Boa noite amigos,
Faleceu, no último dia
10 de abril, o jurista, Procurador de Justiça Aposentado e professor de Direito
Penal, Doutor José Henrique Pierangeli, que era natural de Brotas, cidade que
idolatrava e para onde seguiu o seu corpo logo após o falecimento, mas que
residiu e residia em Campinas, cidade que adotou, juntamente com a família, durante várias décadas. O
Professor Pierangeli era muito querido por toda comunidade jurídica, que nele
reconhecia um respeitável pesquisador e escritor na área do Direito Penal, e também
por uma verdadeira legião de amigos de todas as origens e profissões, mercê
de sua simpatia e carisma pessoais, e de
sua alegria e otimismo contagiantes. Em nome do culto à memória, que tenho
ressaltado, quando posso, como um "valor cultural" realmente fundamental em qualquer sociedade evoluida, ou que pretenda sê-lo, é preciso registrar a
importância de Pierangeli para o Direito Penal Brasileiro. A ele se atribui a
introdução do grande penalista argentino Eugenio Rául Zaffaroni, no cenário do direito penal pátrio, com quem publicou, em co-autoria, a obra Manual de Direito Penal Brasileiro, que já está na 9a. edição, uma
adaptação, ao nosso Direito, da consagrada obra de Zaffaroni Manual de Direito Penal. Em 1987 Pierangeli escreveu, à guisa de dissertação de Mestrado na Usp, O Consentimento do Ofendido na Teoria do Crime, dissertação essa que se
transformou num dos livros mais concorridos, indicados e citados, com um nome mais curto (só Consentimento do Ofendido). Também é de
sua autoria a obra Da Tentativa, que já se encontra na 9ª. edição, sucesso absoluto de vendas e de
citações em doutrina e jurisprudência. Destaque-se, ainda, uma pérola da
literatura: Códigos Penais do Brasil – Evolução Histórica, publicado
pela Editora Revista dos Tribunais, em que o autor analisa a nossa lei penal
geral e sua evolução no Brasil, desde a vigência, ainda no Brasil Colônia, das Ordenações Filipinas até o Código Penal atual. Pierangeli foi professor da Faculdade
de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e também da Faculdade de Direito
da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, na década de 80, quando
compartilhamos prazerosamente reflexões sobre Direito, Educação e Vida, como docentes
da nossa querida Faculdade. Naquela época usava um vasto bigode e era carinhosamente apelidado e chamado por nós de "Sargento Garcia". Sua morte causou profunda e sincera consternação entre
familiares, amigos e instituições importantes que se manifestaram sobre a perda, como o Instituto Brasileiro de
Ciências Criminais (IBCCrim) e o Ministério
Público de São Paulo, com as quais mantinha vínculos muito próximos.
Conversei sobre Pierangeli com amigos comuns, dentre os quais o Professor de Direito Penal, Juiz e Jurista José Henrique Torres e o Procurador, advogado e também Professor de Direito Penal, Silvio Arthur Dias da Silva, sendo unânime o destaque da importância da contribuição de Pierangeli para a evolução do Direito Penal Brasileiro. Nossos pêsames à viúva Dna. Pérola, aos filhos e demais familiares,
especialmente à Maria Aparecida Pierangeli, Promotora de Justiça, nossa
ex-aluna e querida amiga, a quem carinhosamente chamamos de “Tida”, ao neto Pedro e ao genro o amigo Desembargador Dimas Borelli, aos quais dedico um trecho da poesia de Lya
Luft, escrito algum tempo depois da perda de seu companheiro amado: “A
MAIOR HOMENAGEM QUE SE PODE FAZER A ALGUÉM QUE MORREU É VOLTAR A VIVER DA
MELHOR FORMA POSSÍVEL, PORQUE TUDO É TRANSFORMAÇÃO. E A VIDA SEMPRE CHAMA”
Até amanhã, amigos.
P.S. (1) Eugênio Rául Zaffaroni
é considerado um dos mais destacados penalistas do mundo moderno e a maior
expressão nessa área do Direito, na América Latina. É também Ministro da
Suprema Corte Argentina;
P.S. (2) José Henrique Pierangeli foi Procurador de Justiça; advogado
criminalista e parecerista em São Paulo/SP; mestre em Direito Penal pela USP;
professor convidado do curso de pós-graduação da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul; professor dos cursos de pós-graduação do MP/SP, da Escola da
Magistratura do TJ/SP e da Escola Judicial do TJ/AP; professor do Instituto de
Desenvolvimento Cultural de Porto Alegre; professor honorário da Universidade
del Museo Social Argentino; professor emérito do Instituto de Desenvolvimento
Cultural; integrante da Academia Paulista de Direito Criminal; sócio-fundador
do IBCCRIM - Instituto Brasileiro de Ciências Criminais; membro
Honorário do Instituto de Ciências Penais.
P.S. (3) – Em 2.010,
Pierangeli escreveu e lançou, em
co-autoria com o Desembargador Carmo Antônio de Souza, a obra
CRIMES SEXUAIS, na qual os autores analisam todos os delitos dessa natureza, à luz da Lei
12.015/09. Na imagem que ilustra a coluna de hoje vê-se ambos em foto tirada no
dia do lançamento da obra, publicada pela Editora Del Rey e emprestada do site Karla.balieiro.com.
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