quarta-feira, 29 de junho de 2011

A OITAVA RODADA DO BRASILEIRO DA SÉRIE B E OS PAULISTAS


Boa  noite companheiros.


A oitava rodada completa do Campeonato Brasileiro da Série B foi ontem, na fria terça-feira, isto no sudeste e sul do Brasil, porque no Nordeste, o pessoal estava muito à vontade no campo, como se pode ver pelas telas das TVs, no jogo da Ponte Preta contra o Salgueiro, em Recife. Vamos aos acontecimentos importantes da rodada, envolvendo os times paulistas, incluindo a Lusa, hoje homenageada pela coluna, com o seu belo distintivo retratado acima:


° ( A Lusa está demais) A Portuguesa de Desportos imprimiu mais uma impressionante goleada, desta vez sobre o São Caetano, no Canindé: 5 a 2. O Azulão vem mal no campeonato e agora ocupa a 14ª. posição, precisando urgentemente de recuperação para não namorar demais a zona de rebaixamento. A Lusa assumiu a liderança isolada do campeonato da série B com 17 pontos e a seguinte campanha em 8 jogos: cinco vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota. Marcou 25 gols, não menos impressionante média de 3,13 gols por jogo e tomou 10 (1,25 gols) por jogo, com saldo de 15;


° (Lusa tem números do Santos de Pelé). Os números do campeonato que está apenas no início (8ª. rodada) mostra que a Portuguesa lembra (só em números,  é claro), o saudoso Santos de Pelé, Coutinho, Pepe e Cia., um time ofensivo, que tomava  gols, mas fazia muito mais. Isso prova que a melhor defesa é mesmo o ataque. E, convenhamos, não há nada mais frustrante do que ver o time de coração num esquema defensivo demais, passando por sufoco. Ou um resultado xoxo de 0 a 0;


° (Esses goleiros maravilhosos e seus frangos inacreditáveis..) Goleiro bom de vez em quando toma frango. Foi incrível o frango que o excelente Rogério Ceni tomou no domingo, na goleada do Corinthians sobre o São Paulo por 5 a 0, que está repercutindo até hoje.   Ontem, na série B, o goleiro Julio Cesar, da Ponte Preta, que vem fazendo boas partidas, também tomou um gol inacreditável no jogo contra o Salgueiro, em cobrança de lateral, com a única diferença que a Macaca ganhou o jogo assim mesmo, na casa do adversário, pelo placar de 3 a 2;


° (A boa e regular campanha da Ponte...) Registre-se que a Macaca está bem no campeonato, com 17 pontos, após a vitória de ontem sobre o Salgueiro, em Recife. Tem o mesmo número de pontos da Portuguesa de Desportos e só perde no critério de saldo de gols. Os números da "Nega Véia" são os seguintes, em oito jogos: 5 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota. Marcou 18 (média de 2,25 gols por partida) e sofreu 7 (média de 0,88).


° (A briga na Artilharia.....) Ricardo de Jesus, o bom atacante da Ponte Preta, marcou ontem dois gols, um de pênalti e continua isolado na artilharia da Série B, com 09 gols marcados. Na vice-artilharia, 3 gols atrás do artilheiro, 3 jogadores: Elionar Bombinha do ABC, Edno da Portuguesa e Dodô do Americana, todos com 6 gols.


° (Por falar em Edno....). Edno fez sucesso na Portuguesa. Por isso foi contratado pelo Corinthians. Nada aconteceu. Do Timão foi para o Botafogo do Rio,  e por lá passou desapercebido também. Retornou à Lusa. E a velha casa é efetivamente o lugar de Edno, que, no Canindé voltou à antiga forma e tem sido importantíssimo na campanha da Lusa até aqui. Com afirma um colunista, o Edno da Portuguesa joga em qualquer time do mundo. O Edno do Corinthians e do Botafogo só joga na Portuguesa. É isso: tem jogador que só funciona em determinado time. Ou então em clube, mas não na seleção, por exemplo. Coisas do futebol;


° O Americana, depois que venceu o Guarani em Campinas, de virada, por 2 a 1, parece que firmou no campeonato. Ontem venceu mais uma, com a ajuda incrível da arbitragem. Pelo magro placar de 1 a 0, gol de Dodô, ganhou de outro paulista, o Gremio Barueri. O trio de arbitragem, formado pelo árbitro Vinícius Furlan e pelos bandeiras, Celso Barbosa de Oliveira e Carlos Nogueira Junior, todos de São Paulo, prejudicou flagrantemente o Barueri, não assinalado um  um gol totalmente válido, no começo do segundo tempo, quando dois jogadores do Barueri, em carrinho duplo, empurraram a bola para dentro das redes e Jaílson tirou.  A bola entrou, e entrou muito além da risca do gol, como mostrou várias vezes o programa Globo Esporte de hoje, na TV Globo. O lance, é claro, era mais dos bandeiras, que estão lá para isso. E assim mesmo não dão conta. Eta arbitragem paulista! Mas o Americana, que não tem nada com isso, soma agora os mesmos 17 pontos de Portuguesa e Ponte Preta, com exatamente a mesma campanha em número de vitórias (5), empates (2) e derrota (1). Marcou porém, 10 gols (média de 1,25) e sofreu 6 (média de 0,75), com um saldo positivo de 4. Está no G4, ocupando o 3º lugar;
° (O velho Dodô ainda brilha....) Dodô (o mesmo de São Paulo e Fluminense), em final de carreira, ainda continua brilhando pelo time de Americana. Dos 10 gols da equipe ele fez 4 e está na vice-artilharia da série B.



° O Guarani continua a dar vexame.Ontem foi a vez do Vila Nova vir a Campinas e em pleno Brinco de Ouro, depois de sofrer muitos ataques no primeiro tempo e nenhum gol, sair daqui com 3 inesperados pontos na bagagem, na estréia do técnico Hélio dos Anjos. O Bugre, que começou o campeonato mais ou menos regular, empatando com o Sport, mas vencendo o Vitória na Bahia, amargou a 4ª. partida sem vitória (perdeu para a Lusa por 3 a 2, no Canindé, depois foi derrotado pelo Americana, em Campinas, de virada, por 2 a 1, obteve um empate em jogo horroroso, com o não menos horroroso time do Bragantino, em Bragança, num melancólico 0 a 0 e ontem, mais uma vez, perdeu, para a equipe de Goiás. Conclusão: despencou na tabela, ocupando agora a 13ª. posição, a menos de 20 dias do Dérbi.


° O ambiente no Brinco, depois do jogo de ontem, era sombrio. Torcedores insatisfeitos, xingando a Diretoria, o técnico Wilson Tadei, os jogadores. A má campanha tinha que estourar em alguém e  estourou: o técnico Tadei foi demitido após a partida;


° Não vou fazer a defesa de Tadei, porque acho que nos últimos jogos ele foi muito mal, mudando frequentemente esquema de jogo, sem que nenhum deles surtisse efeito, ou conseguisse dar ao Bugre, alguma consistência ou padrão de jogo.  Mas o problema do Guarani não é apenas o Técnico. Jogadores que antes luziam, vão muito mal. É o caso de Fabinho, que mais uma vez foi figura apagada no ataque, sendo completamente dominado pelos zagueiros grandalhões. Fernandão, que nos primeiros jogos foi muito bem e deu alento aos torcedores no sentido de que finalmente chegara um bom centroavante, grande e bom cabeceador, e, de quebra com bom domínio de bola, além de virtude de visão e boa assistência aos companheiros, parece que desaprendeu. Perdeu um pênalti outro dia, não fez boa partida em Bragança, nem contra o Americana, nem ontem. Não se encontrou em momento algum com Fabinho;


° No meio de campo, tirante a luta de Lucas, um  bom destruidor, mas péssimo no passe, e a correria de Dadá, nenhum dos jogadores que entram tem resolvido. O meia Felipe não vem bem e o melhor jogador do Bugre, Jefferson Luis, vindo de contusão, não reencontrou ainda o seu melhor futebol. Resta Rodrigo Paulista, que também se revelou bom jogador na campanha de acesso à Primeira Divisão do Paulista, mas não tem tido a preferência do treinador para entrar como titular. 


° Ontem, o Bugre jogou sem laterais, pois os que foram escalados, eram meio-campistas. E reservas. O time embolou  povou, povou o meio de campo, foi lento,desarticulado, facilitou a marcação do adversário e as chances que foram criadas foram desperdiçadas pela má pontaria dos atletas. E o pessoal treina a semana inteira para acertar, pelo menos aqueles 7 metros de gol.  E Emerson, infeliz no retorno, podia muito bem ter evitado aquele gol que tomou por estar ligeiramente adiantado. Quando a  maré é ruim, tudo dá errado;


° O Bugre, me conta o pontepretano Ricardo Ortiz, advogado, amigo e seguidor deste blog, já tem novo treinador. Trata-se de GIBA, que mais uma vez assume o Guarani com a incumbência de dar padrão a um time que ainda não convenceu ninguém de que é capaz de ter pretensão de acesso à Primeira Divisão do Brasileiro e começa a preocupar até sobre se tem competência para fugir do rebaixamento. Será que o calvário bugrino do sobe-desce vai continuar?


Boa noite e até amanhã.



terça-feira, 28 de junho de 2011

O VÁCUO LEGISLATIVO E O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - BUGRE 100 ANOS

Boa noite amigos,
Notícia que movimentou esta semana não só os meios jurídicos e empresariais, mas todas as camadas sociais,  foi o julgamento, no Supremo Tribunal Federal, de quatro mandados de injunções (ns. 943, 1010, 1074 e 1090), nos quais empregados da Vale  pediam a regulamentação do dispositivo da Constituição de 1.988, que assegura aos trabalhadores em geral, dentre outros direitos, o do aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, de no mínimo  30 dias, nos termos da lei (artigo 7º, XXI). O julgamento, apesar de suspenso a pedido do Ministro Gilmar Mendes, mostrou a disposição dos Ministros integrantes da Corte Maior, de disciplinar o tema, suprindo a ausência da lei. Desde o advento da Carta Constitucional de 1.988, tem  o Supremo Tribunal Federal, de maneira geral,  no julgamento de mandados de injunções ou ações declaratórias de inconstitucionalidade por omissão, se limitado ao reconhecimento do vácuo legislativo, comunicando o órgão competente para que providencie a  edição da lei. Mas, em época não muito distante, a Suprema Corte já havia regulamentado dois outros direitos assegurados na Constituição, dependentes de lei, que não foi votada até agora, a despeito dos 23 anos decorridos de sua vigência. No Mandado de Injunção n. 708, determinou a aplicação da Lei n. 7.783 de 28 de junho de 1.989, que trata das condições de greve no setor privado, para regular a grave dos servidores públicos, à míngua de regulamentação do artigo 37, inciso VII, da Constituição. E no Mandado de Injunção n. 721, Relatado pelo  Ministro Marco Aurélio, mandou aplicar o Regime Geral da Previdência Privada, a uma trabalhadora que pedia o reconhecimento do tempo de  serviço executado em condições de insalubridade, fazendo efetivo para ela o disposto no § 4º do art. 40 da CF.  E quem não se lembra da regulamentação do uso das algemas nos meios policiais e judiciários e bem assim, tema de maior impacto ainda, relacionado com  a vedação do nepotismo direto ou cruzado em todas as esferas da administração pública do país? Juristas, políticos, empresários e cidadãos comuns opinaram a respeito. Os Ministros do Supremo, em geral, criticaram a lenta e ausente atividade do Congresso e, a despeito de considerarem ideal que toda a disciplina normativa deva se originar da lei, como atividade inerente ao Legislativo,  invocaram a obrigação de julgar os pleitos que à Casa de Justiça chegam, de maneira adequada, atentando para os princípios constitucionais, em nome da efetividade dessas garantias. Acontece que ao decidir como decidem, os Ministros criam precedente judiciário, mesmo que o efeito declarado não passe das partes, como acontece no mandado de injunção. É que  não se trata de precedente qualquer, mas precedente do maior Tribunal do país. O de instância constitucional e, pois, do que dá a última palavra a respeito. Tem mais: com a Súmula Vinculante, os Ministros do STF estabelecem limites e restrições a todas as instâncias do Judiciário do País, que já não podem interpretar a lei, nem julgar na lacuna da lei, sem observância do ponto de vista que gerou a súmula. No caso do nepotismo, logo em seguida ao julgamento, o Conselho Nacional de Justiça determinou a observância das regras estabelecidas pelo Supremo, em todos os Tribunais Federais e Estaduais, inclusive os Tribunais de Contas. O mesmo se cobrou dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. E por efeito de simetria, das Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores. Note-se que a própria Constituição Federal estabelece mecanismo de ação para o particular que se sinta prejudicado em face da omissão de atividade legislativa regulamentadora. Trata-se do mandado de injunção que se presta a acionar o Judiciário para que, constatando a ausência de lei regulamentadora de direito fundamental assegurado na Carta Magna, que torna inviável o exercício das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania (art. 5º, LXXI),  determina que o Congresso legisle a respeito. Não há, porém, prazo estabelecido para esse efeito.  E a determinação do Supremo não vinha, nem vem surtindo os efeitos esperados, porque também não há sanção alguma pela inobservância, senão propriamente simples advertência para as consequências da falta dessa legislação. Agora, embora não tendo estabelecido as regras que orientarão essa proporcionalidade, o Supremo já acena que vai estabelecê-las, em face da omissão,  já havendo algumas  sugestões a respeito. Ontem, proferindo palestra aqui em Campinas, o Ministro Gilmar Mendes falou abertamente sobre o assunto, reafirmando que a competência de fazer a lei é do Congresso, no âmbito do qual existem nada mais, nada menos do que 50 projetos de lei sobre o assunto. E rematou, asseverando que o Supremo só está discutindo isso porque essa matéria não foi regulada no tempo devido no Congresso. Por fim,  obtemperou  que a crítica dos parlamentares no sentido de que o Judiciário estaria pressionando o Congresso, ao ameaçar normatizar esse e outros temas, não deve ser dirigida ao  Supremo, mas à própria Constituição Federal que criou esse mecanismo. Certo é que,   alardeia-se entre alguns operadores de Direito, cuidar-se de  prática que equivale a usurpação de poder, colocando em risco a independência e harmonia entre os Poderes.  Mas se se trata de usurpação de poder é questão discutível. Não se pode ignorar que a Constituição Federal de 1.988, ao criar o Estado Social, em oposição ao Estado Liberal de antes, criou mecanismos para defesa intransigente das garantias constitucionais do cidadão, inclusive em face do próprio Estado, incluindo o Estado legisferante. Ora, se é certo, entre  os doutos em Direito Constitucional, que o Estado não viola os direitos e garantias fundamentais  apenas por meio de ação ou atos comissivos, como também quando nega, por omissão, a possibilidade de exercício de direito garantido pela Carta Magna,tanto que esta prevê, além do mandado de injunção, a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (cf. art. 103, § 2º), com razão  a corrente, que pouco a pouco ganha força, que defende a possibilidade do Supremo Tribunal Federal, não só constatar a omissão, como a de legislar no vácuo, no exercício de um chamado “poder normativo supletivo” que lhe foi  conferido pelo próprio Poder Constituinte. Não há outra leitura possível, sem que se reconheça a absoluta inocuidade da atividade de controle, pela Suprema Corte, da efetividade dos direitos conferidos  pela Carta Magna, de que o Supremo é guardião, se o sistema constitucional não conferisse realmente instrumento hábil ao gozo do direito,  no caso de reiterada omissão do Legislativo, por tempo injustificável. Aplausos ao Supremo que com a coragem de tornar efetiva essas garantias, pune um Legislativo inadimplente, e garante a presença do Estado na tutela dos direitos constitucionais.
GUARANI – 100 ANOS.
O décimo sexto jogo do Bugre pelo Campeonato Brasileiro de 1.978, marcou o segundo encontro do alviverde campineiro com o Vasco da Gama do Rio de Janeiro, naquele torneio. O primeiro foi na estréia e o Guarani amargou uma derrota de 3 a 1, em pleno Brinco de Ouro, para o time do então centroavante Roberto Dinamite. Desta vez, jogando no Estádio de São Januário no Rio de Janeiro, na quarta-feira 07 de junho de 1.978, às 21,00 horas,  o Bugre, mesmo perdendo por 2 a 0 no primeiro tempo, chegou a  merecido empate na etapa complementar em 2 a  2. No apito o árbitro baiano Saul Mendes. O público presente foi de 2.328 pagantes, para uma renda de Cr$74.490,00. Os gols foram marcados por Zanatta e Paulinho, para o Vasco, aos 27 e 33 minutos, respectivamente, do primeiro tempo. Careca anotou os dois gols bugrinos, aos 4 e 45 minutos da etapa complementar. O Vasco, do técnico Orlando Fantoni, jogou com Mazzaropi, Orlando, Marcelo, Gaúcho e Marco Antonio; Zé Mário, Paulo Roberto (Hélinho) e Zanatta; Guina, Paulinho e Ramon. O Guarani, do técnico Carlos Alberto Silva,  jogou com João Roberto, Mauro, Silveira, Edson e Miranda; Zé Carlos, Renato e Zenon (Manguinha), Capitão, Careca e Macedo (Gersinho).
Até amanhã.

sábado, 25 de junho de 2011

JULIANA CAYMMI E O PROJETO MULHERES DO SAMBA - ELEIÇÃO DE JOSÉ HENRIQUE TORRES



Oi amigos:

Ao lado, foto da simpática cantora, Juliana Caymmi, neta de Dorival Caymmi e filha do músico, Danilo Caymmi, que esteve em Campinas, no último dia 17 de junho, participando do projeto “Mulheres do Samba”, que vem sendo implementado, com sucesso, no Tonico's Boteco  (Rua Barão de Jaguara, n. 1.373, Centro, Campinas (SP), fone (19) 3236-1664, e.mail: tonicos@tonicos. com.br, site: www.tonicos.com.br, pelo seu dinâmico proprietário, o empresário Paulo Henrique (na foto com a artista). Juliana chegou no horário, foi amável com todos e confidenciou estar extremamente nervosa com a apresentação em Campinas. Não havia razão. Foi para o palco e se houve muito bem, demonstrando talento e a garra, adjetivos que caracterizam a família Caymmi (Dorival, Nana, Dori e Danilo, dentre outros). E mostrou ainda muito samba no pé. A noite foi de samba redondíssimo, regado à caipirinha ou, no meu caso, à cerveja geladíssima, com diversas opções no cardápio, para tira-gosto (ou, como diria, meu amigo Desembargador José Augusto Marin, engasga-gatos), como frango à passarinho, salgadinhos variados, provolone à milanesa, torresmo e outros quitutes. Dentre os presentes, o advogado, grande companheiro, sambista de primeira linha e seguidor deste blog,  Thiago Vasconcellos de Souza; o torcedor símbolo do Bugre, Bozó, bem mais gordinho do que o de costume e o afinadíssimo cantor Diego Moraes, vice-campeão do programa Ídolos e que vem realizando carreira no Rio de Janeiro, onde reside atualmente. Diego prometeu bater um papo sobre sua vida e carreira, no dia que combinarmos. O projeto continua agora no mês de julho, sempre às 6as. feiras e já é enorme sucesso. É importante fazer reserva, porque se você chegar na hora, corre o risco de ficar sem mesa.

JOSÉ HENRIQUE TORRES E ELEIÇÃO NA AJD

O grande amigo, ilustre Juiz de Direito, jurista consagrado e requisitado, José Henrique Torres foi eleito no último dia 31 de maio, Presidente do Conselho Executivo da Associação Juízes para a Democracia (AJD). Trata-se de uma associação de juízes e juízas de todo o Brasil, estaduais, federais e trabalhistas, que não têm objetivos corporativos, mas compromissos com os princípios democráticos, com a garantia dos direitos humanos, com a independência judicial e com a aproximação da Magistratura dos movimentos sociais emancipatórios. Quem quiser conhecer melhor a dinâmica entidade entre no site www.ajd.org.br  Parabéns ao Zé Henrique, com o nosso desejo de feliz e profícua gestão.
Até amanhã e bom final de semana.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

NEY MATOGROSSO - INCLASSIFICÁVEIS

Boa noite amigos.
Sexta-feira de inverno, não tão frio, intercalada entre o feriado de quinta e o final de semana. Para quem não foi para a praia, montanha, ou para o interior, numa dessas estâncias tão badaladas, especialmente para o pessoal de terceira idade, o jeito foi ficar em casa mesmo, curtindo a casa e os familiares. Ler um bom livro ou ver um filme, ou ainda preparar um bolo de fubá para o café da tarde, é sempre um programa benvindo. Aproveitei para corrigir provas e ao mesmo tempo ver um DVD que ganhei há muito tempo, mas até agora não tive tempo de ver. Gravado no Canecão em janeiro de 2.008, durante temporada do artista, INCLASSIFICÁVEIS, do show homônimo, mostra um NEY MATOGROSSO maduro e versátil.

INCLASSIFICÁVEIS
Acima foto da capa do DVD, do talentoso fotógrafo,  Ary Brant. O DVD e o CD não poderiam ter um nome mais pertinente para o caso do show: Inclassificáveis, uma das músicas selecionadas e cantadas por Ney, de autoria de Arnaldo Antunes, que participa também do projeto e que fala do povo que restou da nossa civilização miscigenada: "Aqui somos mestiços mulatos/ Cafuzos pardos tapuaias tupinamboclos/ Americarataís Yorubárbaros/ Somos o que somos/ Inclassificáveis? O projeto junta músicas do passado e do presente, do que se poderia chamar de brega ou de chique, de vários compositores e estilos. Em suma: uma seleção inclassificável também  do ponto de vista de qualquer escola musical. De Cazuza a Marcelo Camelo. De Edu Lobo e Chico Buarque a Jair Oliveira, de Itamar Assumpção  a Claudio Monjope, dentre outros, Ney de certa forma volta ao seu estilo originário, abandonado em determinado período em que o cantor preferiu interpretar compositores consagrados, de cara limpa e roupa comum, no palco.  No espetáculo,  Ney retorna com sua exótica figura, dos  bons tempos de Secos e Molhados, vestindo figurinos de Ocimar Versolatto, com direito a muito paetês e lantejoulas, sobre o esguio corpo conservado de nada mais, nada menos do que  70 anos. No palco brinca, brilha, canta e encanta. Não perde em momento algum a sensualidade. Ney, sem dúvida, é um magnífico cantor, com muitas possibilidades, mas sua música, no palco, é mais rica e  intensa, por causa da coreografia e da força da presença cênica. Um cantor-ator ou um ator-cantor, como queiram. A direção do espetáculo é do próprio Ney e a produção de João Mário Linhares. Emílio Carrera, que foi colaborador nos tempos do conjunto, também presta contribuição ao projeto. Registre-se, ainda, a presença de uma banda jovem que enriquece o espetáculo, inclusive pelos arranjos feitos para várias composições. São eles: DJ Tubarão (percussão e pick up), Felipe Roseno (percussão), Júnior Meirelles (guitarra, violão e vocal), Carlinhos Noronha (baixo e violão), Emilio Carrera (piano, teclado e direção musical) e Sérgio Machado (bateria). Do velho e saudoso amigo Cazuza e parceria com Frejat, Ney começa o espetáculo com o TEMPO NÃO PÁRA    e termina com PRO DIA NASCER FELIZ,  interpretado com alegria saltitante e arrancando aplausos efusivos da platéia. No meio do show, mais Cazuza (Ezequiel Neves/Frejat): PORQUE A GENTE É ASSIM. É forte e personalíssima a interpretação de Ney para o popular UM POUCO DE CALOR de Dan Nakagawa, música de trabalho do CD na ocasião do lançamento, e que a gente não evita cantarolar com ele, o repetido refrão /Meu Carro que não quer mais pegar/ E a noite que não quer terminar/ Onde está você meu amor/ Eu preciso de um pouco de calor/  e para o contagioso e otimista,  SIMPLES DESEJO, de Jair Oliveira e Daniel Carlomagno, popularizado na voz da filha de Jair Rodrigues, Luciana Mello: /Legal ficar sorrindo à toa, toa/ Sorrir pra qualquer pessoa/ Andar sem rumo na rua... Hoje eu só quero que o dia termine bem/ O palco se transforma em ambiente circunspecto e apreensivo para ODE AOS RATOS, de Edu e Chico, que Ney interpreta com sincera emoção e profunda seriedade, acompanhado pelo magnífcio arranjo feito especialmente para a canção. Tem mais: CAVALEIRO DE ARUANDA (Tony Osanah), CORAGEM CORAÇÃO (Cláudio Monjope/Carlos Rennó). De Carlos Rennó outra música: LEMA, em parceria com Lokua Kanza. E de Iara Rennó (Alice Ruiz), LEVE.  Notabilizado pela escolha de repertório de bom gosto, não poderia faltar a música inconfundível de Itamar Assumpção, de quem Ney empresta duas das obras musicais. O belíssimo OUÇA-ME e EXISTEM COISAS NA VIDA (Existem coisas na vida/ Que até Deus Duvida....). Em MENTE, MENTE, de Robson Borba, Ney se debruça sobre o divã, vira, revira e suscita suspiros da platéia. Uma platéia que vê, em certa altura do show, o seu ídolo descer do palco e dançar por entre as mesas, concedendo aos espectadores, olhares próximos intimistas e provocadoramente sensuais. Na regravação de DIVINO MARAVILHOSO, uma espécie de hino da Tropicália dos anos 70, em nada Ney lembra o tom forte e agressivo com que a canção ficou marcada na memorável interpretação raivosa de GAL COSTA: /É preciso estar atento e forte/ Não temos tempo de temer a morte/ É forte sim, porque a interpretação de Ney é sempre forte, mas é mais suave na transmissão da mensagem. Não há revolta, não há desafio, não há mais ditadura, nem ameaça, também. Há mais  conselho, mais ternura. Ah, ouvir VEJA BEM, MEU BEM, de Marcelo Camelo, na voz  de Ney, depois da consagrada gravação de Maria Rita, é muito bom,  sem fazer comparações. Enfim, um DVD (em se tratando de Ney é melhor o DVD do que o CD, pelas razões que já enfatizei), que traz um espetáculo variado, de um artista indiscutivelmente talentoso e autêntico, com aquela presença cênica marcante e cheia de contrastes, cantando músicas de boa qualidade, com estilo próprio. Um inclassificável que pode ser classificado como bom. De bom para ótimo.

Até amanhã.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

SANTOS F.C. O TRICAMPEÃO EXEMPLAR

Boa noite amigos,

O Santos F.C., com a vitória convincente de ontem, de 2 a 0,  sobre o tradicional Peñarol do Uruguai, é tricampeão da Copa Libertadores da América, o principal torneio sulamericano entre clubes. Iguala-se ao São Paulo Futebol Clube, o único clube brasileiro que até então tinha obtido 3 títulos do Torneio, e eleva o número de campeonatos do Brasil, que agora tem 15 títulos, contra 22 dos argentinos. Mais do que essa marca, alguns aspectos precisam ser ressaltados. O técnico Muricy Ramalho finalmente obtém um título que não constava de seu excelente currículo, transformando-o, à unanimidade, acredita-se, no melhor técnico em atividade hoje no futebol brasileiro. Em menos de 3 meses, só com o Peixe, ganha dois campeonatos: o Paulista, de 2.011 e a Copa Libertadores. Dir-se-ia que com esse time do Santos, com Neymar, Ganso e Cia. é tarefa fácil chegar a títulos. Não é. O futebol não vive apenas de craques. Basta ver como jogava o Santos antes da chegada de Muricy e como ele deu padrão ao time, que praticamente não mais perdeu. Ontem, Muricy respondeu àqueles que criticam o seu trabalho, considerando-o um técnico covarde e retranqueiro. Disse que não se trata de armar time para jogar defensivamente e que o segredo de qualquer time vencedor é a manutenção do equilíbrio nos três setores. Tem razão. Não importa se você joga num 4-3-3 tradicional ou num 4-4-2. Se joga com dois volantes e um meia, ou com um volante e dois meias. O esquema de jogo é um detalhe importante, mas não é tudo. Relevante é o trabalho que considera as características de cada jogador. Que exige de cada um deles o máximo que pode dar. E que respeita o adversário, em qualquer circunstância. Essas são qualidades de Muricy e que unidos ao talento dos Meninos da Vila, conferiram um título importante para o futebol brasileiro. O Santos de ontem lembrou um pouco o Santos de Pelé, Coutinho e Pepe. A presença e a torcida do maior jogador da história do futebol, que chorou como um jovem adolescente com a conquista, brincou e abraçou Neymar, a quem considera o seu possível substituto, foram marcas importantes, em imagens mágicas que rodaram  o Mundo. Impressionante também a competência da atual e da anterior Diretoria do Santos, que conseguiu dar extrema estabilidade ao clube e ao time, em todos os aspectos. E também a faceta  de manter, apesar das pressões vindas de todos os lados e das irresistíveis ofertas dos hoje não tão ricos clubes europeus, os seus dois maiores ídolos, Neymar e Paulo Henrique Ganso. A tarefa agora é conseguir mantê-los para a Copa de 2.014, discurso que o Presidente já ensaiou e ganhou eco entre os torcedores e a mídia. Será? Se não for possível, também, não importa. O Santos hoje é um exemplo para os outros clubes brasileiros e a grande esperança de que  a Confederação Brasileira de Futebol efetivamente invista nos clubes e não apenas na Seleção Brasileira. Sem as federações e os clubes, o futebol brasileiro não teria ganho todos os títulos que ganhou, nem o prestígio que tem. Ontem, a imprensa noticiou que o Barcelona, ao promover o jogo amistoso que fará em 22 de julho com o Internacional de Porto Alegre, citou o que considera os clubes tupiniquins de primeira linha. E dentre eles ignorou o Cruzeiro, o Atlético Mineiro, o Fluminense e, pasmem, até o Corinthians Paulista, o dono da segunda maior torcida do país. E talvez a mais apaixonada de todas.   É tempo de revisão de conceitos e praxes dos cartolas que se eternizam no comando da CBF. Esse título do Santos que agora promove e estimula o encontro entre o clube brasileiro e a grande sensação do futebol mundial, o Barcelona de Messi e Cia., na Copa Mundial no Japão, em dezembro, talvez seja o marco para que os times brasileiros possam ser poderosos, tenham recursos e administração adequados e sejam respeitados no cenário mundial, como são os clubes espanhóis, italianos, ingleses, franceses e até portugueses.

Até amanhã.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA E A VEZ DO SANTOS


Boa noite amigos,

A Copa Libertadores da América é uma competição realizada pela Confederação Sul-Americana de Futebol, reunindo equipes de dez associações sul-americanas, além do México. O campeão garante uma vaga na Copa do Mundo de Clubes da FIFA, disputado no Japão, no mês de dezembro, salvo se for uma equipe mexicana, que só se classifica para o Mundial de Clubes pela Liga dos Campeões da CONCACAF, abrindo, assim, vaga para o time vice-campeão, se for de outro país.
A Libertadores teve início no ano de 1.960 e está na sua 52ª. Edição.  É o campeonato sul-americano mais importante atualmente.

OS ARTILHEIROS 

Daniel Ortegaz,  do River Plate da Argentina,  é o maior artilheiro da competição, com 17 gols., na edição de 1.966. Os vice-artilheiros são Luizão, do Corinthians- Brasil (2.000) , Sérgio João, do Bolivar-Bolívia,  (1998)  e Norberto Raffa, do Racing Club-Argentina (1.967), todos com 14 gols.
                                                                  OS TÍTULOS

O país grande campeão do Torneio é a Argentina, com vinte e dois títulos. Tem também o clube com o maior numero de títulos, o Independiente, com 7 campeonatos. O Brasil tem 14 títulos, 3 com o São Paulo, 2 com Internacional, Cruzeiro, Grêmio e Santos e 1 com Flamengo e Palmeiras. Abaixo os clubes, seus distintivos e os anos em que foram campeões do Torneio.

INDEPENDIENTEBOCA JUNIORSPEÑAROL
(Argentina)(Argentina)(Uruguai)
765
1984 - 1975 - 1974 - 19732007 - 2003 - 20011987 - 1982 - 1966
1972 - 1965 - 19642000 - 1978 - 19771961 - 1960
...
ESTUDIANTESSÃO PAULOOLIMPIA
(Argentina)(Brasil)(Paraguai)
433
2009 - 1970 - 1969 - 19682005 - 1993 - 19922002 - 1990 - 1979
...
NACIONALINTERNACIONALCRUZEIRO
(Uruguai)(Brasil)(Brasil)
322
1988 - 1980 - 19712010 - 20061997 - 1976
...
RIVER PLATEGRÊMIOSANTOS
(Argentina)(Brasil)(Brasil)
222
1996 - 19861995 - 19831963 - 1962
...
LDUONCE CALDASPALMEIRAS
(Equador)(Colômbia)(Brasil)
111
200820041999
...
VASCOVÉLEZ SARSFIELDCOLO COLO
(Brasil)(Argentina)(Chile)
111
199819941991
...
ATL NACIONALARGENTINOS JRSFLAMENGORACING CLUB
(Colômbia)(Argentina)(Brasil)(Argentina)
1111
1989198519811967
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GUARANI 100 ANOS

Embora o assunto hoje seja a Copa Libertadores da América, há ensejo para homenagear o Bugre de Campinas, no seu centenário. É que na edição de 1.979 da Copa Libertadores, o Guarani, que tinha sido campeão brasileiro de 1.978 e disputou o campeonato, como um dos representantes do Brasil, não venceu, mas fez o artilheiro da competição naquele ano. Trata-se do centroavante Miltão, que, ao lado de J.J. Oré, do Universitário do Chile, terminou como artilheiro, com 06 gols. Grande Bugre!

O SANTOS DE NOVO

O Peixe, que já tem dois títulos do importante Torneio, disputa hoje no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, a final com o Peñarol do Uruguai. Todo o Brasil estara torcendo por Ganso, Neymar e Cia., os chamados Meninos da Vila, esperando que amanhã haja comemoração de mais um título para o Santos e o 15º para um clube brasileiro. Dá-lhe Santos.

Até amanhã.

terça-feira, 21 de junho de 2011

O EMPRESÁRIO DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRL)


Caros amigos:
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, aprovou o projeto de lei  n. 18/2011, do Deputado Marcos Montes (DEM-MG),  que, modificando o Código Civil Brasileiro no livro concernente ao Direito de Empresa, acrescenta ao artigo 980 o 980-A. O dispositivo dá origem à chamada  empresa individual de responsabilidade limitada (EIRL). O projeto agora, já  aprovado anteriormente na Câmara dos Deputados, nem precisará ir ao Plenário do Senado, pois não houve recurso da decisão da Comissão e segue para sanção da Presidenta da República, Dilma Roussef. A criação dessa figura denominada impropriamente empresa individual de responsabilidade limitada  (melhor seria ter adotado a nomenclatura de sociedade unipessoal de responsabilidade limitada, como no direito francês), supre uma lacuna importante na legislação brasileira, pois confere ao empresário individual, a possibilidade de explorar o seu objeto mercantil, na qualidade de  pessoa jurídica, com patrimônio próprio e independente de sua pessoa física.  Não há praticamente dissidência quanto aos benefícios que a nova lei trará.  Do lado do empresário, constituirá incentivo pela vantagem conferida àqueles que pretendem, em nome próprio, exercer o comércio, sem comprometer seu patrimônio pessoal e familiar, afastando, outrossim,  o inconveniente da produção de  sociedades fictícias, como por exemplo, entre marido e  mulher na constância do casamento, ou  aquela em que um dos sócios ou acionistas fica com 90 a 99 por cento das quotas ou ações, enquanto ao outro (que só empresta o nome para permitir a configuração de sociedade com personalidade jurídica independente e que, via de regra, não passa de empregado ou preposto, ou parente), se atribui participação ínfima (de 2 ou 1 por cento), no capital social. Embora se saiba que essa praxe existe (e existe no mais das vezes justamente para suprir a ausência de uma sociedade unipessoal desatrelada da vida e do patrimônio do empresário),  e que o tal sócio minoritário não gerencia e, também, ordinariamente, nem sabe dos negócios sociais, há ponderável parcela da jurisprudência, especialmente na área trabalhista, que não titubeia em determinar,  em casos de dissolução irregular, a penhora em bens pessoais também desse sócio aparente, criando situações de verdadeira injustiça e constrangimento.  De qualquer forma, o Código Civil em vigor traz um estranho art. 978, no capítulo de direito de empresa, cuja inteligência e eficácia só poderão ser verificadas agora, com o advento da lei que cria a figura do empresário individual de responsabilidade limitada. Diz o tal dispositivo: “O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real”. Ora, como se sabe, o comerciante ou empresário individual que, nessa qualidade, explore determinada empresa, não é considerado (senão para fins de mera apuração de tributo separado relativo ao imposto de renda), pessoa jurídica, com personalidade e patrimônio próprios no Direito Brasileiro. Logo, o seu patrimônio individual se confunde necessariamente com o patrimônio social. Daí a estranheza do dispositivo que, na atual conjuntura, conflita literalmente com outros, do próprio Código Civil, relativos ao Direito de Família, como o art. 1.647, I, que não permite a qualquer dos cônjuges, salvo no regime da separação absoluta, alienar ou gravar de ônus real, os bens imóveis, sem a outorga do outro. Ademais, o disposto no art. 978 não pode ser instrumentalizado, pois de que maneira, na atual sistemática do registro público, se poderá separar os bens pessoais ou do casal do empresário, dos bens da chamada “empresa”, e que supõe sejam aqueles especializados de alguma forma, para garantir o giro social e a responsabilidade perante os credores?  Assim, com a lei que atribui ao empresário individual a qualidade de  pessoa jurídica de responsabilidade limitada, será possível solver essa lacuna legal e que tornava e torna inoperante, por enquanto, o disposto no art. 978 do Código Civil, diante da circunstância de que inexiste no nosso direito,  separação de personalidade e patrimônio do empresário individual, de sua personalidade civil e de seu patrimônio pessoal. E nem se argumente que tal possibilidade abrirá portas para o abuso da personalidade, pois, a exemplo do que ocorre com as sociedades mercantis ou empresárias, poderá o Juiz, a todo tempo, diante da evidência de abuso de personalidade ou confusão patrimonial, desconsiderar, também em relação ao empresário de responsabilidade limitada, a personalidade jurídica própria, para que a execução alcance os bens de seu patrimônio pessoal e particular.

Até amanhã.

Atualização: Em 11 de julho de 2.011, a Presidente Dilma Roussef sancionou o projeto de lei em questão, que se transformou na Lei n. 12.441/11. A Lei acrescentou o inciso VI ao artigo 44, o artigo 1.033 ao livro II da parte especial e alterou o parágrafo único do artigo 1.033, todos do Código Civil Brasileiro (Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2.002.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A DEPRESSÃO E RODADA DO FIM DE SEMANA NO ESPORTE

Caros amigos:

A depressão não é um simples estado de espírito, não é algo que tenha explicação lógica, nem se confunde com os momentos tristes pelos quais passamos inevitavelmente durante a vida. A depressão é uma doença. Por isso é indispensável que se crie consciência disso, quando se pretende auxiliar o parente, amigo, marido,mulher, namorado, filho, depressivos. É surpreendente mesmo para nós supostamente cultos, saber que determinada pessoa é depressiva. Mas como? Essa pessoa é uma  pessoa de sucesso, de bem, tem boa família, alegria, dinheiro, tudo. Não dá para entender. São as questões que normalmente se ouve. Costuma-se também tratar o depressivo como um fraco, e ele próprio tem essa sensação, principalmente se for homem.   Ou então perguntamos: Porque você está depressivo? Qual o motivo? O que aconteceu? Outra bobagem. Procuramos na vida encontrar explicações lógicas para tudo. Sim, as nossas tristezas, nostalgias e melancolias podem ser motivadas por um acontecimento qualquer, como o desfazimento de um casamento ou de um romance, a morte de uma pessoa querida, a perda de um emprego ou de soma em dinheiro. Mas a depressão,não. A depressão não precisa ter causa, e normalmente não tem. A depressão é uma doença sem etiologia definida, de caráter geralmente hereditário e como tal deve ser entendida e tratada. OK?. Quando queremos ajudar o doente  e facilitamos alguma coisa, na esperança de que ele melhore e não há resposta imediata, perdemos a paciência e julgamos que é má vontade dele, que não se dispõe a sair, a passear, a trabalhar, a namorar, enfim, a qualquer daquelas sugestões que supomos vá resolver o problema daquela aguda e interminável “tristeza”, sem causa aparente, ou de causas difusas e desconhecidas. Não, não é assim. É preciso tratamento.  Uma somatória de terapia e medicamentos, dependendo de cada caso e de cada doente. Meus respeitos ao depressivo. Não tenha vergonha disso. Cuide-se, sempre, consultando psiquiatras experientes e honestos que indicarão  as melhores terapias e os mais modernos e potentes medicamentos, se for o caso,  para manter a sua qualidade de vida.

A DEPRESSÃO E A CETAMINA
Caros amigos, trabalho publicado na conceituada revista Nature, por pesquisadores americanos, indica que um analgésico, a Cetamina, também produz efeito antidepressivo bem mais potente do que os demais antidepressivos disponíveis no mercado. A explicação estaria em que a cetamina exerce ação sobre um fator do cérebro que ajuda os neurônios a sobreviverem e formarem conexões entre si, consolidando memórias, por exemplo. A  cetamina, quando enjetada seria capaz de aliviar os sintomas de uma depressão forte, em questão de apenas duas horas, com efeitos durando cerca de duas semanas. Os antidepressivos tradicionais podem demorar semanas para fazer efeito. A conferir.

RODADA DE ESPORTE

Os clubes paulistas foram bem na rodada de fim de semana da Série B, à exceção de Bragantino e do Guarani que enfrentaram times do Estado e perderam. A Portuguesa, na 6ª. feira à noite, goleou o Bragantino, por 5 a 0, no Estádio do Canindé, em São Paulo, subindo na tabela e entrando no G-4,com 11 pontos. O Braga, que vai até aqui muito mal, continua nas últimas colocações, dentro da zona do rebaixamento para a série C, embora seja muito cedo para falar no assunto. O Guarani jogou bem o primeiro tempo, dominando completamente a partida da tarde de sábado, no Brinco, contra o Americana, mas inacreditavelmente sofreu derrota, de virada,  por 2 a 1. O Bugre marcou primeiro em grande jogada do centroavante Fernandão, que continua aplicado e causando muito boa impressão quanto ao acerto de sua contratação. Mas em dois lances esporádicos, um de bola parada, em cobrança de escanteio, aos 47 minutos do primeiro tempo e o outro num chute de fora da área do atacante Fumagalli (ex-Guarani), também aos 47 minutos,  mas do segundo tempo, sofreu o revés. Fernandão ainda bateu e perdeu um pênalti, assinalado em favor do Bugre, no começo da segunda etapa, quando o jogo estava empatado em 1 a 1. Não merecia a derrota e talvez nem o empate, sem demérito ao aplicado time de Americana. Mas o que vale é bola na rede e o resultado e, assim, depois de permanecer por 17 rodadas invicto, o Bugre, em menos de uma semana, sofreu dois revezes. Perdeu na 3ª. feira, no Canindé, para a Lusa, pelo placar de 3 a 2,  e sábado, em casa, por 2 a 1 para o Americana e agora é apenas o 11º na tábua de classificação. Não é caso, porém, de nenhum desespero, mas de acertar alguns detalhes que precisam ser corrigidos, especialmente a marcação no miolo da zaga,  nas bolas alçadas na área, e a proteção mais eficiente aos zagueiros, na cabeça de área, nas descidas dos laterais.  A Ponte Preta, sim, ganhou outra vez, agora fora de casa, do lanterna Duque de Caxias, na Baixada Fluminense e manteve-se na liderença da competição com 13 pontos.  E com dois gols do atacante Ricardo de Jesus, que agora já tem 7 gols no campeonato e ocupa a artilharia isolada do certame. A Macaca, a cada jogo, demonstra que não está no campeonato para brincadeira e quer somar todos os pontos que puder para atingir seu objetivo que é o acesso.  Na Série A, o São Paulo venceu o Ceará em Fortaleza pelo placar de 2 a 0, estabelecendo um recorde no campeonato brasileiro de pontos corridos (de 2.003 para cá), isto é, foi o único time que venceu os cinco primeiros jogos do campeonato, atingindo 15 pontos. E o grande herói desta vitória foi o goleiro Rogério Ceni que fez defesas milagrosas e defendeu um pênalti. E Lucas, que mais uma vez, em grande e rápida jogada, fez outro golaço e agora deixa o time para acompanhar a Seleção Brasileira, na preparação para a Copa América, na Argentina.  Um grande time, como diz o ditado, começa sim com um grande goleiro. O Palmeiras, do bom atacante Kleber e do reabilitado Luan (não é o cantor), que desacreditado pela torcida, vem realizando grandes partidas, decretou a maior goleada do campeonato até agora, vencendo, no Canindé (que parece ser agora a casa preferida do Verdão em São Paulo), o bom time do Avaí, pelo placar de 5 a 0. O Corinthians folgou, pois teve seu jogo com o Santos, adiado para agosto,tendo em vista que o adversário é finalista e fará, na 4ª. feira, a grande final da Taça Libertadores da América contra o Peñarol do Uruguai, em São Paulo.

Boa noite e até amanhã.




domingo, 19 de junho de 2011

O SANTOS F.C. E A VILA MAIS FAMOSA DO MUNDO

Bom dia amigos,

A homenagem hoje é ao Santos F.C., o nosso representante brasileiro na final da Taça Libertadores da América, cujo último jogo acontece na próxima quarta-feira, às 21,50 horas, no Estádio do Pacaembu. O primeiro jogo da final, disputado no Estádio Centenário, em Montevidéu, semana passada,  terminou empatado em 0 a 0 e se houver novo empate, haverá prorrogação e cobrança de pênaltis, não valendo o critério de desempate pelo número de gols marcados fora de casa, critério esse que vigorou durante todo o Torneio até aqui. Não há mais ingressos à venda e a torcida é para que o Peixe volte a faturar a Libertadores, depois de 48 anos (o último título foi em 63, quando  o Santos foi também campeão mundial). Ao lado, foto do Estádio Urbano Caldeira, mais conhecido como Estádio da Vila Belmiro, situado na Avenida Princesa D’Oeste, n. 77, em Santos, Estado de  São Paulo, e foi inaugurado em 12 de outubro de 1.916. Dez dias depois, no primeiro jogo disputado no estádio, o Santos venceu o time do Ypiranga, pelo Campeonato Paulista daquele ano, pelo placar de 2 a 1. O sistema de iluminação foi inaugurado em 1.931 e as dimensões do gramado, que conta com um ótimo sistema de drenagem, mais moderno e eficiente do que de muitos grandes estádios do país, são de 125 m. x 70, 5 m. O Santos é o clube mais importante do Brasil, fora das Capitais, sobretudo (mas não só por isso) pelo fato histórico de ter lançado o jogador Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, considerado o maior jogador de futebol de todos os tempos e  batizado de o Atleta do Século. Pois bem pela  Vila "mais famosa do mundo"  desfilaram vários atletas importantes no Brasil e no exterior,  além de Pelé,  como Pagão, Pepe, Pita, Coutinho, Serginho e mais recentemente,  Robinho, Ganso e Neymar.  O Estádio, na última recontagem pela CBF, em cumprimento ao Estatuto do Torcedor, tem capacidade para 21.256 espectadores, mas já recebeu, em vários jogos, mais de 30.000 torcedores.  O complexo da Vila Belmiro pode ser conferido, mediante visita agendada e compreende, além da visita ao Estádio, também ao Museu memorial de Conquista, onde se encontram todas as taças e títulos do Peixe, a sala de imprensa, o centro de Treinamentos e o  Hotel Recanto dos Alvinegros.
OS JOGOS DE MAIOR RENDA NA VILA BELMIRO.

Curiosamente, os cinco maiores públicos da Vila foram jogos nos quais o Santos não ganhou nenhum. Veja a relação:

 1º) 20 DE SETEMBRO DE 1.964 – SANTOS 0 X CORINTHIANS 0 Público: 32.989– Campeonato Paulista;

 2º) 15/02/1976 – SANTOS 0 X PALMEIRAS 5. Público: 31.662 – Torneio Governador do Estado de São Paulo;

 3º)  18 DE OUTUBRO DE 1.978 - SANTOS 0 X GUARANI 2. Público: 31.172 – Campeonato Paulista;

 4º) 15 DE MARÇO DE 1980 – SANTOS 0 X DESPORTIVA (ES) 0 – Público: 31.146 – Campeonato Brasileiro;

5º) 02 DE ABRIL DE 1.979- SANTOS 0 X PONTE PRETA 1. Público 30.779 – Campeonato Paulista.
Também curiosamente, dentre os cinco jogos com maior renda na Vila Belmiro, estão partidas contra os dois clubes aqui de Campinas (SP). Em 1.978, a derrota para o Guarani por 2 a 0,  e em 1.979, derrota para a Ponte Preta por 1 a 0. Importa lembrar, contudo, que o Guarani de 1.978, era aquele timaço que foi campeão brasileiro, com Zé Carlos, Renato, Zenon, Careca e Cia. E a Ponte de 79 foi vice-campeã Paulista e ainda conservava vários jogadores do timaço de 1.977, como Dicá, Wanderley, Oscar, Carlos e Cia. Vale também esclarecer que o Santos, apesar da derrota para o Guarani, foi o campeão paulista em 1.978, num campeonato bastante longo e esticado por causa da Copa de 78 e que só terminou no dia  28 de junho de 1.979. As finais foram contra o São Paulo. O título ficou com o Peixe pela melhor campanha. O artilheiro da temporada, também do Santos,  foi o centroavante Juary, com 29 gols.

 OS TÍTULOS MAIS IMPORTANTES DO PEIXE

o Santos foi campeão da Taça Libertadores da América nos anos de 1.962 e 1.963. Nos mesmos anos, na chamada era Pelé, venceu também o Campeonato Mundial, na época chamado de Campeonato Intercontinental. Foi 19 vezes campeão paulista e Campeão da Copa do Brasil em 2010. Tem também um título da Copa Conmembol de 1.998 e é bicampeão brasileiro, ficando com os títulos de 2.002 e 2.004.

 Bom domingo a todos e até amanhã.


quinta-feira, 16 de junho de 2011

LUZ NEGRA - FERNANDA TAKAI

Boa noite amigos,

Este CD, gravado ao vivo no Teatro Manoel Franzen de Lima, em Nova Lima,Minas Gerais, é o segundo da carreira solo da vocalista da Banda Mineira Pato Fu, Fernanda Takai. A música que dá nome ao CD (também há o DVD)  é Luz Negra, belíssima composição de Nelson Cavaquinho e que já teve inúmeras gravações antológicas, dentre as quais a de Eliseth Cardoso, Beth Carvalho e do inesquecível Cazuza.  O espetáculo, o DVD e o CD começam com a batida ao fundo de Mariá Portugal e a voz funda e longe da intérprete: /Sempre só/Eu vivo procurando alguém/ Que sofra como eu também/Mas não consigo achar ninguém/ A luz negra de um destino cruel/ilumina um teatro sem cor/Onde estou representando o papel/De palhaço do amor/. A inspiração de Fernanda é, sem dúvida, Nara Leão, a musa da bossa nova e que também transitou bem por outros movimentos da música popular brasileira e estrangeira,  com extremo bom gosto e aquela voz pequena e inconfundível. Aliás, no primeiro CD “Onde Brilham os Olhos Seus” (2007), Fernanda regrava canções que foram sucesso na interpretação de Nara. A idéia do álbum foi do compositor, produtor musical e comentarista, Nelson Motta, a produção de John Ulhoa e Direção Artística de João Augusto. O repertório é variadíssimo, contendo clássicos da música popular brasileira, como Insensatez de Jobim e Vinícius, Com Açucar e com Afeto, de Chico Buarque e o chorinho, Odeon, de Ernesto Nazaré/Hubaldo, versos de Vinícius de Moraes, e uma única composição de autoria da própria cantora, em parceria com John Ulhoa, 5 Discos: /Estive tantas vezes/Perguntando sem saber/Se havia algo errado/Me afastando de você/O silêncio respondido falhou/E me enganou... Há também canções que Fernanda sempre quis cantar, dentre as quais, Ben, sucesso na voz do cantor bailarino,   Michael Jackson,: /Ben, the two of us need look no more/ We both found what we were looking for/ With a friend to call my own/ I’ll never be alone…” Do paraense Pinduca, regrava um carimbó típico da região e que foi sucesso na voz e balanço de Eliana Pittmann, Sinha Pureza: / Vou ensinar Sinhá Pureza,/A dançar o meu sirimbó/Sirimbó que remexe, mexe/Sirimbó da minha vovó/Vou dançando, Sinhá Pureza/ Rebolando, pode requebrar/ Carimbó, sirimbó é gostoso/E gostoso em Belém em Pará.../ Apesar da semelhança com Nara Leão, é preciso destacar que Fernanda apresenta-se muito segura em relação ao seu confessado mito e não se confunde com ele. Ao contrário de Nara, de voz suave, mas claudicante, Fernanda mantém a suavidade na interpretação, sem perder a  voz firme e especiamente sensual. Suavidade e firmeza que não abandona nem mesmo quando canta o  samba clássico de Zé Keti, Diz que Fui por Aí.  Na faixa Você já Me Esqueceu, de Fred Jorge, sucesso na voz consagrada de Roberto Carlos,  consegue dar uma interpretação totalmente peculiar, que em nada lembra a do Rei, e ao mesmo tempo cheia de garra e  ternura. Digamos, visceral.  Completam o álbum  There Must Be  An Angel (Annie Lennox/David Stewart), Ordinary world (Nigel John Taylor/Joh Charles Le Bom), Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos, Kobune, uma interessante versão em japones de O Barquinho, de Menescal e Boscoli, e Trevo de Quatro Folhas (I’M Loking Over a Four-Leaf Clover) na versão de Nilo Sérgio. Os arranjos de John Ulhoa e Lulu Camargo, que também são responsáveis pela guitarra,violão e teclados, são excelentes e valorizam extremamente o tom de voz e a interpretação de Fernanda. Um álbum que mostra o estágio de maturidade da cantora,  e a  versatilidade da vocalista do Pato Fu (que não acabou, diga-se de passagem, nem perdeu Fernanda). Um disco gostoso de se ouvir em qualquer momento, estado de espírito  e ambiente.
Até amanhã.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

CONTOS - DOUTOR ROBERTO JACOB CHAIB

Boa noite amigos. Na pauta de hoje um conto ou uma crônica, não sei, sobre uma figura que foi marcante na minha adolescência e que reencontrei agora,  depois de muitos anos, embora o tenha encontrado eventualmente, ele como advogado, eu como Juiz, durante a minha judicatura em Campinas. Há muitos anos, porém, que não o via.  Trata-se do advogado Doutor Roberto Jacob Chaib:
"1.966. Estava eu feliz e ressabiado. Feliz por ter finalmente conseguido uma vaga como auxiliar no Cartório do 5º Ofício de Campinas, com apenas 13 anos de idade. Tinha batalhado por essa chance, porque queria fazer Direito e a oportunidade de trabalhar no Fórum, especialmente na área judicial, era extremamente importante no meu modesto projeto de vida. Ressabiado,  porque não tinha noção do que fosse um Cartório e suas funções. Nem da natureza dos serviços, nem da linguagem usada nas petições  pelos advogados, e nas sentenças pelos juízes. Fiquei na minha. O primeiro despacho que eu li dizia que era para devolver a carta precatória, “com as nossas homenagens”. E eu pensei logo que ia haver uma festa para entregar a tal precatória, vejam só! Nos primeiros dias surgiu, no horário de expediente, um advogado baixinho, de vastos bigodes e muito falante. Aproximou-se do balcão e gritou: - Quem é que vai me atender  cambada? Assustei com a figura exótica,  aos berros. Antes que alguém pudesse responder, o tal advogado abriu a portinhola que separava o balcão do ambiente interno, invadiu a área destinada aos nossos serviços, olhou para a minha cara e disparou: - Quem é você? Eu te conheço? Eu me encolhi e não sabia o que responder: Afinal quem era eu, mesmo? Um insignificante garoto de poucos dias de serviço e que não entendia nada de nada. Respondi, quase balbuciando: - Eu sou um funcionário novo aqui, meu nome é Jamil. E ele: - Grande coisa, o que você pensa que é aqui para me desafiar? E eu já quase chorando: - Não, não senhor, eu não sei do que o senhor está falando. Posso lhe ser útil? Sem responder nada, o tal baixinho endiabrado subiu num das mesas e começou a discursar: - Isto aqui não tem jeito, mesmo. Só fechando essa baiúca. Eu vou denunciar todos vocês na Corregedoria. Olhei para os meus colegas e superiores. Estavam todos tranqüilos, muitos riam. E eu sem entender nada. Foi um grande susto. Quase não voltei no dia seguinte para trabalhar. Mas meus colegas, calmos, algum tempo depois me explicaram que aquele era o Dr. ROBERTO JACOB CHAIB, um advogado militante na Comarca e que era muito brincalhão. Todos o conheciam ali. Menos eu.  Ano de 2.011.  No domingo retrasado, num varejão do Cambuí, encontrei-me com o Dr. Chaib e sua esposa. Ele continuava impecável. Baixinho, com vastos bigodes, terninho engomado,  sem cabelos brancos (suponho que os pinte) e com o mesmo senso de humor escrachado. Perguntei à mulher dele se ele estava bem de saúde. E ela me respondeu que sim, apesar do diabetes. E que contava 82 anos. Ele se aproximou. Olhou para mim e disse: - Como vai Doutor? Eu sorri e lhe respondi que ia bem. Não custou nada para, na presença do gerente do estabelecimento, ele vociferar: - Olha aqui seu coiso, você vai me atender primeiro ou não? Só porque esse senhor aqui é Juiz, o senhor vai atender ele primeiro? Piscou para mim e continuou: - Viu seu coiso, ele foi um grande Juiz. Mas já está aposentado. Não vale mais nada, entendeu? E eu pensei cá comigo. É o Dr. Roberto Jacob Chaib. O Chaib de sempre. Bem com a vida e com o mesmo senso de humor. Saúde para você Dr. Roberto Jacob Chaib. Bom reencontrá-lo."

Até amanhã.