sábado, 9 de julho de 2011

O FESTIVAL E FOTOGRAFIA

Caros amigos:

A 4a. edição do Festival de Cinema Brasileiro de Paulínia está realmente bombando. Ontem, na sessão destinada à exibição do filme "O Palhaço" de Selton Mello houve superlotação e a direção do festival teve que abrir outras duas sessões para atender a demanda. Presentes na platéia, além do diretor e ator Selton Mello, Paulo José, Thiago Lacerda e o diretor Jayme Monjardim, entre outros. Hoje, sábado, 09 de julho, a partir das 18,00 horas serão exibidos os seguintes filmes: A GRANDE VIAGEM, de Caroline Fioratti, TELA, de Carlos Nader, ROCK BRASÍLIA - ERA DE OURO, de Vladimir Carvalho e MEU PAÍS, de André Ristum.

Ao lado reprodução do quadro "RETRATO DE JOAQUIM REGO MONTEIRO" DE  VICENTE REGIS MONTEIRO, 1.920, óleo sobre tela, 42,5 x 32 cm., que faz parte do Movimento Modernista Brasileiro. Para ilustrar uma crônica que fiz em 2.008, contando um pouco do meu fascínio pela arte da fotografia. Vai lá:

FOTOGRAFIA

                           
Estive  pensando: das artes mais antigas, a que sobrevive com muita intensidade e atualidade é a fotografia.
Claro que muita coisa mudou desde a sua invenção nos idos de 1.826, por Joseph Niépce, na França.       .
Lá se vão os negativos, as salas escuras, os mergulhos, o charmoso “lambe-lambe”.
Mas na era digital, não há nada que faça mais sucesso do que as tais maquininhas carregadas a tira colo por qualquer turista, em qualquer lugar do mundo.
E, ainda, como companhia indefectível da juventude dessa geração curiosamente entusiamada pelo registro de lugares ou personagens, tendo como ponto central ou de referência o próprio dono e respectivo umbigo.
Não é por acaso que qualquer celular que se preze, hoje em dia, disponibiliza esse serviço, no menu.
Da técnica antiga de se retirar os filmes já rodados para levá-los a lojas especializadas de revelação pouco se fala. Esse serviço continua intenso quando se cuida de registrar momentos especiais em álbuns de família (formaturas, casamentos etc.).
Porém, o que vale mesmo é a foto revelada ali, na hora, podendo ser mostrada ao fotografado para que ele mesmo decida se ela fica, ou vai para a lixeira.
Se ficar terá  que  ser baixada no computador.
Que coisa estranha: Eu sou do tempo em que a única coisa que baixava (e eu ainda tinha alguma dúvida) era santo em terreiro.
Agora a gente baixa tudo no computador: música, foto, filme etc.
Numa palavra: a grande invenção da máquina fotográfica, num mundo em que tudo é descartável, é justamente a possibilidade de descarte daquele registro indesejável:
- Olha se eu estou gorda desse jeito? 
- Veja se eu tenho tanta ruga assim? Foi o jeito que você me focalizou, não foi?
E mais: a rapidez com que a técnica moderna me permite bater a foto, correr para a “galera” e sair junto com ela.
Fico imaginando como seria formidável que nós torcedores de times menores, às vezes com apenas um ou dois craques, púdessemos viver o frenesi de ver esse craque batendo o escanteio e ir lá, ele mesmo, fazer o gol (a bola ficaria, imagino, por alguns segundos, parada no ar, à espera da chegada do dito cujo).
Mas eu penso que o grande sucesso da fotografia seja devido exatamente ao fato de funcionar como o inverso da vida.
Sim, enquanto a vida não pára, o tempo urge e ruge, a foto não. Ela fica ali imóvel e imune a tudo e a todos.
Enquanto na vida real momentos e momentos se seguem, num ritual de alegria, tristeza, dor, saudade, como num rio que caminha, caminha e não volta atrás, nos levando para onde nós sequer sabemos, ou queremos, a fotografia fica, resiste, não muda.
É o momento que permanece para a eternidade.
E esse relato seguirá pela vida, pelo tempo, pelas gerações.
Instantâneo! Permanente! Simples!
Pelo bem e pelo mal.
Ela documenta e fará prova, em Juízo ou fora dele.
Provará que lá estive, ou não estive. Com quem se esteve.
Ela é a ilustração do flagrante inusitado e perenizado.
Nem me venham dizer das gravações tão em moda hoje, de telefonemas ou de outros meios de comunicação.
Nada é equiparável à fotografia.
Ela fala mais e melhor que as gravações.
As gravações, especialmente as da Policia Federal, as degravadas pelo Molina da Unicamp, não têm alma, nem graça.
A foto tem! E muita!
Quase ao nível da arte fotográfica, talvez alguns achados da arte pictórica.
Um auto-retrato de  Van Gogh, a Monalisa, quem sabe a Maja desnuda (não a coberta).
É que o fotógrafo registra o que é existente. E o pintor o personagem que ele próprio cria.
É claro que existe arte na fotografia. O ângulo, o aspecto, a perspectiva, tudo isso está presente, sem dúvida, na arte do fotografar.
"A exaltação do valor prático da fotografia, não deve obscurecer seu valor como instrumento de criação artística dotado de uma sintaxe própria, pois com a fotografia nasceu uma nova ma neira de ver o mundo tanto do ponto de vista estético, com seus inusitados ângulos de visão como o close, o desfoque, a imagem tremida e o registro do movimento, quanto pela precisão absoluta com que reproduz a natureza", adverte um site do Yahoo sobre o assunto,
A fotografia, sem dúvida, leva vantagem até em relação ao espelho.
É que, enquanto dizem que os fantasmas notórios  não aparecem no espelho, a foto é capaz de registrar o fantasma oculto que fica entre nós.
É ou não é?
Quantas  vezes você já viu gente mostrando foto para provar que o espírito estava lá, embora ninguém pudesse tê-lo visto.
Só ela me permitirá ter no presente, o passado.
E no passado, o sentido, o momento ali eternizado.
E ao olhar a velha fotografia em preto e branco, de uma juventude que já se foi, no ocaso da existência, é como se ela conversasse com a gente.
E nesse silencioso diálogo dissesse:
- Você vai e eu fico. Você morre, mas eu não. Eu sou você ontem, e serei você amanhã.
Não se preocupe! Estarei assim sempre jovem e sorridente. E serei a sua presença nesse mundo quando você dele partir.
Olhe bem nos meus olhos. Profundamente. Eu tenho alma, eu sou sua alma.
Pode ir tranquilo que eu te apresento para os seus  netos,  bisnetos, para as próximas gerações, assim como você sempre quis que eu fosse. Assim, como aquele momento tão bom que nós vivemos.
Eu sou a sua vingança contra o tempo e contra a morte.
Acho que uma foto pode inspirar tudo isso.
Pode representar um pouco disso.
A fotografia da Marylin Monroe eternizou o bueiro,o vestido e o vento.
E a loira oxigenada também, por que não?
Não me venham dizer dos vídeos ou dos filmes.
Não, nada é comparável à fotografia.
Só com ela eu paro o tempo. E estanco a vida!
Por isso que essa juventude sente tanta atração pelas maquininhas.
Sente, sente, mas provavelmente ainda nem sabe o “porquê”.


Bom final de semana.






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