sábado, 23 de julho de 2011

CINEMA - MEIA NOITE EM PARIS

Boa noite, amigos

 Por que hoje é sábado, é dia  de  falar de cinema. E de  cinema de arte, de gente grande, de um Woody Allen diferente, mais óbvio e comum, fazendo comédia romântica para embalar homenagem a uma cidade. Uma cidade do mundo: Paris. Fui ver o seu MEIA NOITE EM PARIS, (Midnight in Paris, 2011), por indicação de muitos amigos e parentes. E gostei do que vi. Neste caso parece que tanto crítica, quanto público, estão de acordo, o que é extremamente raro. Sem dúvida, um filme feito para agradar o público. Mas Allen consegue fazer filme popular sem perda da qualidade e das mensagens que quer passar. A principal delas mostrar ao mundo, sob a lente competente do fotográfo e a inspiração do cineasta,  a cidade de sua predileção.    Os dez primeiros minutos do filme, antes mesmo da apresentação dos créditos iniciais, o espectador curte todas as imagens dos pontos importantes da capital francesa (Museu do Louvre, Arco do Triunfo,  Torre Eiffel, Champs-Élisées,  o Rio Senna e seu entorno, com artistas e suas obras), ao som da música vibrante de Cole Porter.  Uma Paris, que como diz a música de Porter,   de verão, primavera, outono e  inverno. De estio e de chuva. De sol e da luz da noite. Ode a Paris. A outra intenção é introduzir no roteiro uma mensagem, segundo a qual, a nostalgia e o amor ao passado, devem ser cultivados, sem fuga do presente e  sem embargo de se viver o tempo presente, dentro de sua realidade, de suas vantagens e desvantagens. Não há desta vez metáforas complicadas, nem intenções subliminares em Allen.  Na sinope Gil (Owen Wilson), um bem sucedido roteirista de Hollywood, frustrado com a profissão e desejando enveredar pelo universo da literatura, pois idolatrava os grandes escritores americanos, acompanha a noiva Inez (Rachel McAdams) e os pais dela, John (Kurt Fuller) e Helen (Mimi Kennedy) a Paris, local onde John deveria fechar um grande negócio. Estando em Paris, Gil, sob o impacto da beleza e encanto da cidade, passa a se questionar sobre a vida que leva e tenciona aproveitar o que melhor pode a capital francesa oferecer para ilustrar e embalar a sua embrionária e ainda suspeita vocação literária. Vagando pela cidade, sozinho, pois a noiva, interessada em outras coisas, não quer acompanhá-lo, é surpreendido, à meia-noite, numa rua escura e deserta,  com a aproximação de um veículo antigo, transportando pessoas  fora de moda, que o convidam para se divertir na noite parisiense. Ele aceita o convite e viajando para o passado,  visita locais e contacta  personagens da Paris de 1.920, ligadas ao movimento Modernista, ainda  sob o impacto e influência  das conquistas do final do século XIX (cinema, avião, a Psicanálise de Sigmund Freud etc.).  Conhece e conversa diretamente com Ernest Hemingway, o escritor americano naquela época repatriado na França, expoente da chamada “geração perdida” e responsável por obras como “Por quem Os Sinos Dobram” (1945) e o “Velho e O Mar” (1.952), com o qual ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. Também encontra outros artistas como os pintores,  Mirò, Pablo Picasso e  Paul Guauguin, o cineasta Luis Bruñel, a escritora Gertrude Stein, o músico Cole Porter, etc.   Nosso herói vai para o passado e volta para o presente, e na companhia de uma jovem de 1.920,  aprofunda-se mais ainda no tempo chegando a 1.890, no apogeu da Belle Epoque (1.871-1914), com as transformações culturais que traduziram modas do "bem viver" e dos prazeres experimentados nos cabarés, nos boulevards, no  cinema dos Irmãos Lumière, na dança das meninas do cancan.  Mais não vou dizer, pois não pretendo contar o filme. Bom o desempenho do ator Owen Wilson. Mas o personagem principal é mesmo Paris e seus encantos. Paris e a eterna capital da   intelectualidade européia, onde se encontravam e se encontram poetas e literatos, filósofos e pintores,  artistas e cientistas,  para viver, criar,  produzir, e exportar arte e ciência  para o mundo civilizado.
Não deixe de ver.

 Até amanhã.


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