudo, para o bom senso nessa combinação, a exigir determinada discrição na
escolha do xadrez e das estampas misturadas, é claro.
P.S. (4) O diretor e roteirista Woody Alen, num dos
quatro segmentos que compõem o belo filme “Para Roma Com Amor”, que está em
cartaz nos cinemas, com seu humor inteligente, explora a necessidade e a ausência de motivação relevante para a
criação e descarte, pela imprensa, de
uma celebridade. O impagável comediante italiano Roberto Benigni vive um homem
comum que, do dia para a noite, é transformado numa celebridade, sem qualquer
motivo aparente ou real. Não deixe de ver;
P.S. (5) Apesar das críticas manifestada quero deixar claro que, de maneira alguma, me excluo das mesmas críticas e constatações. Afinal, “metido à
besta”, ou por “necessidade interior de amplitude de comunicação” (o que não
passa de um eufemismo da primeira hipótese, segundo a "generosa" interpretação de meus
familiares), criei um blog para expor idéias sobre uma variedade de coisas das quais pouco entendo, na esperança de ter muitos seguidores, leitores e amigos que possam concordar ou discordar. Ou que topem perder tempo filosofando sobre nós, seres humanos, a vida e coisas do mundo, do nosso mundo, e do dia-a-dia.
P.S. (6) “Vejo ou não vejo,
acesso ou não acesso. Eis a questão” Esta é
a versão moderna para o enigma de Hamlet, diante das fotos da Carolina
Dickmann, nua, divulgada pela Internet por um transgressor da intimidade da
artista. Sai, tentação!
P.S. (7) Ao genial escritor britânico Oscar Wilde, autor do
famoso romance O Retrato de Dorian Gray, se atribui a seguinte frase: “Resisto a tudo
nesta vida, menos à tentação”;
P.S. (8) As imagens da coluna de
hoje foram emprestadas, assim: a) de Roberto Benigni em cena do filme "Para Roma com Amor", foto acima à esquerda, do site papelpop.com; b)
do cartaz da última versão do filme "Retrato de Dorian Gray", foto do meio da coluna, do toniggos.blogspot.com; c) do escritor Oscar Wilde, foto acima à direita, de
telegraph.co.uk; d) de
Carolina Dieckmann, foto do início da coluna, do site muitoalemdoguardanapo.wordpress.com.;
P.S. (9) Abaixo modelo feminino, exibindo traje combinando xadrez com estampas, de forma considerada adequada, pelos consultores de moda de plantão (se quer saber por que leia no site scandalips.wordpress.com, de onde a imagem foi emprestada, com boas dicas a respeito do assunto).
P.S. (9) Abaixo modelo feminino, exibindo traje combinando xadrez com estampas, de forma considerada adequada, pelos consultores de moda de plantão (se quer saber por que leia no site scandalips.wordpress.com, de onde a imagem foi emprestada, com boas dicas a respeito do assunto).
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