Boa noite amigos,
Hoje é sábado e vamos falar um pouco de arte e de artistas competentes de nossa cidade. Há tempos, quando vou à Feira de Artesanato do Cambuí, que funciona aos sábados e domingos pela manhã, tenho minha atenção voltada para os quadros de um artista aqui da terra. Gosto do estilo solto, mas denso. Das motivações e das cores. E também das dimensões desproporcionais utilizadas às vezes, com que o pintor procura dar ênfase ou destaque. Marquei uma entrevista. E hoje conversamos informalmente ali mesmo, pois ele trabalha sozinho e não pode se ausentar da banca onde comercializa as suas telas. Começou dizendo que na infância já se encantava com os desenhos, traçados e
linhas elaborados pelo irmão mais velho. Depois, na adolescência, sentindo-se habilitado
para tarefas manuais, foi trabalhar na pintura de faixas e letreiros, utilizando
todo o material pictórico com muito engenho e atenção voltada para a combinação de cores. O destino estava
mais ou menos traçado. Curso universitário? Bem, na área de Artes Plásticas,
claro. Graduou-se em Artes pela
Pontifícia Universidade Católica de Campinas em 2.000, com Licenciatura. E fez Especialização na Universidade Estadual de
Campinas, concluindo-a em 2.010. Sua vida profissional começou
propriamente com escultura em argila, para depois, gradativamente, migrar para
a pintura, que agora é a categoria em que trabalha com exclusividade. A par dos quadros e de sua
comercialização (feita apenas no espaço que ocupa todos os sábados e domingos
na tradicional feira de artesanato do Centro de Convivência Cultural de
Campinas) dedicou-se ao Magistério no ensino médio em escola pública na periferia de Campinas. Tem fregueses na
cidade, no Estado, no País e até no Exterior.
Há muitos anos, o jornalista e comentarista esportivo Carlos Batista, que comanda um programa local na TV
Bandeirantes, em ocasiões do derbi campineiro, a ele encomenda a
pintura de um quadro alusivo ao evento,
que é entregue como presente da emissora
ao melhor jogador de Guarani ou Ponte Preta, conforme o caso. É a
sincronia entre a arte que faz deslizar a bola pelos campos e a que decorre da inspiração e de
mãos que deslizam competentemente o pincel sobre telas.
A ENTREVISTA
Se a arte se aprende na escola? Bem, ficamos no meio-termo.
Não podemos dizer que a arte dispensa a habilidade, mas o talento também
decorre do estudo e do empenho de alunos interessados. Como professor muitas
vezes observo alunos que demonstram dificuldade e são menos hábeis que
outros. Mas vão superando a falta de habilidade
inicial, com bastante dedicação e empenho
e o auxílio imprescindível do mestre.
O meu estilo sempre foi o mesmo. Posso chamá-lo de estilo
“figurativo”. Meus quadros retratam personagens e realidade, com motivação brasileira e ênfase na Bahia, no nordeste, praias, morros e periferia. Acrescentaria que na minha obra
três coisas são recorrentes: muitas cores fortes, movimento e falta de proporção
proposital. Claro que com o passar do tempo e a maturidade você vai se
aperfeiçoando. Hoje a toque do pincel é diferente e uso também a espátula para obter
maior densidade, quando é preciso.
Viver de arte no Brasil é praticamente impossível, a não ser
para muito poucos. Mas o importante é a produção, a exposição e a
educação para a arte. Às vezes recebo alunos aqui na feira, elogiando este ou
aquele trabalho, esse ou aquele detalhe. E olha, não sinto diferença entre o
aluno mais modesto de escola pública e os mais aquinhoados, que em tese teriam
condições de melhor conhecer, apreciar e
entender trabalhos artísticos. Há períodos em que aqui na Feira, vendo muitos
quadros. Outros que por razões que desconheço, a procura é pequena. Penso que
essa dificuldade não é exclusivamente brasileira, mas afeta artistas de todo o
mundo.
Penso que a minha pintura sofreu influência especialmente
de dois grandes pintores brasileiros: Candido Portinari e Di Cavalcante.
OPINIÃO
Os quadros de Alexandre Melo, como se pode observar e ele mesmo considera, retratam personagens em situações diversas, seus dramas e alegrias , os quais busca captar de forma autêntica e subjetiva. As cores utilizadas são fortes, dando um toque de intensidade para a mensagem que se busca traduzir. Essa intensidade ora é enfatizada por cores ou luzes, ora pela desproporção de algum detalhe. As telas se adaptam com perfeição a ambientes modernos, sem evidentemente, excluir outros, assunto que não é da minha área e sim afeta aos decoradores e designers de ambiente.
P.S. (1) O figurativismo ou pintura figurativa representa
temas como pessoas, objetos como por exemplo uma mesa, uma paisagem ou uma flor e que pode
ser realista ou estilizada. A ele se contrapõe a chamada pintura abstrata que
não se preocupa em representar objetos e se expressa por si mesma. Ela é um
objeto de arte e não a representação de alguma coisa. Ambas, porém, podem
expressar estados emocionais indiferentemente;
P.S. (2) O Renascimento, o barroco e o realismo são citados
como exemplos de estilos artísticos nos quais o figurativo predomina, mas o
chamado figurativo realista. Já o impressionismo e o expressionismo também são
figurativos, mas menos preocupados com a representação fotográfica da realidade
(fotorealismo);
P.S. (3) Candido Portinari conseguiu retratar questões
sociais em suas obras, sem desagradar ao governo e aproximou-se da arte moderna
européia. Suas pinturas se aproximam do cubismo, do surrealismo e dos pintores
muralistas mexicanos, sem, contudo, se distanciar da arte figurativa e das
tradições da pintura. O resultado é uma arte de características modernas.
P.S. (4) As observações acima foram extraídas do site pt.wikipedia.org;
P.S, (5) A biografia e a
obra completa de Alexandre Melo pode ser conferida no seu site www.artmelo.com.
P.S (6) Duas observações quanto à opinião por mim manifestada: a) não sou especialista no assunto, mas simples admirador; b) acredito, como alguém que não me lembro já afirmou que "a arte não é para ser entendida, mas para ser sentida", e o meu juízo é mero reflexo do que sinto e imagino, podendo, é claro, nada ter a ver com a proposta ou a mensagem do autor.
P.S (6) Duas observações quanto à opinião por mim manifestada: a) não sou especialista no assunto, mas simples admirador; b) acredito, como alguém que não me lembro já afirmou que "a arte não é para ser entendida, mas para ser sentida", e o meu juízo é mero reflexo do que sinto e imagino, podendo, é claro, nada ter a ver com a proposta ou a mensagem do autor.
P.S. (7) Imagem 1 - O artista Alexandre Melo; 2 - Quadro: Casario; 3) Derbi Campineiro.
Até amanhã amigos.
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