Caros amigos, falar da cineasta paulista, Lais Bodanzky é uma grande satisfação. Tenho pelos seus trabalhos grande admiração, a começar pela sua coragem de ir buscar recursos para um filme que é marco no cinema nacional contemporâneo: Bicho de Sete Cabeças e pelo qual passou a ser conhecida e respeitada. Quando se fazia cinema no Brasil a partir de temáticas mais ou menos óbvias e repetidas como o enfoque de favelas e da violência, falar de drogas, de preconceitos, do tratamento em hospícios, de uma realidade que em princípio é mais ou menos universal, porém rejeitada até pelo subconsciente coletivo, é roteiro que não interessa a nenhum patrocinador associar o seu nome. O filme saiu com grande dificuldade e foi um sucesso. Depois veio o tocante Chega de Saudade, para mim um dos dez melhores filmes nacionais de todos os tempos. E no ano passado, Laís lança AS MELHORES COISAS DO MUNDO (2.010, Brasil, 107 minutos), um drama que explora o universo da adolescência de classe média na São Paulo contemporânea, com os seus conflitos, incompreensões e aspirações. O roteiro é do marido da diretora, Luiz Bolognesi, que pesquisou para escrever o script, a partir do livro de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto, “Mano”, mas não só. Adolescentes foram ouvidos pela equipe e colaboraram na descrição de seu dia-a-dia, desde o relacionamento com os parentes e amigos, até a linguagem e a maneira de encarar o mundo e o que esperar dele: “Não é impossível ser feliz depois que a gente cresce. É só mais complicado”, é uma das frases dita pelo protagonista. Laís ganhou o premio APCA de 2.010, de melhor direção. Na sinopse o foco é o universo de Mano, vivido pelo excelente jovem ator Francisco Miguez, que estuda num colégio burgues de São Paulo e tem que lidar com uma série de problemas. Seus pais, Camila (Denise Fraga) e Horácio (Zé Carlos Machado) estão se separando, o que afeta o rapaz e também o seu irmão mais velho, Pedro (Fiuk). Mano tem como sua melhor amiga e confidente, Carol (Gabriela Rocha), que no entanto está apaixonada pelo professor Artur (Caio Blat). Situações do tipo “Como chamar atenção da menina por quem está apaixonado” “Como tratar o tabu da virgindade, ou confessá-la, aos 15 anos, evitando a inevitável gozação dos amigos”, “Como conservar o respeito e o amor pelo pai que agora deixa um casamento convencional e vai viver com um aluno, seu orientando na Universidade, num relacionamento gay”. A trama se desenvolve com a delicadeza própria da diretora e do roteirista, capaz de humanizar diferentes situações de vida. O vídeo acima é um trailler bem elaborado e um bom aperitivo para quem pretende ver o filme. De quebra uma trilha sonora impecável e pertinente que vai de composições modernas até o inequecível Something dos Beatles. Não deixe de ver. É um dos melhores filmes do ano passado e no momento fora do circuito comercial dos cinemas, é, porém, facilmente encontrado nas videotecas, para locação ou venda.
Até amanhã.
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