Amigos,
Ganhei-o , no fim do
ano passado, dos amigos Carlos e Laís Farah, com a observação de que, por
certo, a temática me interessaria. Só agora, em fevereiro, acabei de lê-lo.
Trata-se do livro GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA AMÉRICA LATINA lançado pela
editora Leya, de São Paulo, em 2.011. Os autores são dois jovens, mas experimentados e competentes
jornalistas, com passagem, dentre outras mídias, pela Revista Veja: o
curitibano, LEANDRO NARLOCH e o paulista DUDA TEIXEIRA. Leandro escreveu o
livro similar GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA HISTÓRIA DO BRASIL, que eu ainda
não li e Duda é autor de um livro divertido sobre a Grécia Antiga, cujo nome é
O CALCANHAR DE AQUILES, que eu li, gostei e recomendo. A proposta é mostrar
particularidades da vida e da história de
líderes da América Latina e dos países latinos americanos, que desmascaram as
versões rotineiras que os converte em heróis e políticos responsáveis pelo
progresso econômico e ético dessas nações. As fontes nas quais os jornalistas
se basearam são inúmeras. Pesquisas bibliográficas cuidadosamente feitas em
grande parte na literatura estrangeira e nacional dos países latino americanos
e ainda informações obtidas diretamente no que se extraiu de entrevistas e
reportagens. Os personagens focalizados são Che Guevara, Simón Bolivar, Perón e
Evita, Pancho Villa e Salvador Allende. Há também a preocupação em
desmitificar, sem justificar, a opressão dos Estados colonizadores sobre os
colonizados, desfazendo a mística de bandido contra mocinho, pois nem todos os
males pelos quais passaram os povos advieram dos europeus colonizadores, mas
também dos próprios povos nativos. Fala-se, abertamente, das ditaduras de
direita e da esquerda dos vários governos. Das revoluções vencedoras e derrotadas
e de como a tomada do poder e a prática política se apartou do discurso e da
ideologia de todos eles. Sinta essa nota
sobre Che Guevara: “Rebeldia juvenil? Só se dentro do
quartel. Che adorava uniformes do exército e seus símbolos. Em abril de 1959,
então chefe de instrução das Forças Armadas Revolucionárias, ele fundou a
revista verde Olivo, de assuntos militares. EM 1963, ajudou a aprovar a maior
inimiga dos jovens: a lei do serviço militar obrigatório. Ironicamente, o
próprio Che tentou escapar do serviço militar da Argentina, em 1946, quando
completou 18 anos.” Ou ainda sobre a fundação criada e gerida por Evita
Perón e sua riqueza em jóias e obras de arte: “O dinheiro que ela usava para essas
aventuras vinha do governo e das companhias que eram extorquidas. Aquelas que
se recusavam a ajudar a instituição filantrópica de Eva Perón corriam o risco
de ser estatizadas. Foi o que aconteceu com a Massone Química e a Chocolates Mu-Mu.
Suspeita-se ainda que, entre seus bens, havia peças do tesouro nazista,
oriundas de famílias judias ricas assassinadas em campos de concentração. O
próprio Perón chegou a falar de bens de “origem alemã e japonesa” de que o
governo argentino teria se apropriado.” Por fim adverte a editora que “é ele, o falso
herói latino-americano, o principal alvo deste livro”. Em 336 páginas, com interessantes notas marginais e algumas ilustrações-retratos, o
livro é polêmico, instigante, interessante, oferecendo uma outra perspectiva
para análise da história real da América Latina, seus povos, a influência dos
colonizadores e dos nativos nas suas trajetórias políticas e especialmente a
personalidade, as virtudes e defeitos e os erros e acertos dos chamados heróis
latinos-americanos.
Até amanhã.
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