Boa noite amigos,
Depois de uma semana
fria, desde ontem parece que o inverno ou a "frente fria", uma vez que não temos propriamente inverno neste país tropical, resolveu se
dissipar e o clima está bastante ameno. Vamos acompanhar, dentro do possível e da
disponibilidade, o que de melhor deve acontecer nas Olimpíadas de Londres que
oficialmente começa amanhã. O futebol do Brasil, tanto o feminino, quanto o
masculino já estrearam e com vitórias, respectivamente, de 5 a 0 e 3 a 2. Hoje transmito
aos amigos mais um dos “causos” publicados no Livro Causas & Causos, volume
I. Aí vai:
“SEM
SAÍDA.
“Era uma casa muito engraçada,
não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela não, porque lá
dentro, não tinha chão” (Toquinho/Vinícius de Moraes).
Preciso
de orientação jurídica. Gostaria de consultá-lo. É possível? Disse o
ex-prefeito do outro lado da linha telefônica.
Apesar dos anos decorridos no exercício da
profissão de advogado e de ser juiz aposentado, não deixei de ficar surpreso
com o telefonema, pois o ex-prefeito nunca figurara entre os meus clientes,
amigos ou conhecidos. E tinha advogado na própria família.
O meu escritório continuava sendo o mesmo do
início de minha advocacia, muito modesto e agora sensivelmente mais velho, passava por reforma no piso e estava
impróprio para receber clientes, ainda mais daquele nível.
Pensei rapidamente e liguei para um advogado
muito amigo, ex-aluno e admirador, solicitando que me emprestasse o escritório
para receber o ex-prefeito.
Eu sabia que se tratava de um conjunto de
salas muito bem disposto, num dos edifícios mais novos e elegantes da cidade.
No térreo e nos sub-solos funcionava um banco americano.
O colega imediatamente colocou seu escritório
à disposição, reafirmando que fazia questão que eu escolhesse onde e como eu
atenderia o cliente, que se sentia honrado em poder servir-me, etc. e tal.
Mandei ligar para o ex-Prefeito, propondo dia e
hora. Por fim, pedi à secretária que
informasse o local do meu escritório.
No dia e hora aprazados lá estavam eu e ele. Evidentemente cheguei com mais de meia hora de
antecedência e fui conduzido à melhor sala do conjunto.
Avisado da presença do cliente, pela secretária
que me foi posta à disposição (ali nada era meu), pedi que o fizesse entrar.
A consulta durou cerca de cinqüenta minutos.
Discutimos amplamente a questão que atormentava o político. Ficou ele de pensar
a respeito da conveniência ou não da propositura de ação civil de reparação de
danos contra determinado órgão da imprensa.
Na saída eu o acompanhei.
Muitas portas fechadas se postavam
amaldiçoadamente à nossa frente.
Como eu não tomasse a iniciativa, ele, optando
por uma das portas fechadas, indagou:
_ É por aqui?
E eu, de bate-pronto, confiando na intuição do consulente:
_ É.
Saímos os dois na cozinha.
Entreolhamo-nos entre surpresos e perplexos.
Fui rápido e abrindo um baita sorriso glacial, tentei remendar:
_
O prefeito não achou que ia embora sem antes
tomar um cafezinho, né?
Ele agradeceu, dizendo que não estava tomando
café. Não quis água, nem chá.
Por via das dúvidas pedi para a moça da copa
que fizesse a gentileza de acompanhar o prefeito até a porta de saída porque eu
acabara de sentir uma tontura, uma coisa leve que eu garantia que ia passar
rapidamente.
Não era
coisa para se preocupar, assegurei repetidamente.
Era só
ficar sentado um pouquinho lá na cozinha.”
Até amanhã, amigos.
P.S. A imagem da coluna hoje foi emprestada do
site semsaida.net e se refere ao filme norte-americano, Abuction, que recebeu
no Brasil o título de Sem Saída e tem como protagonista o jovem ator, Taylor Lautner, o lobo Jacob da série Crepúsculo.
O longa foi lançado em 2.011 e dirigido por John Singleton, duas vezes indicado ao Oscar;
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