Fui assistir, no sábado de carnaval, o vencedor do Oscar-2011 de melhor filme, ou seja, o inglês “The Kings Speech”, que recebeu em português o nome de “O Discurso do Rei”. Trata-se de mais um filme em voga que retrata personagens e situações ligadas à monarquia inglesa, na esteira de “A Rainha” e “Elizabeth”. O filme, no entanto, busca focalizar muito mais o drama vivido por um príncipe, Albert Frederick Arthur George (Colin Firth) perseguido por uma guagueira emocional desde os 4 anos de idade e que se vê na contingência de se tornar o rei da Inglaterra, em face da inesperada abdicação ao trono feita por seu irmão mais velho e sucessor natural, Edward VIII (Guy Pearce). Este, depois de tê-lo assumido por curto espaço de tempo, troca a coroa para casar com sua amada, uma mulher duas vezes divorciada. Albert, que viria a ser o rei George VI, pai da atual rainha da Inglaterra Elisabeth II e morto em 1.952, depois de tentar por todos os meios, métodos e profissionais a cura de sua deficiência de fala, encontra Lionel Logue (Geofrey Rush), que se auto-intitula “terapeuta da fala”. Lionel não é médico, mas ganhou vasta experiência ao lidar com soldados de guerra com problemas emocionais afetando a fala e a comunicação, e se dispõe a curar o príncipe. Toda a trama central gira em torno dos dois personagens, Albert, chamado de Bert, e Logue, e dos diálogos entre eles, visando ao tratamento e, depois, à amizade que se estabeleceu e os unirá para sempre. Ao contrário dos filmes anteriores citados, O Discurso do Rei só trata da questão política de forma marginal, o suficiente para a compreensão e a contextualização do drama. Sem os atrativos dos filmes americanos a que todos nós já nos acostumamos , isto é, ação e efeitos especiais, o filme é monótono, na medida em que privilegia os excelentes diálogos entre os personagens e os dramas por eles vividos. Magistrais as interpretações de Colin (também contemplado com o Oscar de melhor ator) e Rush, com especial destaque para o primeiro, pela dificuldade de seu personagem. Dizem que a Rainha Elizabeth II, ao assistir o filme, chorou, emocionada pela qualidade da interpretação de Colin, realmente antológica. Os ingredientes do sucesso são infalíveis: as deficiências e inseguranças que atingem também os nobres; a busca da superação; a amizade entre nobres e plebeus; a abdicação de trono por amor; o fato de se tratar de uma história real, a despeito de ser a obra ficcional e, por fim, o glamour das monarquias, especialmente da inglesa e suas estórias que povoam o imaginário popular universal e garantem a curiosidade e o sucesso de tudo quanto venha, de bom ou de ruim, do famoso Palácio de Buckingham. Oscar merecido, o filme é realmente imperdível para os cinéfilos e para a platéia ocasional.
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