domingo, 15 de janeiro de 2012

AI, AI SE EU TE PEGO!


Amigos, boa noite,

Ele apareceu como  quem não quer nada. Goiano, tipo diferente, um sertanejo despojado de botas e chapéu. Cabelinho arrepiado, harmonicamente desarrumado e grudado com gel colante,  como se usa  (ao menos até a próxima lavagem). Espinhas no rosto como adolescente que bate muita punheta (pelo menos essa era a versão que nos contavam quando éramos adolescentes).  Sotaque arrastado nos “erres” como se fosse do interior de São Paulo. Grava lá uma musiquinha despretensiosa. Alegrinha, com aquele ritmo que mexe com os pernas e os quadris. – Ai, se eu te pego, ai ai se eu te pego. Coisa que seria censurada certamente pela ditadura militar. De repente um estrondoso sucesso. Doze milhões de acessos na internet. Delícia, Delícia, Assim você me mata. Virou comemoração de gols no futebol brasileiro e europeu. E  de cestas no basquete do NBO. De tênis com o Nadal requebrando. É mole? Mas, como, por quê? Ah, já sei! Esse negócio de “pegar”, pega mesmo. Vai ver que foi o Cristiano Ronaldo, aquele do Real Madrid. Que já foi o jogador do ano, pela FIFA. E que, segundo o próprio, é muito invejado, porque é rico, bom de bola e bonito. Ah, o Cristiano dançou e cantou isso, graças a seu companheiro de Real, o Marcelo, sabe, aquele zagueirão brasileiro, que dizem, é o DJ do pessoal do Real Madrid. Bem, claro, se um cara bonito, rico e bom de bola canta isso, todo mundo vai querer cantar. Os meninos, principalmente, por uma questão de honra e vaidade. Mas sério, acho que vivemos num mundo de pegadas. Num mundo saudoso de verdadeiras “pegadas”. Você já viu elogio maior para os machos da hora,  do que as meninas (ou a Luana Piovani, de preferência), dizerem que o cara “Pega legal”. “Tem pegada”. Vai ver que é isso! Certamente. Então, vamos resolver esse assunto. Meninada,  agora não é mais tempo de ficar. Ficar, já era. Tá na hora de pegar, pegar firme, pegar de verdade, pegar forte  e prometer essa pegada (Ai, ai se eu te pego).  Só a promessa firme já dá arrepio na destinatária (ou destinatário) da pegada. Por que pegada é legal. Mas se é essa letra tentadora a responsável pelo estrondoso sucesso, como é que ela é interpretada, por exemplo, na Grécia? Ou na Alemanha? Acorda meu:  Gut Morgen!  É não parece que a mensagem da letra é que pega (A música, no Brasil, bem que  poderia ser usada como propaganda da Margarina Delícia. Pegava bem  e legal). Não, não. Ah, mas tem aquele gesto com os dois braços e as mãos fechadas, naquele vai-e-vem (no original o Michel não fez nada disso. Tudo começou com Neymar e seus discípulos e com o Cristiano Ronaldo), como se estivesse a dizer: - Ai, ai se eu te pego. Ai, ai,  aí eu te como. É ou não é? Então o universo está mal comido. Doze milhões de acessos de mal comidos. Virge? Não, não o que pega mesmo é o ritmo. É como a tal da macarena do Caribe, lembram?  A letrinha também era besta. Mas tinha o som legal. O som acompanhado de coreografia feita com as mãos, a cabeça, a bunda, etc. etc. Ou seja, uma coreografia econômica que não exige qualquer parafernália que não seja o tronco e os membros que Deus nos deu (mas os manetas e os pernetas também podem dançar, certamente, com todo o respeito, e o dobro do esforço). Ah, ou então é a "associação" que se passou a fazer entre a música com o gol. A música  com a cesta. A música com a vitória. “Tipos assim”, como diriam alguns jovens descolados da língua, We Are the Champions. Pode ser, pode ser. Mas há  coisas que não se explicam. Não adianta. Por alguma razão, ou por alguma determinação superior elas acontecem. Meu, o Ai, ai se eu te pego, é, na verdade, um forró. Nasceu cantado e arrastado com sanfona, sanfoneiro e tudo mais. O Michel o transformou num sertanejo universitário (Existe isso?). É pop.  Ah, sim, todo mundo é pop, como diz a Ana Carolina. Olhe o vídeo abaixo que não me deixa mentir. Então, ficamos assim: um  forrozão consagrado pelo mundo. E, cá entre nós, enquanto a Ana Carolina garante que comeu a Madona, eu e os meus amigos mortais, podemos continuar apenas imaginando, cantando e dançando (se as pernas obedecerem),  como o mundo está fazendo ultimamente,  - Ai,  ai,  se eu te pego! Delícia, Delícia! Promessas, simples promessas, vãs promessas, com o descompromisso e as mentiras das promessas. Especialmente as da terceira idade. Valeu Michel, Valeu Cristiano Ronaldo. E viva o nosso forró de pegada! Tipo exportação.


No vídeo abaixo, o Michel Teló (Penso que muita gente acha que o Michel é francês e que o Teló é fruto de algum dialeto africano), cantando a sua musiquinha (Musiquinha?).,

Até amanhã.










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