Bom dia amigos,
Aos três minutos
da primeira etapa, o desconhecido Victor Ferraz, zagueiro do Bragantino, sai do meio de campo e vai
driblando um, dois, três, quatro. Chega ao gol. Na conclusão, porém, com o
goleiro já batido, a bola passa rente à
trave direita e sai. Uma pintura de jogada. Uma jogada “à La Neymar e Messi”. O
menino deve ser bom. Ou então a jogada isolada foi só para confirmar o jargão
popular segundo o qual “também Victor Ferreira tem dia de Neymar". Tomara. Quem
vai ganhar é o futebol e nós torcedores. Esse esporte que exatamente por causa
de todas as imprevisões, todas as contrariedades à lógica e à vida, continua
sendo a grande paixão nacional e por que não, atualmente até mundial. O Santos ganhou o
jogo do Braga por 2 a 0, gols de Alan Kardec e de Borges, que voltou a marcar depois de um mês de jejum.
Com isso assegurou a 4ª posição na tabela, com 30 pontos, exatamente a mesma
pontuação do surpreendente Mogi Mirim que foi a Lins e não tomou conhecimento
da Linense, vencendo, pelo mesmo placar do Peixe (2 a 0 ou 0 a 2,
como se assinala quando o jogo é no campo do adversário). O “Sapão”, como é
carinhosamente chamado o Mogi, permanece em 5º lugar, por perder do Santos em
saldo de gols, segundo critério de desempate porque em número de vitórias
também se igualam.
O CARROSSEL
CAIPIRA
Para os saudosos
do futebol de outrora e daquele timaço da Holanda de 1.974, que no entanto
perdeu a final do Campeonato Mundial de Futebol para a dona da casa, a
Alemanha, e ainda para os novatos que não chegaram a conhecer nem a Seleção
Holandesa da época, nem o Mogi-Mirim, lembro que o Sapão, no ano de 1.992 fez
também um campeonato paulista magnífico, com uma campanha irrepreensível. Seu
treinador na ocasião era o desconhecido Vadão (Osvaldo Alvarez), hoje técnico
do Guarani de Campinas. Pois Vadão conseguiu imprimir ao time do Mogi, o mesmo
esquema e ritmo da seleção holandesa, com todos os jogadores defendendo e
saindo para o ataque em leque e harmonia, girando, girando, como um carrossel. Daí ter sido aquele time do Vadão
batizado de Carrossel (o nome foi conferido por jornalistas e comentaristas de
esporte na época para a Selação Holandesa). Mas como a Holanda era o verdadeiro
Carrossel, alguém acrescentou o "Caipira" para o Mogi (Carrossel Caipira) em homenagem
à boa gente do interior do Estado de São Paulo. A Seleção Holandesa, em razão
da sua cor de camisa e do seu eficiente esquema, foi também chamada de “Laranja
Mecânica” (A Clockwork Orange), título do famoso filme inglês de Stanley Kubrick, grande sucesso dos anos 70 e um dos 50 melhores filmes de todos os tempos.
SÃO PAULO LÍDER.
O São Paulo
aproveitou a bobeada do Palmeiras, que perdeu o “Derby” e a invencibilidade no
campeonato paulista para o Corinthians e assumiu a liderença do
campeonato, batendo o Mirassol, fora de
casa, pelo magro placar de 1 a 0, gol do eficiente zagueiro Rodolpho, de cabeça,
em cobrança de escanteio. Essa estratégia, aliás, dos zagueiros altos irem para
o ataque na hora de cobrança de escanteios, tem sido muito utilizada, com
sucesso, ultimamente. Mas depende muito de treinamentos, porque zagueiro
eficiente está acostumado a botar a bola pra fora, não pra dentro. Daí, por
força do hábito.... O zagueiro, Edu Dracena tem feito muitos gols pelo Santos e é
destaque nesse ítem. William José perdeu um pênalti para o tricolor no começo
do segundo tempo, causando muita irritação ao técnico Leão.
O DERBI
CAMPINEIRO
O público, pouco
mais de 7.000 torcedores no Majestoso foi um dos piores na história do clássico
mais antigo de São Paulo. Mas era justificável. Limitação de ingresso para o
não mandante (o Guarani recebeu menos que 1.000 e sua quota foi esgotada),
tensão com a morte do torcedor em confronto de torcidas, apelo dos
especialistas, Prefeito e dirigente querendo pedir transferência do espetáculo para outra localidade, agitação na
Polícia Militar etc. etc., tudo a contribuir para a fuga do torcedor cauteloso.
Mas o jogo foi bom. Aliás, muito bom, movimentadíssimo, e o que se viu foram 22
atletas totalmente envolvidos jogando com muita raça. E como muita gente esperava,
inclusive eu, tendo em vista o equilibrio entre as equipes, o empate foi um
resultado previsível e aceitável. Mas as alternâncias foram grandes. A Ponte
foi beneficiada com a marcação de um pênalti inexistente de Domingos sobre
Enrico. Erro à parte, o jogador Guilherme, escalado para a cobrança, chutou na
trave. Foi o que bastou para que os ânimos, que já estavam à flor da pele entre
os pontepretanos, ficassem mais exaltados. O Bugre aproveitou esse
desequilíbrio e a partir daí dominou a partida, criando seguidas jogadas de
perigo, que não foram aproveitadas pelos atacantes. Aos 35 minutos, ainda da
etapa inicial, o atacante Fabinho, até então o jogador bugrino mais perigoso,
envolveu-se num incidente com o jogador Guilherme e foi expulso juntamente com
Wesclei da Ponte, ficando cada time com um jogador a menos. No segundo tempo,
a Ponte veio com tudo e dominou completamente o jogo. Tirante um ou outro
contra-ataque (num deles a bola de Fumagalli bateu na trave), o domínio
pontepretano foi flagrante e a equipe da casa foi coroada com gol de Diego
Sacoman, em discreto impedimento, sem culpa da bandeira, aos 29 minutos, em bola alçada pelo bom Renato
Cajá. Assim foi até os descontos, quando
Vadão resolveu apostar na entrada do centroavante Ronaldo, mandando que ele
fosse para a área e tentasse forçar um pênalti. E a expectativa acabou se
confirmando. Aos 46 minutos, bola lançada na área, Ronaldo domina e, de frente
para o gol, sofre pênalti de Gerson, assinalado pelo árbitro. Fumagalli, o frio e
competente Fumagalli, cobrou a penalidade, no alto e no canto direito, sem
chances de defesa. O clássico estava empatado. Pela 62ª. vez na história do confronto. E o empate
acabou sendo justo. Com gosto amargo para os pontepretanos que já contavam com
a vitória e jogavam em casa. Com gosto de vitória para os bugrinos que
empataram na casa do adversário e continuaram uma posição na frente da
classificação geral do campeonato. E Gilson Kleina e Vadão, os treinadores de
Ponte e Guarani, respectivamente, mantiveram os seus tabus. Nenhum deles perdeu
o derbi campineiro até agora.
HOMENAGEM A
CHICO ANYSIO.
Foi emocionante
como, em todo o Brasil, o futebol homenageou o grande humorista Chico Anysio.
Vascaíno no Rio, Palmeirense, em São Paulo, o cearense Chico recebeu homenagem
também no seu Estado de nascimento, que ontem teve clássico entre Fortaleza e
Ceará, com vitória deste por 1 a 0. Vasco e Palmeiras jogaram com camisas que
faziam homenagem aos 209 tipos criados pelo humorista. O gol palmeirense foi
marcado pelo Professor Raimundo, quer dizer Marcos Assunção vestido de camisa
do Professor da Escolinha. E o jogador, criativo, comemorou com homenagem. Com
o indicador da mão direita próximo e em paralelo ao polegar, mandou ver: “E
o salário ó.....”, jargão que marcou o personagem. Claro que o salário pequeno
era do Professor Raimundo, não do Assunção, como observou desnecessariamente
Cleber Machado narrando o jogo pela TV Globo.
QUE DEUS TE
ABENÇÕE. E VAI PAU, NEGO!
Em entrevista no
final do jogo entre Santos e Bragantino na Vila Belmiro, bem humorado, o
atacante Neymar afirmou que zagueiro Junior Lopes, jogador do Braga encarregado de sua marcação e
que fez muitas faltas,
quando o derrubava faltosamente, desculpava-se dizendo “Que
Deus te abençõe” . Ou seja, por outras
palavras: “Meuo, desculpe. Eu sou pago pra te pegar. Não gostaria e não quero
que você se machuque, tá. Mas não tem jeito não”. Ou, então: “Nego, não quero
nem saber. Reze e peça a Deus que te ajude”
Problemas de interpretação das intenções.
Até amanhã.
P.S (1) A imagem que ilustra a coluna de hoje é do ator Malcom McDowell, protagonista do famoso filme inglês "Laranja Mecânica" de 1.971 e foi extraída do site cinema10.com.br;
P.S. (2) Para obter informações mais precisas sobre o clássico do cinema inglês citado nesta coluna e da história do Mogi-Mirim consultei a Wikipédia.com, a chamada enciclopédia livre.