Boa noite caros amigos,
Comentando a apresentação do filme “Corações Sujos” que abriu o 4º Festival de Cinema Nacional de Paulínia, o ótimo jornalista e crítico de cinema João Nunes, do Correio Popular, afirma que muitos cinéfilos consideram a música nos filmes, como elemento secundário, sem muita importância. Eu, cinéfilo de longa data e muitos anos, refletindo a respeito, conclui que não é bem assim. Há, sem dúvida, filmes magníficos em que a trilha sonora nem é lembrada. Porém, temos exemplos contrários. Filmes médios ou mesmo bons, que se tornam extraordinários por conta dos efeitos especiais de sonoplastia ou trilha sonora. A respeito do papel efetivo da sonoplastia, em geral, e das trilhas sonoras (músicas previamente elaboradas para servir ao roteiro da pelicula), o meu amigo filósofo, sociológo e educador Regis de Moraes, apaixonado por cinema, esclarece: “A sonorização das películas significou grande salto qualitativo, conquanto, de início, cineastas do porte de Chaplin tenham recebido mal a invasão de ruídos e musicalidade nos filmes; mas, tanto os barulhos sonoplásticos como a música traziam inegável aprofundamento percepcional, trabalhando, pelas conexões auditivas nas novas regiões da interioridade humana. Nos filmes do cinema mudo, um piano bem ou mal tocado no interior da sala de exibição, procura “seguir” as cenas com melodias alegres e ritmadas ou languidamente emocionantes. Agora, as músicas afetivas ou incidentais, aperfeiçodas em trilhas sonoras por planejamento prévio passam a ter extraordinário papel na cinematografia.” (Cinema: A Realidade de uma Quimera, Campinas, SP, Editora Alinea, 2.010). Sem dúvida, o que seria do suspense, ingrediente fundamental do Papa do terror, Alfred Hitichock, em filmes como Os Pássaros, Psicose, Um Corpo Que Cai, sem o componente musical e a sonoplastia? Um dos melhores filmes de todos os tempos, o excelente Cinema Paradiso (foto em destaque), ficou mais apaixonante ainda com “Love Theme” especialmente na cena em que Salvatore adulto (Jacques Perrin) retorna à sua terra natal, para os funerais do velho amigo Alfredo (Philippe Noiret) e passa se lembrar da infância e do cinema. Titanic, o maior orçamento e a maior bilheteria de todos os tempos, foi um filme magnífico. Mas ainda mais, quando as cenas de amor entre Jack (Leonardo Di Caprio) e Rose (Kate Winslet), embaladas por My Heart Will Go On, que também embala as cenas trágicas do naufrágio. Há dezenas ou centenas de exemplos (Um Homem e Uma Mulher com Um Homme et Une Femme; Ghost, Do Outro Lado da Vida seria impensável sem o charme e a emoção de Unchained Melody. E por aqui, o gracioso Lisbela e o Prisioneiro, teve perfeita trilha sonora, a começar pela bela canção, Você não Me Ensinou a Te Esquecer, na voz pequena, afinada e tocante de Caetano Veloso. Enfim, grandes e inesqueciveis sucessos, para além dos dramas, comédias ou tragédias, as quais ajudaram a dar vida, movimento e emoção a essa arte dos séculos XX e XXI, o cinema.
Até amanhã.
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