domingo, 8 de julho de 2012

PARÓQUIA DE SÃO BENEDITO - UM TEMPLO HISTÓRICO E SINGELO

Boa noite amigos,
Sou um fanático admirador e defensor da cidade de Campinas. Não tive a ventura de aqui nascer, mas, vindo para cá no distante ano de 1.958, com apenas seis anos de idade, praticamente vivi toda a minha intensa vida familiar, social e de trabalho nesta metrópole. Primeiro no saudoso bairro do Taquaral, de minha infância, mocidade e tantas lembranças. Depois, na Vila Industrial, bairro da primeira morada depois do casamento. Em seguida no Jardim das Paineiras e, finalmente, no Cambuí, nos últimos 20 anos. Gosto de falar da cidade, de suas instituições, de sua beleza e feiúra, conforme o caso, de seus problemas e virtudes, de suas coisas e lugares, esperando compartilhar com os amigos, curiosidades e sensações. Hoje o assunto é um templo católico. Mas poderia ser de outra religião. Os templos são, como Deus, universais. Espaços que nos acolhem para rituais, silêncio, reflexão ou oração. São ainda mais belos e aconchegantes quando vazios. Mas também durante os ritos, como exercício de ecumenismo, tão necessário num mundo em que há disputa pelo poder, pelo dinheiro, palco ainda de guerras e injustiças profundas. A pequena Paróquia de São Benedito, no Centro de Campinas, atrás de um monumento em homenagem à Mãe Preta sempre me chamou a atenção pela beleza de sua fachada e pela suposta singeleza interna. Sim, suposta, porque por incrível que pareça, em 52 anos de Campinas, não me lembro de ter visto o seu interior. Nas muitas vezes que passei por ali, sobretudo nos últimos anos, pelo trajeto que faço entre um estacionamento ao lado da Casa de Saúde de Campinas e o escritório de advocacia dos meus amigos e parceiros, Vicente Ottoboni Neto e Leila Regina Alves, não tinha coincidido de encontrar a paróquia aberta. Há aproximadamente dois meses me deparei com o templo aberto. Não resisti. Entrei. E constatei que efetivamente é uma paróquia singela. Mas profunda, profundamente  bela e aconchegante. Não havia por ali viva alma. Acomodei-me num dos bancos, permaneci  observando calado o seu interior. Senti vontade de rezar e o fiz. Depois me levantei. Lancei mão de meu celular e fui tirando fotos: das paredes, do teto, do altar, dos santos. Depois, na saída também  foto da fachada.  Do lado de fora, a mãe preta me observava. Ama de leite, figura primordial na vida dos brancos de outrora. Aquela que aos brancos cujas mães não podiam ou não queriam alimentar, entregava a seiva da vida. E com ela o amor e a dedicação de uma mãe verdadeira. São Benedito e Mãe Preta, uma dupla de negros.  Belos e fundamentais na história do amor, da solidariedade e da fraternidade entre as pessoas e os povos. P.S. (1) A Paróquia de São Benedito, no centro de Campinas, criou um movimento
denominado Encontro de Jovens com Cristo. Esse movimento visa trazer a juventude para dentro da Igreja Católica.  É extra-paroquiano, o que significa que para participar não é necessário que o jovem pertença àquela paróquia.  Este ano o XXVII  Encontro de Jovens com Cristo acontecerá nos dias 1º e 02 de setembro e as inscrições podem ser feitas na secretaria da Paróquia.
P.S. (2) A Paróquia de São Benedito foi criada em 16 de agosto de 1.966 por decreto de D. Paulo de Tarso Campos,   Arcebispo de Campinas, mas o templo começou a ser construído no ano de 1.839, quando um escravo alforriado, Tito de Camargo Andrade, conhecido como Mestre Tito, decidiu construir uma igreja para que os negros escravos pudessem ter um lugar para orar e realizar rituais, como os brancos. Conseguiu a doação de um terreno anexo ao Cemitério dos Escravos e começou a arrecadar fundos para a edificação do templo. Antes, porém, que pudesse concluí-lo veio a falecer aos 80 anos de idade, no dia 02 de agosto de 1.882. Posteriormente, uma benemérita, Dna. Ana de Campos Gonzaga deu seguimento à sua tarefa de arrecadação de fundos e conclusão da obra. A igreja foi enfim inaugurada no dia 11 de outubro de 1.885. Os retratos de Mestre Tito e Ana Gonzaga foram introduzidos e estão no templo até hoje;
P.S. (3) Em 1.897, em prédio anexo ao templo, passou a funcionar o Colégio São Benedito, a primeira escola para negros em Campinas.
P.S. (4) Desde 1.999, o religioso responsável pela paróquia é o padre Antonio Geraldo Bassi, auxiliado pelos padres Nilson Batista Chagas Pinto e Marco Zuccheto. A paróquia se situa na rua Cônego Cipião, 772, Centro. Telefone (05519) 3234-8269.

P.S. (5) Tendo nascido fora de Campinas, tive a honra de receber, por indicação do então Vereador, Dr. Romeu Santini, o título de Cidadão Campineiro, no ano de 1.997;

P.S. (5) As fotos que se espalham pela coluna hoje  foram tiradas de meu celular no dia em que ocasionalmente fiz  visita ao templo; 

P.S. (6) A conhecida expressão "Mas será o Benedito?" não se deve ao santo. A versão mais aceita é a de que essa indagação teria surgido,  na década de 1.930, em  Minas Gerais, porque o então Presidente Getúlio Vargas estava demorando muito para nomear um interventor para Minas. A demora gerou especulação entre os inimigos políticos do candidato ao posto, cujo nome era Benedito Valadaris (será o Benedito?). E foi. Foi ele mesmo nomeado interventor pelo Presidente Vargas em 12 de dezembro de 1.933. Em sua homenagem foi um município mineiro nominado de Governador Valadares.





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