Boa noite amigos. Música Popular é sempre assunto interessante. Hoje vou falar de minha experiência em conversar com um jovem e talentoso cantor, que promete uma grande carreira e que lançou um CD denominado "Meus Ídolos", no ano passado. Vamos ao retrospecto de sua aparição para todo o Brasil.
ÍDOLOS
Muita gente acompanhou com curiosidade e interesse, a final de um programa em formato inédito na televisão brasileira: Ídolos. Mas, por que inédito? Bem, não se tratava de um simples programa de calouros, nos moldes tradicionais, naquele modelo que mais servia para diversão do que como oportunidade de novas descobertas, desgastado, porque excessivamente explorado, desde a década de 50, pela televisão brasileira. Não! Havia algum diferencial. Além da câmara indiscreta que espionava os candidatos, mostrando as suas reações de alegria, tristeza ou fanfarrice, antes, durante e depois das apresentações, matando assim a curiosidade de um público viciado em “big brothers”, tínhamos um corpo de jurados composto de figuras diversificadas, alguns com conhecimento de música e do mercado fonográfico, e uma seleção de candidatos peneirados em todo o Brasil, entre pessoas que não eram propriamente amadoras, mas gente de talento, perdida no exercício de uma profissão ainda marginal, cantando em pequenos eventos, em churrascarias ou boates alternativas, por conta de um jantar, ou alguns trocados, que permitissem uma sobrevivência minimamente digna e que buscavam oportunidade de uma maior visibilidade. A proposta era encontrar novos talentos que pudessem mostrar ao Brasil algo diferente, que justificasse a aposta num mercado competitivo e quase exauriente de gravadoras à cata de novidades para subsistência, numa competição desleal com a pirataria e os dowloads da Internet. Pois bem, Diego apareceu, mostrou a cara e chegou a uma disputadíssima final. E todos asseguravam, com certeza, a sua vitória. Uma vitória que significava prestígio, prêmios, promessa de gravação e outras vantagens. Mas ele não ganhou. Perdeu para um candidato sem carisma e sem essa apregoada e perseguida novidade. Diego então era o candidato derrotado, numa final em que era favorito, por razões que a própria razão desconhece. Coisas da vida. Houve um jurado que jurou que não havia aparecido nada melhor nos últimos tempos do que ele. Mas essa declaração não bastou para a vitória. A competição acabou. Agora era Diego depois do Ídolos. E ele certamente nunca mais seria o mesmo. Derrotado, ou vitorioso, pouco importa, o fato é que jamais seria o mesmo. Diego não era mais um desconhecido competente. Era quase uma celebridade, num mundo que cria e descarta celebridades, num piscar de olhos.E era preciso saber se ele sobreviveria a esse momento.
O DEPOIS
Diego sumiu da mídia televisiva. Mas ainda assim realizou trabalhos relevantes. E ganhou a admiração de gente graúda. Lançou o seu primeiro CD-DVD, a maioria das faixas com músicas que ele cantou durante as eliminatórias do programa. Em “Partido Alto” de Chico, há participação da excelente Paula Lima. E em “Uma Canção Só (Pra Você), do Nando Freitas, de uma campineira amiga, igualmente talentosa, Taís Reganeli. Algumas músicas inéditas. O trabalho foi lançado no Citybank Hall, em São Paulo, um espaço cultural importante, em agosto de 2.010. Participou também do Projeto Veja, cantando com a badalada Maria Gadú, o batizado sucesso brega de Reginaldo Rossi, “Garçom”, ao qual imprime uma interpretação diferente e personalíssima.
O ENCONTRO NA CASA DO THIAGO
Há dois meses, fui convidado para uma festa de aniversário, na casa do Thiago Vasconcelos de Sousa, poeta, compositor, advogado, surfista, sambista e uma porrada de outras coisas. Brother queridíssimo. Fui para a festa e cerca de uma hora depois, Diego apareceu, acompanhado do seu empresário Afonso Carvalho. Cumprimentamo-nos e aproveitei para solicitar a ele um pequeno bate-papo para publicação no blog, se não fosse inoportuno. Ele disse OK.
A ENTREVISTA.
- Não ganhei nada com o 2º lugar no ÌDOLOS. Eu pensei que A Record teria interesse em alavancar minha carreira, mas isso não aconteceu.
- O Disco e o DVD que eu gravei são compostos de músicas que foram escolhidas por mim e por meu empresário, o Afonso Carvalho. De inéditas apenas quatro músicas: LEMBREI (que é de um grupo carioca). MUDERNA (que é de minha autoria), UMA CANÇÃO SÓ (que eu gravei com a Tais Reganeli aqui de Campinas) e TALISMÃ SEM PAR (do Jorge Vercilo). As demais são músicas de compositores consagrados.
- Quis homenagear os meus ídolos, daí o título do CD e DVD, MEUS ÍDOLOS. São cantores e compositores como Chico Buarque, Francis Hime, Vinícius, Elis Regina, Maria Bethânia, etc. E também cantar aquelas canções (grandes clássicos da MPB), que eu cantei durante as edições do Ídolos, e que me tornaram conhecido no país.
- Minha relação com esse disco é de amor e ódio. Mas não há arrependimento nesse trabalho.
- A menção a ser um disco POP, é porque, A MPB é Pop. Tudo o que chega aos ouvidos e às pessoas é pop. Eu não escolho e não discrimino músicas. Canto o que sinto e gosto.
(Nos dicionários MÚSICA POP é mencionada como abreviatura da palavra Popular. É descrito como um gênero musical que não apresenta um ritmo específico, mas um sistema de valores que envolve espetáculo no palco, moda visual e empatia entre o público juvenil. É um tipo de música que alcança um alto número de vendas e/ou execuções. A música pop tem como marca a apreciação por parte de todo tipo de público. Os artistas que se dedicam a compor canções no estilo pop têm como principal objetivo a sua audiência e o seu sucesso comercial, muitas vezes cantando em diversos gêneros musicais).
- Sou de Tupi, uma cidade próxima de Piracicaba. Meu pai, seu Dimas, já é falecido. Morreu pouco tempo antes da minha participação no Ídolos. Tenho minha mãe, Dona Anita e duas irmãs, a Michele e a Carol, uma mais velha e casada, outra mais nova e solteira. Eu sou o filho do meio. Tenho 26 anos.
- Morei em Piracicaba. Comecei a trabalhar lá muito cedo, numa ótica. Fui muito bem e depois, aos 14 anos, me transferi para Campinas, para trabalhar com o mesmo pessoal da ótica, enquanto minha família permaneceu lá em Piracicaba.
- Sou um cara simples, que gosta de conhecer e ter contato com as pessoas. Gosta de andar de ônibus. Sabe, cara, eu já estou com saudade de andar de ônibus.
- É Mais ou menos aquilo que você descreve em MUDERNO, a música de sua autoria que faz parte do disco e do DVD? É.
- Meus projetos? Bem, quero fazer um disco autobiográfico e que represente o instante de minha vida, com canções todas inéditas, minhas e de outros compositores. Uma coisa meio apocalíptica, que é o momento em que estou vivendo. Isso deve acontecer no primeiro semestre do ano que vem.
- Há sim, três gravadoras manifestaram interesse nesse meu novo disco: a EMI (multinacional inglesa, pela qual gravei esse primeiro disco), A UNIVERSAL e a WARNER.
- É verdade que cantei com a Maria Gadu, que é hoje minha grade amiga, com a Dani Morais, com o Diogo Nogueira, com a Paula Lima e outros cantores famosos de que todos eles me dão uma grande força na carreira. Todos eles me convidaram para cantar junto e eu me senti muito honrado.
- Sonho em ganhar dinheiro, sim, mas para obter coisas que eu acho relevantes. Um certo conforto também. Nada além disso.
O CD/DVD
CD/DVD MEUS ÍDOLOS. CATEGORIA: POP NACIONAL. 2.010. GRAVADORA EMI
FAIXAS DO DVD (18) e do CD (14)
1) PUNK DA PERIFERIA (GILBERTO GIL) – CD (1)
2) ANDO MEIO DESLIGADO (RITA LEE/ARNALDO BAPTISTA/SERGIO DIAS) – CD (2)
3) ALÔ, ALÔ, MARCIANO;
4) LANTERNA DOS AFOGADOS;
5) CANTO DE OSSANHA (VINÍCIUS DE MORAES – BADEN POWELL) CD (6)
6) MUDERNO (DIEGO MORAES) – CD (8)
7) GARÇOM (REGINALDO ROSSI) CD (7)
8) LEMBREI (MAURÍCIO BAIA/GABRIEL MOURA) CD (3)
9) UMA CANÇÃO SÓ (PRA VOCÊ) – (NANDO FREITAS) PART. TAIS REGANELLI – CD (12)
10) MEU ERRO (HERBERT VIANNA) CD (10)
11) NEGRO GATO;
12) PAGU;
13) TALISMÃ SEM PAR (JORGE VERCILLO) CD (4)
14) ATRÁS DA PORTA (CHICO BUARQUE/FRANCIS HIME) CD (11);
15) EXPLODE CORAÇÃO (GONZAGUINHA) CD (5)
16) AS ROSAS NÃO FALAM (CARTOLA) CD (9)
17) PARTIDO ALTO – (CHICO BUARQUE) PART. PAULA LIMA – CD (13);
18) COMO UMA ONDA (LULU SANTOS/NELSON MOTTA) – CD (14).
A PROMESSA DIEGO
A entrevista acabou. A gente não podia mais continuar. O ambiente estava reclamando a sua presença. Voltamos aos convidados. Muita música e cerveja rolavam por ali. Diego foi solicitado a cantar. E cantou. E tocou violão. Gesticulou. Mostrou seu potencial de grave e de agudo. Aqui e acolá um falsete. Coisa que agrada a uns e desagrada a outros. Fiquei cá pensando comigo: Diego aos 26 anos, às vezes, lembra o menino simples de Tupi. Tem saudade de andar de ônibus e se comunicar com as pessoas. Às vezes demonstra preguiça, cansaço, desinteresse pelas exigências de uma profissão que não é fácil, nem simples. Outras vezes precisa demonstrar seu talento. E sobretudo cantar para sobreviver. Porque o canto parece ser uma exigência de vida. Longe do profissionalismo, da profissão. Perto de seu destino, de sua substância, de sua exigência. Quem sabe? Um canto que marca um momento de sua vida, de seu sentimento, de sua busca. Uma busca incessante, como todos nós, pela felicidade. Ainda que por momentos. Confira o talento e a sensibilidade de Diego nos vídeos acima e abaixo. O segundo com Paula Lima. Boa sorte ao Diego.
Ate amanhã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário