quarta-feira, 7 de setembro de 2011

ECONOMIA BRASILEIRA - O DISCURSO DA PRESIDENTA DILMA


Amigos, boa noite,

Hojé é 7 de setembro, mais um aniversário da Independência do Brasil de sua condição de mera colônia de Portugal. Quase 190 anos depois, as comemorações começaram, em verdade, na noite de ontem com o pronunciamento da Presidenta da República, Dilma Roussef, em cadeia de rádio e televisão  no horário nobre. A manifestação pública da  primeira mulher a ser eleita para o mais alto cargo do Executivo da nação na era republicana e também Chefe do Estado Brasileiro foi  oportuna para tranqüilizar os ânimos,  num momento de crise e incerteza quanto aos destinos do país, diante da grave crise da economia mundial. É  que, de um lado, o cenário  acena com uma recessão importante dos Estados Unidos e o eventual calote aos credores de países integrantes da União Européia, e de outro, com as especulações sobre a possibilidade de volta da inflação desenfreada, diante dos números  divulgados ontem, para os últimos 12 meses (7,23% no acumulado), para o que contribuiu o índice de agosto, e que supera a meta estabelecida para o ano (6,5 até dezembro),  e do risco de recessão, ou, ao menos, estagnação da economia, com perda das ofertas de emprego e desestímulo à produção e investimentos em infra-estrutura pelos setores produtivos.  Acresça-se a isso a também ameaça de crise política com as últimas notícias de corrupção envolvendo três ministérios e  o boato de que a mandatária faria uma faxina atingindo gente de confiança e amiga do ex-Presidente Lula, independentemente das consequências para a amizade e   o partido do governo. Por fim, a grave crise da saúde pública no Brasil, manchete de todas as vertentes de mídia nas últimas semanas. Pois a Presidente não deixou nenhum desses assuntos sem abordagem. Sobre o quadro da economia, salientou Dilma: “Nosso Brasil, por ter sido, nos últimos anos, um país que se transformou, que soube fortalecer e ampliar as oportunidades de trabalho, seu mercado interno e o poder de consumo de sua gente, está plenamente preparado para enfrentar mais este desafio. Aqui, o emprego e a renda batem recordes históricos. Nossas reservas internacionais estão mais sólidas do que nunca. O crédito continua crescendo. E a inflação está sob controle. Os juros voltaram a baixar e a estabilidade da economia está garantida”. Acontece que parte de nossos desafios continuam sem solução a curto prazo. Temos desempregos e oferta de empregos, sem que cargos e funções sejam preenchidos. E por quê? Porque falta mão de obra qualificada e é preciso investir na educação formal e oferecer cursos profissionalizantes em áreas básicas como línguas estrangeiras e informática.  O risco da volta de uma hiperinflação como a vivida por nós na década de 80, está, porém, descartada. Como afirma a economista Miriam Leitão, o Brasil tem dois problemas neste momento: o governo não fez ajuste fiscal, apesar de garantir que fez,  e há dúvidas sobre a autonomia do Banco Central para evitar a alta de preços. De qualquer forma, por pior que seja o governo, não há possibilidade de inflação descontrolada nos níveis inesquecíveis do passado mais ou menos recente. Ainda segundo Miriam, “A melhor âncora continua sendo o país, que não quer viver de novo a sensação de preços em descontrole”. Entre os economistas há divergências no tocante ao comportamento do mercado e a volta ou não da inflação. Os otimistas raciocinam de maneira invertida: se o mundo vai crescer menos, o consumo será necessariamente menor e, com recessão, os preços vão cair necessariamente. Outros porém, consideram que apesar da desaceleração há fatores outros que manterão pressões inflacionárias. Certo é que a consciência geral de que, no momento atual de nossa economia,  índice superior a 7% já é intolerável, é um fator psicológico extremamente positivo, sem dúvida, e já aprendemos como as especulações e a sensação de insegurança no mundo de hoje são fatores que influenciam diretamente o comportamento da economia de uma nação. O Governo fez sua parte, ainda que em parte. Falou que o combate à corrupção deve ser um comportamento natural e ético, não devendo constituir meta ou projeto de nenhum governo em especial, incentivou os empresários a investir pesado, como vinham fazendo, em infra-estrutura e na produção, acenando com a priorização e a absorção dessa produção pelo mercado interno, diante do poder de consumo adquirido nos últimos anos, por parcela significativa do povo brasileiro e, finalmente,  aconselhou o povo a continuar acreditando e consumindo, ainda que com responsabilidade, dizendo estar  garantido o crescimento do crédito. O curioso de tudo isso está no seguinte: Desde 1.999, com a criação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice utilizado pelo governo para medir a inflação, que o país optou pela política de controle dos juros como único instrumento considerado eficaz no controle da inflação. Assim, por uma regra simples de economia, quando há demanda para o consumo, pela lei da oferta e da procura, a tendência é a subida de preços,com  a conseqüente alimentação da espiral inflacionária. Logo, o aumento da taxa de juros automaticamente faz baixar o crédito e, sem crédito, o consumo também tende a cair. Agora, a semana passada, o COPOM baixou a taxa básica de juros (SELIC),  em 0,5 ponto percentual, atendendo a apelo do próprio Governo. Com a inversão dessa equação, como ficará o controle da inflação? Acontece que ao mesmo tempo em que será necessário o controle do processo inflacionário, o país tem que proteger sua economia da crise mundial e do risco de recessão ou estagnação,  e para tanto, deve depender menos possível do comércio exterior. A manutenção dos níveis de investimentos e de produção e a conservação da demanda do mercado interno em alta são indispensáveis ao crescimento da economia. O cenário econômico muita vezes traz esse enredo. Crescimento econômico, sem inflação é a meta. Mas como conseguir tal desiderato? São muitos os componentes desse jogo. E o final dele, diante de tantas conjecturas, não pode ser previsto com segurança. Finalmente, considere-se o fato de que, em regra, o consumidor brasileiro de renda mais baixa, nem sequer sabe quanto paga de juros quando financia produtos que pretende adquirir, bastando que lhe dêem prazo suficiente para viabilizar o pagamento. É um dado bem brasileiro, mas que pode induzir uma grande inadimplência que certamente afetará a economia.  É  não tem jeito: É  um "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".  Aguardemos os próximos passos do jogo. Que o resultado seja bom para o país e para nós.

Até amanhã.

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