Caros amigos,
O jogo era no famoso estádio José Pinheiro Borda, conhecido como Beira Rio, em Porto Alegre. O adversário o terrível Internacional, de Falcão, Batista, Caçapava e Cia., bicampeão brasileiro em 1.975 e 1.976, de uma Taça Brasil que se iniciara em 1971. Começo de férias, dia 02 de julho de 1.978, um domingo e a delegação do Guarani aguardava, num hotel, o momento de seguir para o Estádio visando a difícil partida, primeira da fase final do 1º turno. O técnico Carlos Alberto Silva dirige-se então aos jogadores com os jornais do dia. Todos assinalavam o amplo favoritismo do tricolor gaúcho sobre o Bugre, o que não deixava de ser verdade. Mas alguns se excediam. Um deles resolve questionar e esbonar o adversário: Afinal, dizia, quem era aquele Guarani? Um time que tem um ataque de riso com jogadores chamados Capitão, Careca e Bozó, este último inclusive com nome de palhaço, não pode ter pretensão de vencer o grande Internacional e coisas do gênero. Os atletas tomaram conhecimento dos comentários sérios e desairosos e se encheram de brios. Seguiram para o estádio. O árbitro, o carioca Arnaldo David Cézar Coelho, hoje aposentado e comentarista de arbitragem da Rede Globo apita o início do espetáculo. O estádio do Beira Rio recebia um público de 10.131 pagantes, proporcionando uma renda de Cr$308.440,00. Para surpresa desse mesmo público, o Bugre abre a contagem logo aos 4 minutos, com um belo gol do meia atacante Renato (Pé Murcho). O Internacional parte para o ataque parando sempre na boa marcação do bugre, cujos atletas se desdobram em campo. Já quase no final do 1º tempo, ele, ele mesmo, o Bozó, com nome de palhaço, faz o segundo gol aos 40 minutos. O jogo vai para o intervalo, com o placar de 2 a 0 para o alviverde campineiro. Começa o segundo tempo e todos esperando a reação do Inter. No entanto, o jogo é equilibrado, com o time da casa evidentemente ofensivo, buscando descontar e virar o marcador. Neneca, o goleiro bugrino faz grandes defesas. Eis que aos 38 minutos do 2º tempo, uma jogada de craque. Zenon, o grande Zenon recebe a bola na meia direita e percebendo que a defesa do Inter sai inteira, fazendo a chamada “linha burra”, para que os atacantes fiquem impedidos, ameaça fazer o lançamento, mas ao invés disso, impulsiona a bola para a frente e para si mesmo, saindo em direção ao gol. Depois de levar toda a surpreendida defesa adversária, faz o terceiro gol, um golaço, de forma espetacular. A goleada do Bugre sobre o grande Inter, bicampeão, estava selada. Nem gol de honra teve. Esse jogo memorável do Guarani de 78, marcava definitivamente a marcha do Bugre para sagrar-se campeão do Campeonato Brasileiro, naquela época chamado de Copa Brasil. À noite, no Fantástico da Globo, Leo Batista dá os resultados da Loteria Esportiva, como era costume. E na hora de citar o resultado do jogo Inter e Guarani, indica coluna dois e logo aparece a zebrinha. Deu zebrinha no sul. Com gol do palhaço Bozó e tudo. E a pérola de Zenon. Vi o gol muitas vezes e não consegui achar agora um vídeo sequer para juntar a este blog. Uma pena.
Ficha técnica do jogo:
Vigésimo jogo do Bugre no Campeonato Brasileiro de 1.978. Fase Final 1º Turno. Local: Estádio José Pinheiro Borda (Beira Rio), Porto Alegre. Data: 2 de julho de 1.978, domingo, 16,00 horas. Árbitro: Arnaldo David Cezar Coelho (RJ). 1º tempo: Inter 0, Guarani 2, gols de Renato aos 4 e Bozó aos 40 minutos. Final: Inter 0, Guarani 3, gol de Zenon aos 38 minutos da etapa complementar. O Internacional do técnico Cláudio Duarte jogou com Gasperin, Lucio, Gardel (Jair), Beliato e Vanderlei; Falcão, Batista e Caçapava; Valdomiro, Bill e Peri (Chico Spina). O Guarani, do técnico Carlos Alberto Silva, venceu com Neneca, Mauro, Gomes, Edson e Miranda; Zé Carlos, Renato e Zenon; Capitão (Manguinha), Careca e Bozó (Macedo).
Até amanhã
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