Prezados companheiros, boa tarde:
O técnico do Guarani, Argel Fucks foi demitido nesta tarde pelo Presidente Leonel Martins de Oliveira, depois do time sofrer uma vexatória derrota para o Pão de Açúcar, no Campo do Nacional, em São Paulo, pelo placar de 5 a 0, jogo válido pelo Campeonato Paulista A-2 (2ª. divisão).Argel, ao contrário do que ocorre com outros dirigentes técnicos em tal situação, fez questão de falar à imprensa, argumentando que ele próprio, após o jogo, é que colocou o cargo à disposição, assumindo toda a responsabilidade pela derrota. Não deixou, contudo, de salientar, de forma irônica, que sua campanha até aqui, tanto no Campeonato Paulista da 2ª. Divisão, quanto na Copa do Brasil (o Guarani depois de dois empates com o União Rondonópolis por 4 a 4 e 0 a 0 passou à segunda fase da competição), apresentou saldo bastante positivo. Foram 7 vitórias, 5 empates e 3 derrotas, em 15 jogos, ou seja, obteve 26 em 45 pontos disputados, pouco mais de 50%. Argel ainda queixou-se de ter seu trabalho prejudicado pelas arbitragens, enfatizando que acredita que a Federação Paulista de Futebol não tenha interesse no acesso do Guarani à 1ª. Divisão, com o que, ainda que de forma velada, fez críticas à Diretoria do verde e branco campineiro no sentido de que ela devia fazer valer nessas ocasiões, a sua posição de clube de tradição. Reforçou, porém, o bom relacionamento que sempre teve com a mesma Diretoria. É difícil nesta hora opinar a respeito do acerto ou desacerto da demissão do técnico com o campeonato em andamento e a pressão, que não é e nem pode ser pequena, pelo acesso à 1ª. Divisão do Campeonato Paulista, no centenário de um clube que já foi campeão brasileiro (1978), duas vezes vice-campeão da mesma competição (1.986 e 1.987), que participou como representante brasileiro em três versões da Copa Libertadores da América, e teve honrosas colocações em outros campeonatos, figurando sempre entre os primeiros lugares na elite do futebol canarinho. Para se ter idéia, com todo maltrato e todas as quedas que o Clube sofreu nos últimos anos, continua a ocupar a 14ª. posição no ranking dos clubes divulgado pela CBF (o Fluminense, atual campeão brasileiro é o 11°). Fato é que estar em 4° lugar em uma das duas chaves em que se divide a 1ª. fase do Campeonato Paulista da Segunda Divisão, não é nenhuma posição honrosa, senão preocupante para um time do gabarito do Guarani. O elenco atual não é nem sombra do que foram os seus grandes times do passado, mas apesar disso, é a maior folha de pagamento da série A-2. E nem o peso da camisa do time, que é o mais importante do Campeonato Paulista da 2ª. Divisão, apresentando também o recorde de renda e público, nem os salários mais altos dos jogadores têm garantido – muito ao contrário – futebol vistoso ou competitivo nos jogos do Campeonato. As vitórias que tive oportunidade de ver, foram sofridas, com o time apresentando deficiências e irregularidades, de ordem tática e técnica frente a adversários muito inferiores, sem falar da condição física de certos jogadores. Passar para a 2ª. fase da Copa do Brasil, com dois empates contra o modesto campeão estadual de Mato Grosso do Sul (e que ocupa a 112ª. posição no Ranking da CBF), é coisa de que não se pode, nem se deve orgulhar, especialmente depois que o time, ganhando de 4 a 1 no 1º tempo, permitiu o empate em 4 a 4 no segundo tempo, se livrando, no último minuto, graças a uma defesa milagrosa de Emerson, de ser derrotado em Rondonópolis, o que complicaria, em muito, o jogo da volta, um horripilante 0 a 0 para quem assistiu (eu, felizmente, tive compromisso e não pude ir). Argel é profissional sério e homem de caráter, não se nega. Mas, como técnico, não logrou se impor ao elenco, nem conseguiu mostrar trabalho convincente, ou pelo menos vitorioso. Isso, no futebol, é fatal. A torcida, há muito tempo, vinha reclamando das atuações do time, nenhuma delas convincente. A despeito do 4º lugar, o ataque do Guarani é um dos piores da competição (16 em 13 jogos) e sua defesa que era a menos vazada, com 8 gols antes da partida de hoje, passou a 13, o que implica na diminuição do saldo de gols que era de 8 e agora é de apenas 3.Leonel fez questão de ressaltar que a culpa não é apenas do técnico e que, quando as coisas não dão certo, a responsabilidade é de todos, inclusive da Diretoria, fazendo a sua “mea” culpa. É verdade. Não se pode esquecer, todavia, que a maioria dos jogadores contratados, o foram por indicação de Argel, atletas que com ele fizeram boas campanhas em outros times e campeonatos. Aqui, porém,não deram certo. O torcedor não agüenta mais ver um Márcio Guerreiro andando em campo, apesar de se tratar de um atleta rodado e de suposta boa condição técnica. Também não gosto de soluções simplistas como a de sempre demitir técnico quando o time não vai bem, sem dar tempo ou condição para um trabalho de médio ou longo prazo, que permita ao profissional, aí sim, montar uma equipe, na verdadeira acepção da palavra. Mas no caso do Guarani, Argel sabia da proposta a curto prazo e da pressão que iria sofrer para o acesso no Paulistão. Não foi enganado quanto às condições em que iria trabalhar, tanto assim que foi contratado apenas para o campeonato Paulista da 2ª. Divisão. E apesar dos desfalques, dos azares das contusões, que não foram poucas, o time jamais apresentou nesses 15 jogos, além dos jogos-treinos, um padrão que desse segurança ou esperança ao torcedor. A goleada de 5 a 0 para o Pão de Açúcar não pode ser vista como um acaso, uma jornada infeliz, mas antes como uma queda anunciada. Cogita-se da volta de Vadão para o comando do time no restante do campeonato. Resta-nos aguardar os acontecimentos.
Bom carnaval a todos.
Bugrinos.
ResponderExcluirMais uma vez temos uma análise exata. Ressalto apenas: Argel demonstrava que não abandonaria o barco nunca, salvo se fosse jogado ao mar. Frustrou-me. Foi o primeiro a pular do barco quando viu uma tempestade pela frente. Rezemos pela vinda de VADÃO, quem sequer deveria ter saído logo após o acesso para Série A do brasileirão. Abraço. André Heinemann