terça-feira, 24 de julho de 2012

AVENIDA BRASIL - O ROTEIRO PELO AVESSO DA FÓRMULA DE SUCESSO

Amigos, boa noite:
Quem matou Salomão Hayalla? Quem matou Odete Roitman? A fórmula vencedora seguida há anos pelos folhetins da Globo, que buscava prender o telespectador até o último capítulo, provocando especulações sobre a identidade do assassino ou do vilão, ignorada pelo público,  e  que atingiu picos de sucesso em  O Astro (1977-1978, Remake em 2.011) e  em Vale Tudo (1988),  foi inovada de forma experimental em  “A Favorita”, novela que a Globo apresentou em 2.008-2009.  Essa nova fórmula agora é repetida,  com idêntico ou maior sucesso ainda,  neste fenômeno televisivo chamado “Avenida Brasil”, que a emissora exibe presentemente no horário das 21,00 horas. O  responsável por essa ousada mudança é um jovem escritor chamado João Emanuel Carneiro. Avenida Brasil é uma novela que não pode ser ignorada pela excelência de sua fórmula e de seu roteiro. E ainda pelo desempenho magistral de seus atores e atrizes, adultos e mirins, emprestando vida e intensidade a um roteiro nem tão original, que focaliza o  retorno de uma menina abandonada pela madrasta megera, adotada por um família argentina e que volta,  adulta,   para se vingar da mãe postiça, meta que persegue com incontida obsessão, mesmo reencontrando o menino com quem se “casara” na infância e a quem jurara amor e fidelidade eternos,  por sinal, filho da mulher que ela odeia.   A vilã é Carminha, numa excelente e inesquecível interpretação de Adriana Esteves, madrasta da menina abandonada, Rita,  e que muda seu nome para Maria Antonieta, ou Nina, encarnada pela mineira Débora Falabella. As duas atrizes receberam certamente um presente do autor, pela exigência dramática de seus respectivos papéis. São personagens intensos que exigem toda espécie de provocação de sentimentos, inclusive, antagônicos, e que tem atraído verdadeiras multidões para a telinha, conferindo audiência que bate à casa de 50% no ibope. O capítulo em que Carminha transmite raiva e ódio, ao descobrir que sua cozinheira Nina é Rita e que foi enganada, vindo-lhe  à mente, em flash back,   os diálogos anteriores e os segredos trocados com a empregada que lhe granjeara simpatia, é efetivamente imperdível. Um banho de talento e emoção. Carneiro prefere que o público descubra logo a verdadeira identidade dos seus personagens, heróis e vilões, guardando o mistério  a respeito deles apenas para os outros personagens do folhetim.  Desse modo,  ao invés de especular sobre essa identidade, o público passa a torcer  e ansear pelo momento em que ela será revelada para os demais personagens. O ingênuo, tosco, mas sensível  Tufão (Murilo Benício),  ex-jogador de futebol que ganhou dinheiro na profissão, atual marido de Carminha, vítima da mulher, que o engana e o trai o tempo todo, é o personagem que mais simpatia recebe do público, que torce para que ele descubra a falsidade da megera e se livre dela.   Daí ter virado até jargão entre os expectadores e, ainda,  nas redes sociais, expressões como “Se liga Tufão”, “Acorda Tufão” e equivalentes. Entre  atletas, o assunto Tufão também rende, mas num outro sentido. O jogador do Santos e da Seleção Brasileira,  Neymar, confessadamente expectador de telenovelas, brinca com seus colegas que estão fora de peso, apelidando-os  de Tufão, por causa da barriguinha saliente de cerveja que Benício exibe na novela.  O mesmo acontece entre jogadores dos times do Rio de Janeiro. As atrizes Mel Maia e Ana Karolina Lannes,  nos papéis respectivos  de Rita (na infância) e de Ágata (filha desprezada por Carminha), também dão show de interpretação, assim como os demais atores que participam tanto do núcleo principal, quando dos periféricos, todos muito bons. Carneiro e seus auxiliares também têm se notabilizado por manter o interesse permanente do público, criando e renovando situações de suspense e expectativas, evitando que a novela caía naquela conhecida rotina de marasmo dos capítulos medianos esticados. Grande talento esse Carneiro. E um inovador dos folhetins que certamente já marcou e marcará ainda a história vitoriosa das telenovelas brasileiras, que fazem sucesso, merecidamente, no mundo inteiro.

Até amanhã amigos, pois agora quero ver a sequência do capítulo em que a Nina preparou um jantar-surpresa para Carminha, no qual vai revelar que tem as fotografias da megera com seu amante,  Max, em cenas de sexo.

P.S. (1)  João Emanuel Carneiro é carioca, nascido em 17 de fevereiro de 1.970 e é roteirista, diretor de cinema e autor de telenovelas. Foi colaborador de Maria Adelaide Amaral, nas minisséries A Muralha e Os Maias. Foi o autor  principal das novelas “Da Cor do Pecado  e “Cobras & Lagartos”, dois grandes sucessos do horário das 7,00 horas da TV Globo e também da minissérie “A Cura”. Estreou dentre os folhetins globais das 21,00 horas com A Favorita, seu maior sucesso, com a qual ganhou todos os prêmios distribuídos em 2008/2009. Certamente repetirá a dose com Avenida Brasil.
P.S. (2)   As fotos que ilustram a coluna hoje foram emprestadas dos seguintes sites e blogs: resumonovelas.com (Carminha (Adriana Estevez), banners.olaserragaucha.com.br (Nina (Débora Falabella  e Jorginho (Cauã Reymond); blogrmtv.com.br (Tufão  (Murilo Benício); blogados.com.br (a menina Ágata (Ana Karolina Lannes);

P.S. (3) Nina é mesmo uma cozinheira espetacular. E rápida, rapidíssima,pois consegue preparar elaborados almoços e  jantares para a família Tufão, sem nunca estar em casa, pois passa o dia atrás da Mãe Lucinda (no lixão), do mau caráter Nilo (no flat que ela alugou para ele), de Betânia (a amiga que se passa por ela perante Carminha) e, agora, do Max (de quem ela finge querer conquistar). Sem contar com os encontros amorosos com o Jorginho. Haja combustível para aquela motinho esperta!


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