sexta-feira, 27 de julho de 2012

CAUSAS & CAUSOS - SEM SAÍDA

Boa noite amigos,
Depois de uma semana fria, desde ontem parece que o inverno ou a "frente fria", uma vez que não temos propriamente inverno neste país tropical, resolveu se dissipar e o clima está bastante ameno. Vamos acompanhar, dentro do possível e da disponibilidade, o que de melhor deve acontecer nas Olimpíadas de Londres que oficialmente começa amanhã. O futebol do Brasil, tanto o feminino, quanto o masculino já estrearam e com vitórias, respectivamente, de 5 a 0 e 3 a 2. Hoje transmito aos amigos mais um dos “causos” publicados no Livro Causas & Causos, volume I. Aí vai:
SEM SAÍDA.
                                     “Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela não, porque lá dentro, não tinha chão” (Toquinho/Vinícius de Moraes).
                                     
 Preciso de orientação jurídica. Gostaria de consultá-lo. É possível? Disse o ex-prefeito do outro lado da linha telefônica.
Apesar dos anos decorridos no exercício da profissão de advogado e de ser juiz aposentado, não deixei de ficar surpreso com o telefonema, pois o ex-prefeito nunca figurara entre os meus clientes, amigos ou conhecidos. E tinha advogado na própria família.
O meu escritório continuava sendo o mesmo do início de minha advocacia, muito modesto e agora sensivelmente mais velho,  passava por reforma no piso e estava impróprio para receber clientes, ainda mais daquele nível.
Pensei rapidamente e liguei para um advogado muito amigo, ex-aluno e admirador, solicitando que me emprestasse o escritório para receber o ex-prefeito.
Eu sabia que se tratava de um conjunto de salas muito bem disposto, num dos edifícios mais novos e elegantes da cidade. No térreo e nos sub-solos funcionava um banco americano.
O colega imediatamente colocou seu escritório à disposição, reafirmando que fazia questão que eu escolhesse onde e como eu atenderia o cliente, que se sentia honrado em poder servir-me, etc. e tal.
Mandei ligar para o ex-Prefeito, propondo dia e hora.  Por fim, pedi à secretária que informasse o local do meu escritório.
No dia e hora aprazados  lá estavam eu e ele. Evidentemente cheguei com mais de meia hora de antecedência e fui conduzido à melhor sala do conjunto.
Avisado da presença do cliente,  pela secretária que me foi posta à disposição (ali nada era meu), pedi que o fizesse entrar.
A consulta durou cerca de cinqüenta minutos. Discutimos amplamente a questão que atormentava o político. Ficou ele de pensar a respeito da conveniência ou não da propositura de ação civil de reparação de danos contra determinado órgão da imprensa.
Na saída eu o acompanhei.
Muitas portas fechadas se postavam amaldiçoadamente à nossa frente.
Como eu não tomasse a iniciativa, ele, optando por uma das portas fechadas, indagou:
_ É por aqui?
E eu, de bate-pronto, confiando na intuição do consulente:
_ É.
Saímos os dois na cozinha.
Entreolhamo-nos entre surpresos e perplexos.
Fui rápido e abrindo um baita sorriso glacial, tentei remendar:
_ O prefeito não achou que ia embora sem antes tomar um cafezinho, né?
Ele agradeceu, dizendo que não estava tomando café. Não quis água, nem chá.
Por via das dúvidas pedi para a moça da copa que fizesse a gentileza de acompanhar o prefeito até a porta de saída porque eu acabara de sentir uma tontura, uma coisa leve que eu garantia que ia passar rapidamente.
 Não era coisa para se preocupar, assegurei repetidamente.
  Era só ficar sentado um pouquinho lá na cozinha.
Até amanhã, amigos.
P.S.  A imagem da coluna hoje foi emprestada do site semsaida.net         e se refere ao filme norte-americano,  Abuction,  que recebeu  no Brasil o título de  Sem Saída e  tem como protagonista o jovem ator, Taylor Lautner, o lobo Jacob da série Crepúsculo. O longa foi lançado em 2.011 e  dirigido por John Singleton, duas vezes indicado ao Oscar;
  





Nenhum comentário:

Postar um comentário