sexta-feira, 1 de julho de 2011

ÉTICA E A CRISE GREGA

Amigos, boa noite.

 A grave crise porque passa a Grécia, um dos importantes berços da civilização, país de origem das Olimpíadas e da ainda hoje prestigiada cultura helênica, terra de Platão, Sócrates, Aristóteles, é uma crise anunciada. Quando se chega hoje à Grécia, o que se nota, ao lado da imponência do passado memorável, com uma Acrópole completamente iluminada (vide foto ao lado), edifício que se vê do último andar de um hotel de luxo,  local do requintado restaurante, é um país em destroços, incapaz de andar com as próprias pernas. Uma economia que não se sustenta. Um país sem grandes potenciais, pleno de empregos públicos e com uma dívida externa e interna impagáveis, sem a ajuda do FMI e da União Européia. Alega-se que a Grécia gastou mais do que podia, pedindo pesados empréstimos, deixando a economia refém dessa dívida monstruosa. Os gastos públicos atingiram patamares insustentáveis, os altos salários do funcionalismo praticamente dobraram e a evasão histórica de tributos, acabaram por sangrar completamente o debilitado Erário Público. Quando chegou a crise global de crédito que atingiu o mundo, a Grécia estava despreparada e o seu déficit atingiu mais de 13 por cento do PIB, mais de quatro vezes o recomendado pela zona do euro. A dívida grega é superior a 300 milhões de euros e os empréstimos pretendidos nessa situação, quando concedidos, o são com a cobrança de altos juros e "sprads", para compensar o risco da quebra. Pois bem, as medidas anunciadas pelo Governo, de arrocho geral, deverão atingir em cheio a população, com a perda de empregos, congelamento de salários e modificação nas regras das aposentadorias e pensões. O problema maior é que se a crise grega não foi contornada, ela poderá imediatamente afetar a economia de outros países mais frágeis como Portugal,  Espanha e Itália,  que poderão deixar o euro, com a volta à moeda própria, enfraquecendo também a união monetária. E além disso, determinar uma quebra de bancos e instituições financeiras, especialmente as francesas que concederam muitos empréstimos à Grécia. Por isso, aposta-se na intervenção do FMI e da União Européia, em favor da crise grega, muito menos por aquele espírito de solidariedade que deve unir países irmãos, e mais pela defesa das próprias instituições e da manutenção de uma união inteiramente desejada e defendida pelos países ricos. Do jeito que anda a economia no mundo, dependemos uns dos outros. Há não muitos anos, simples inadimplência de mutuários de bancos que concederam empréstimos para aquisição da casa própria nos Estados Unidos, conseguiu provocar uma crise nas principais Bolsas de Valores do Mundo. E a quebra da Grécia, pela repercussão imediata, pode ter um efeito cascata muito mais significativo, atingindo direta e imediatamente outros países europeus, sobretudo com economia mais frágil, a União Européia como um todo e a estabilidade do euro, que já está abalada. Como nesse mundo utilitário, não importam os meios e sim os fins, o socorro à Grécia, mais do que um gesto de solidariedade, vai significar uma auto-defesa da economia européia e mundial, mostrando que nesse mundo globalizado, é impossível estar isolado, porque ricos, pobres e miseráveis, a seu modo e proporção, estão todos num mesmo barco e podem afundar juntos ou sobreviver. Saudemos pois esse espírito ecumênico que nos une cada mais no mundo moderno, ainda que seus propósitos contingenciais  sejam muito diversos do que se poderia pretender, numa visão ética da humanidade.

Até amanhã caríssimos amigos.

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