Amigos blogueiros,
A ARTE IMITA A VIDA
A primeira telenovela totalmente em cores da televisão brasileira foi O BEM AMADO. Dirigida por Regis Cardoso, sob supervisão de Daniel Filho, e transmitida pela Rede Globo de Televisão, de janeiro a outubro de 1.973, no horário das 22,00 horas, foi um estrondoso sucesso.
O roteiro foi baseado em uma peça teatral escrita pelo saudoso escritor e dramaturgo, Dias Gomes, em 1.962, de nome, Odorico, o Bem Amado, ou Os Mistérios do Amor e da Morte, jamais encenada, por conta de censura do governo militar.
Não só no Brasil, mas também em Portugal e no Chile, onde a obra foi exibida com o título de Sucupira, cidade fictícia cenário da trama, foi grande sucesso e tornou popular os atores Paulo Gracindo (no papel de Odorico Paraguaçu, Prefeito) e Lima Duarte (personagem Zeca Diabo), além de um elenco inteiro de primeira grandeza.
Inspirada, segundo alguns, em um município do interior do Estado do Espírito Santo, a peça conta a história do prefeito Odorico Paraguaçu, um político corrupto da cidade imaginária de Sucupira, litoral baiano, cuja obra principal visada pelo governo era a inauguração de um cemitério local. Mas para desgraça do Prefeito ninguém morria na cidade. Assim, Odorico passa, de forma obsessiva, a planejar a morte de alguém, para que seu intento seja atingido, e finalmente ele possa cumprir a promessa da campanha, com grande pompa e estardalhaço.
Os discursos de Odorico ficaram memoráveis. Em alguns trechos criava e abusava de figuras de linguagem: “É com a alma lavada e “enxaguada” na ética e na alegria”, ou então, “Com isso conseguiremos finalmente acabar com essa crise "intestina" (de interna) e “uterina”. E outras preciosidades, das quais me lembro perfeitamente, como assíduo espectador de parte da novela (só conseguia assistir da metade do capítulo para a frente, por causa do horário em que chegava da Faculdade).
Em 2.010, a peça, que permaneceu inédita e virou telenovela de sucesso, foi adaptada para o cinema. O filme “O Bem Amado”, com direção de Guel Arraes, tendo nos papéis principais os atores Marco Nannini (como o Prefeito Odorico) e José Wilker (como Zeca Diabo), foi decepcionante. Mesmo tendo um elenco de primeira grandeza, cuja qualidade não se discute, acho que a adaptação não deu certo e tudo no filme parece artificial e sem graça. Valeu apenas a tentativa e a experiência de que nem toda obra artística pode ser adaptada de um gênero para outro, sem perda da qualidade ou da essência.
A novela de Dias Gomes, porém, com o definitivo Odorico, o falecido Paulo Gracindo, foi e será inesquecível.
Na foto acima, de propriedade do site bem-amado.jpg. infoescola.com, os atores originais da novela: O Prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo), entre as irmãs Cajazeiras. Da esquerda para a direita, Dulcinéia Cajazeira (Dorinha Duval), Dorotéia Cajazeira (Ida Gomes) e Judicéia Cajazeira (Dirce Migliaglio).
Bem que a Globo poderia reprisar, ou tentar um remake. Pode ser que funcione melhor que no cinema.
A VIDA IMITA A ARTE
A VIDA IMITA A ARTE
O povo de Águas de São Pedro, um pequeno município do interior do Estado de São Paulo, finalmente já pode contar com um necrotério local. Até recentemente os cidadãos da terra que faleciam eram velados no prédio da própria Prefeitura, que servia também de Câmara Municipal e tinham que ser enterrados em cidades próximas, principalmente no cemitério da vizinha cidade de São Pedro. O município tem apenas 2.000 habitantes, a maioria aposentados e a média é de 6 mortes por ano. Uma das promessas de campanha do atual Prefeito, Paulo Renon, foi a construção de um necrotério onde os defuntos da terra poderiam ser velados por parentes e amigos e, posteriormente, um cemitério. A primeira parte da promessa foi cumprida, com a construção do tal velório. O problema porém é que ninguém na cidade quer inaugurar a obra pública, mesmo com a promessa de que o defunto que tiver o privilégio de fazê-lo, receberá honras especiais da Prefeitura e terá seu nome consagrado na história do Município.
Coisas da vida. E da arte.....
Grande abraço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário